Mulher de guarda municipal morto em Foz do Iguaçu presta depoimento; confira detalhes
A mulher de Marcelo Aloizio de Arruda, guarda municipal assassinado em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, prestou depoimento à Polícia Civil na tarde deste terça-feira (12). Pamela Suellen Silva contou que, para relembrar todos os fatos, precisou assistir às imagens de câmera de segurança: “Eu vivi aquilo de novo, aquele momento”, afirmou.
O depoimento durou cerca de uma hora e meia. Em entrevista à equipe da RICtv, Pamela contou que ela e Marcelo não conheciam o suspeito, o agente penitenciário federal Jorge José da Rocha Guaranho, que foi baleado após atirar contra Arruda.
“Eu nem sei quem é ela, nem o Jorge, tanto que a gente foi saber quem era ele ali na porta do hospital. Até então, Marcelo tinha trocado tiro com um desconhecido. Esse conhecimento da pessoa foi posterior ao fato”,
afirmou a mulher.
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Antes da troca de tiros entre Jorge e Marcelo, Pamela aparece conversando com o agente penal, que estava no carro acompanhado da esposa e do filho.
“Não falei nada além do que já sabem, esses são os fatos. Teve trechos assim que realmente, na hora da euforia, do nervosismo, eu não me recordava”, disse a mulher da vítima.
O promotor de Justiça e coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em Foz do Iguaçu, Tiago Lisboa, revelou à RICtv que, até o momento, as investigações apontam que o agente penal e a família não eram convidados da festa e não conheciam Marcelo e Pamela.
Ainda segundo a mulher da vítima, o homicídio teve motivação política. “Espero que seja levantada toda informação e julgado da forma como o fato aconteceu. Eu acredito que a intenção foi política”, afirmou.
Esposa do agente também prestou depoimento
Na tarde desta terça, a esposa de Jorge Guaranho também prestou depoimento. Segundo Tiago Lisboa, ela disse que no dia do crime o marido tinha passado no local da festa para fazer uma ronda, atitude comum feita pelos membros da associação onde ocorria a festa, segundo ela.
Nota dos advogados da família de Marcelo Arruda
Em nota, os advogados da família do guarda municipal alegam que, além da vítima, Jorge colocou em risco a vida de dezenas de pessoas. Segundo o documento, Marcelo teve uma “atitude corajosa” ao repelir a agressão e evitou que mais pessoas fossem mortas.
“O clima de consternação nacional e internacional motivado pelo assassinato e suas circunstâncias – para além das responsabilidades das autoridades institucionalmente designadas para a investigação do caso – indica a necessidade de apuração profunda acerca das motivações de natureza subjetiva que levaram o assassino a agir de forma brutal. É necessário investigar a influência de terceiros, partícipes ou não, integrantes de grupos organizados ou não, que instigaram o assassino aagir de forma cruel contra Marcelo e as demais pessoas presentes, tendo como mote o ódio político. Na eventual incapacidade de investigação das instituições até então atribuídas por lei para tanto, é possível que seja necessária uma investigação internacional para apurar, até o fim, as responsabilidades de terceiros para com o assassinato e as motivações do assassino”,
diz a nota.
Estado de saúde de Jorge
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e a Polícia Civil do Paraná, Jorge Guaranho está sedado em assistência ventilatória mecânica, sem previsão de alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
O agente penitenciário foi transferido de hospital na noite de segunda-feira (11). Ele estava no Hospital Municipal de Foz do Iguaçu e foi levado para o Hospital Ministro Costa Cavalcanti, onde permanece internado em estado grave. A divulgação do estado de saúde do agente, para imprensa, foi bloqueada por familiares e apenas a SESP está sendo porta-voz. Não há informação sobre o motivo da transferência.
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O crime
Marcelo Aloizio de Arruda foi morto a tiros na própria festa de aniversário, na noite de sábado (9). Segundo o boletim de ocorrência da Polícia Militar, o guarda municipal comemorava seu aniversário com a temática do Partido dos Trabalhadores (PT) com amigos e familiares, em uma associação na Vila A. Durante a confraternização, Jorge José da Rocha Guaranho teria chegado ao local em um veículo Creta, acompanhado por uma mulher e uma criança.
Conforme o relato de testemunhas, o suspeito desceu do carro com uma arma na mão, gritou o nome de outro político e deixou o local. A festa continuou, no entanto, o suspeito teria retornado à associação, desta vez sozinho.
Ao perceber a presença de Guaranho, a companheira de Marcelo, que é policial civil, se identificou e, na sequência, Marcelo relatou que era guarda municipal. O policial penal não se intimidou e atirou contra o guarda, que também estava armado e revidou. Os dois homens foram baleados na discussão.
Socorristas do Siate foram acionados e prestaram atendimento às duas vítimas. Marcelo não resistiu aos ferimentos e morreu.