"Beleza" na mira da polícia: organização criminosa importava produtos estéticos sem registro da Anvisa
Uma organização criminosa que atuava há pelo menos quatro anos na região de Foz do Iguaçu foi alvo da Operação “Astarte” (referência à deusa da beleza na mitologia cananéia, que se chama “Astarte”) realizada pela Polícia Federal e Receita Federal durante esta quarta-feira (28). Os envolvidos importavam produtos utilizados em procedimentos estéticos sem registro da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e enviavam por meio dos Correios para vários profissionais de saúde de todo o território brasileiro.
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Foram identificados durante a investigação mais de uma centena de profissionais (dentistas, esteticistas, farmacêuticos, biomédicos, empresários, etc.), residentes em todas as regiões do Brasil, fizeram o uso dos produtos, dentre eles toxina botulínica, fios de sustentação e ácido hialurônico, em seus pacientes.
A toxina botulínica e o ácido hialurônico são utilizados para amenizar linhas de expressão e rugas profundas, já os fios de sustentação são colocados para levantar a pele caída por conta do envelhecimento, utilizado para melhorar o contorno facial.
Ao todo foram cumpridos na manhã desta quarta-feira seis mandados de busca e apreensão, oito mandados de afastamento de sigilo bancário e fiscal, cinco ordens judiciais que determinaram o comparecimento mensal em juízo e 11 ordens de bloqueios de ativos financeiros, que ultrapassam R$ 500 mil.
Durante as buscas, cerca de R$ 80 mil em espécie e quase 5 mil em dólares foram apreendidos . Uma moto e um carro, de alto valor de mercado, também foram levados para delegacia. O próximo passo da investigação é identificar todas as pessoas envolvidos.
Facilidade de envio
A investigação apontou que as mercadorias eram importadas do Paraguai, chegavam na cidade de Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná, eram catalogadas e na sequência enviadas aos destinatários.
Uma funcionária dos Correios, era responsável pelo envio da mercadoria sem fazer a conferência, com a declaração de conteúdo. A mulher era procurada pelos criminosos na agência, quando o despacho de mercadoria era realizado, facilitando assim o envio. Segundo a polícia, a funcionária tinha total conhecimento do esquema, inclusive era amiga dos envolvidos e manuseava dinheiro do esquema.
Para encaminhar as correspondências, dados falsos eram utilizados pelo grupo. Os investigados poderão responder pela prática dos crimes de organização criminosa, falsificação de produto destinado a fins medicinais, sonegação fiscal, além de corrupção ativa e passiva.