Câmeras de segurança registraram uma tentativa de homicídio brutal no bairro Tatuquara, em Curitiba, durante a madrugada desta segunda-feira (30). Nas imagens chocantes, é possível ver a vítima sendo agredida com uma barra de ferro por três homens, enquanto grita de dor e pede que o ataque pare. (Assista abaixo)
Apesar do barulho, apenas uma mulher sai para ajudar, mas moradores da região explicam que não é falta de sensibilidade, mas sim a necessidade de preservar a própria vida e a de familiares. Isso porque, segundo eles, o bairro vive um regime de violência sob o comando de muitos criminosos.
Com medo de represálias, os poucos que aceitaram conversar com a equipe da RIC Record TV, preferiram não mostrar o rosto. “Nós acordamos de madrugada com gritos de socorro: ‘Pare, por favor. Pare, por favor’. Os caras estavam com uma barra de ferro agredindo o cidadão. Segundo os agressores, era porque ele tinha roubado uma mercearia e eles estavam cumprindo a lei deles, porque era eles que iriam julgar esse rapaz pelo furto que ele tinha feito. Em seguida, colocaram o rapaz em um carro e o levaram embora. Eu não sei quem é, não sei quem foi”, conta o homem sobre o caso.
Ainda conforme a testemunha, os agressores afirmaram que iriam matar o rapaz de qualquer forma, no meio da rua ou em outro lugar. O homem explica que a vila, como costumam chamar o bairro, é regida por uma lei própria, ditada por bandidos e traficantes de drogas. “Eles não aceitam roubar aqui na vila, principalmente, se for um cara de fora. Se for daqui, eles ainda dão uma surra, explicam a lei e o piá fica pianinho. Mas se for de fora, geralmente, eles dão um cabo”, completa.
Outra moradora, que também não quer se identificar, explica que muitos dos moradores sabem dos episódios de violência e até quem são os envolvidos. No entanto, ninguém faz denúncias porque são pessoas que podem se voltar contra os denunciantes em algum momento. “Ninguém tem coragem porque geralmente o que acontece aqui é o próprio pessoal daqui. Que tem gangue rival e tá vendendo droga na área do outro. Então, isso a gente sabe que acontece e ninguém vai entregar o pessoal daqui porque a gente mora aqui, né!? Saber às vezes quem faz as coisas, mas não fala porque são pessoas que passam pela frente da nossa casa todo dia”, diz.
Uma terceira testemunha conta que vive no bairro Tatuquara há dois anos e sempre se sente inseguro, principalmente, porque os criminosos parecem ser mais atuantes que os policiais.
“A gente está inseguro, está tendo muita violência, muito furto, as pessoas reclamam muito. Eu já falei uma vez para ter mais segurança no bairro e parece que não foi ouvido. Quando você precisa ligar para a polícia, eles não tomam providência. Sempre que você liga, espera cinco minutos, dez e depois de duas horas, eles retornam perguntando se o caso já parou. Claro que já parou, né. No caso de flagrante, eles não vão ficar duas esperando a polícia chegar. Eles alegam que não tem viatura suficiente no bairro. A polícia sempre fala que não tem”,
A certeza de impunidade é tanta, que no último sábado (28), por volta das 20h, dois jovens tentaram matar um cachorro a tiros no meio da rua, mesmo sabendo que estavam sendo filmados. De acordo com o delegado Matheus Laiola, da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente, os criminosos estavam frustrados porque o animal havia impedido um assalto.
“Momentos antes, essa dupla tentou assaltar uma pessoa e o cachorro comunitário ali, meio que avançou na dupla. A potencial vítima nem conhecia o cachorro e saiu correndo. Mas um dos assaltantes querendo revidar a frustração no assalto, sacou a arma e atirou. Graças a Deus, a arma falhou e o cachorro se encontra vivo”,
explica o delegado.
O que diz PM
Em nota, o 13º Batalhão de Polícia Militar, responsável pelo policiamento na região Sul da capital, incluindo o bairro Tatuquara, informou que “está aplicando o policiamento preventivo e ostensivo com base na análise criminal, intensificando ações nos pontos mais sensíveis” e apontou ainda o recém-criado Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque) também tem feito patrulhamento ostensivo e preventivo no bairro. Veja na íntegra:
“O 13º Batalhão de Polícia Militar é responsável pelo policiamento na região Sul da capital, incluindo o bairro Tatuquara, e está aplicando o policiamento preventivo e ostensivo com base na análise criminal, intensificando ações nos pontos mais sensíveis.
A Ação Integrada de Fiscalização Urbana (AIFU) também faz um trabalho preventivo aos finais de semana nesta região, para verificar o cumprimento das medidas sanitárias. O recém-criado Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque) também tem feito patrulhamento ostensivo e preventivo, em apoio ao trabalho já desenvolvido pelo 13º Batalhão.
A PM conta com o apoio dos moradores, para que façam denúncias e colaborem com a segurança pública. O registro do Boletim de Ocorrência também é importante, pois é com base nos boletins que a PM readequa o policiamento para atender melhor a população.”