
“Eu sabia que minha existência iria causar algo no mundo, eu sabia que iria marcar meu lugar na história, eu apenas sentia”, disse Guilherme no Twitter
Os perfis do Twitter e Youtube de Guilherme Taucci Monteiro, um dos autores do ataque à escola Raul Brasil, em Suzano, mostram obsessão e exaltação por massacres, armas e mensagens de ódio, além do manifesto objetivo do jovem de cometer um ato que entrasse para a história.
Publicações feitas pelo assassino
O portal R7 encontrou e selecionou publicações feitas por Guilherme no período de fevereiro do ano passado até março deste ano, uma semana antes do crime.
Na conta do Twitter, as mensagens postadas pelo jovem evidenciam um desprezo pela raça humana e o desejo de realizar algo que chamasse a atenção das pessoas. “Eu não tenho ódio das pessoas, apenas digamos assim que eu não me importo com elas, não me importo de usá-las para chegar a um objetivo”, publicou ele.
Na conta, ele também escreveu que os seres humanos “não sabem admirar a magnetude (sic) da beleza da natureza, não conseguem ver que os humanos são um peso morto afundando tudo que há de bom e perfeito neste vasto universo”.
Desejo de realizar ato histórico
Outra publicação deixa claro o objetivo de Guilherme de realizar um ato histórico: “Desde pequeno, eu sabia que tinha algum destino deste tipo, eu sabia que minha existência iria causar algo no mundo, eu sabia que iria marcar meu lugar na história, eu apenas sentia, sentia que não iria conseguir segurar esta vontade latente dentro de mim pra sempre”.
Youtube do jovem
Apesar de ter apenas uma publicação — um treinamento com arco e flechas —, a conta de Guilherme no Youtube aparece nos comentários de diversos vídeos publicados por outros perfis. Estes, em geral, são relacionados a armas, brancas ou de fogo, e massacres.
Em um vídeo intitulado “5 TIROTEIOS EM MASSA MAIS VIOLENTOS DOS EUA (CENAS REAIS)”, ele comenta: “bom vídeo”.
Guilherme também demonstrava o interesse por locais de treinamentos em campo aberto para atiradores. Em um vídeo que mostra um caçador atingindo um perdigão, o jovem comentou: “Que lugar é esse que você está? Um campo afastado? Uma fazenda?”
Massacre de Columbine
Um outro vídeo — um documentário com detalhes do massacre de Columbine — chegou a ter uma discussão protagonizada por Guilherme e outros usuários.
Uma usuária afirmou que “se o Dylan (um dos autores do massacre de Columbine) não tivesse conhecido o Eric (outro autor), talvez muitas coisas teriam sido diferentes”. Na sequência, se iniciou a discussão entre o jovem de Suzano e outro usuário, que se estendeu por quase 20 comentários.
Terceiro suspeito
Um adolescente suspeito de envolvimento no ataque à Escola Estadual Professor Raul Brasil foi apreendido na manhã desta terça pela Polícia Civil. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o jovem era colega de classe do atirador e o ajudou na compra, pela internet, de equipamentos usados no crime, o que resultou na morte de oito pessoas.
Na última quarta-feira (13), dois ex-alunos, de 17 e 25 anos, entraram na escola encapuzados e armados e se mataram após a ação. O terceiro acusado, detido hoje, não participou efetivamente da execução, mas do planejamento que vinha sendo feito desde novembro, segundo a polícia.
Por ser menor de idade, o suspeito teve a apreensão requisitada à Justiça para posterior apresentação à Vara da Infância e Juventude. Ele foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) para realização do exame de corpo de delito antes de ser apresentado ao Fórum de Suzano.
O inquérito policial foi instaurado na Delegacia do Município de Suzano e tem apoio do setor de homicídios de Mogi das Cruzes. Foram ouvidas 31 testemunhas, que podem ser chamadas novamente para prestar depoimento ao longo das investigações.
Atiradores foram enterrados sem velório
De acordo com informações da Prefeitura de Suzano, não houve velórios para Guilherme e Luiz.
O corpo de Guilherme foi enterrado no cemitério São João Batista, conhecido como cemitério do Raffo, por volta das 13h24. Já o de Luiz foi enterrado no cemitério São Sebastião, às 12h30.
Os corpos de seis dos dez mortos foram velados na manhã desta quinta, na Arena Suzano, um ginásio próximo à escola onde ocorreu o massacre, diante de centenas de pessoas.
Objetos localizados com os atiradores
No boletim de ocorrência registrado no DP de Suzano, assinado pelo delegado Lourival Zacarias Noronha, há uma série de objetos listados que foram localizados ao lado dos corpos e em diligências realizadas nos endereços dos assassinos.
Entre os objetos estão: protetor auricular, embalagens de encomendas, caderno, lenço com o desenho de uma caveira, cupons fiscais referentes à compra de uma bandoleira, luvas half – especial para ações táticas militares – mochilas, coturnos militares, arco de flecha e diversos dardos.
Atiradores pediram ajuda no Dogolachan
De acordo com as apurações, os criminosos faziam parte do fórum mais extremistas da internet: o Dogolachan, que reúne de forma completamente anônima usuários que incentivam crimes e atitudes de ódio. Nas postagens é comum ver menções a pedofilia, nazismo, racismo e homofobia.
Lista de vítimas
Na tarde desta quarta-feira (13), uma coletiva de imprensa conduzida pela Polícia Civil (PC), divulgou o nome das dez vítimas do massacre, que incluem também os dois responsáveis pelo massacre.
Vídeo mostra pânico
No local, um vídeo gravado por uma testemunha mostra momento de pânico após o massacre.Nas imagens, alguns corpos são registrados, além de gritos e desespero por parte dos adolescentes.