O grande número de assaltos e arrombamentos contra caixas eletrônicos e agências bancárias tem causado preocupação aos trabalhadores e sua entidades representativas. A Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) pretendem encaminhar ao governo um pedido de audiência com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para discutir os ataques a bancos e medidas para melhorar a segurança dos clientes e funcionários nas instituições bancárias de todo o país.
“Queremos cobrar do governo, especialmente do ministro da Justiça, respostas para essa situação que, para nós, parece estar fugindo do controle”, afirmou o presidente da CNTV, José Boaventura Santos.
Uma pesquisa divulgada na última quinta (22) pelas duas confederações revela que, no primeiro semestre de 2013, houve 1.484 casos de arrombamento e assalto a banco em todo país, o que representa aumento de 17,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados são da 5ª Pesquisa Nacional de Ataques a Bancos e levam em conta notícias divulgadas na imprensa, estatísticas de secretarias de Segurança Pública e informações de sindicatos e federações de vigilantes e bancários. Por isso, as duas entidades entendem que pode ter havido mais ataques do que os apontados pela pesquisa, pois há dificuldade para levantar informações em vários estados e porque muitos casos não são noticiados.
Do total de ocorrências, 431 foram assaltos, consumados ou não, e 1.053, arrombamentos de agências, postos de atendimento e caixas eletrônicos. Pesquisa divulgada anteriormente pelas duas entidades apontou que 30 pessoas morreram em assaltos a bancos no primeiro semestre deste ano em todo o país, aumento de 11,1% em comparação com o mesmo período de 2012. Entre as vítimas, 21 eram clientes do banco, quatro eram vigilantes, uma era policial, uma era bancário e as demais não foram identificadas. A maior parte das mortes (18) ocorreu nas chamadas saidinhas de banco, ou seja, logo após o cliente deixar a agência. Uma cópia das duas pesquisas foi, foi encaminhada ao ministro da Justiça.
Para as confederações, os bancos brasileiros investem muito pouco em segurança no país. Segundo a pesquisa, este ano, os seis maiores bancos do país lucraram R$ 29,6 bilhões no primeiro semestre, mas só investiram R$ 1,6 bilhão em despesas com segurança e vigilância. “Estamos muito preocupados com a economia que os bancos vêm fazendo na área de segurança para que possam conquistar ainda mais lucros”, disse o presidente da Contraf, Carlos Cordeiro. “Os assaltos e ataques que estamos vendo é porque não tem nenhum item de segurança eficiente”, afirmou.
O diretor da Contraf e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr, disse que as confederações também pretendem pedir uma atualização da Lei 7.102, de 1983. Por meio dessa lei, os bancos são obrigados a submeter à Polícia Federal um plano de segurança para que possam funcionar. Esse plano é elaborado por equipes técnicas e profissionais, que analisam todas as características de cada ponto de atendimento. “Queremos atualizar a lei federal para que traga avanços e possamos combater esses assaltos”, ressaltou Wiederkehr.
Entre as propostas que serão encaminhadas pelas entidades aos bancos para melhorar a segurança nas agências e postos de atendimento estão a instalação de vidros blindados nas fachadas e de câmeras de vídeo em todos os espaços de circulação de clientes, além das calçadas e áreas de estacionamento, colocação de biombos ou tapumes entre a fila de espera e a bateria de caixas para impedir a visualização das operações que estão sendo feitas pelos clientes e divisórias individualizadas entre os caixas.