Ivanice visitou a família pela última vez há dez anos (Foto: Arquivo Pessoal)

Jovem morava em Portugal há 17 anos e visitou a família pela última vez em 2007

Ivanice Carvalho da Costa, de 36 anos, morta por engano pela polícia de Lisboa, em Portugal, na madrugada de quarta-feira (15), era paranaense de Amaporã, na região noroeste do Paraná.

Filha mais velha de um casal de agricultores, Ivanice deixou o Brasil aos 18 anos, logo depois de concluir o ensino médio. Ela foi buscar melhores condições em Portugal, onde morou com uma tia até se mudar com o namorado sueco há cerca de seis anos.

A mulher trabalhava como garçonete em um restaurante no aeroporto de Lisboa e estava a caminho do trabalho quando foi baleada pela PSP (Polícia de Segurança Pública portuguesa), por volta das 3h35 da manhã de quarta-feira (1h35 no horário de Brasília).

Ivanice estava no banco do passageiro, e seu namorado Nuno, de nacionalidade sueca, dirigia o Megane preto. O carro foi atingido por cerca de 20 tiros no bairro de Encarnação, no extremo nordeste de Lisboa.

De acordo com Iasmin Costa, uma das irmãs da vítima, a família soube da morte por meio de uma amiga. “A minha tia que mora em Portugal telefonou para uma amiga nossa e pediu pra ela dar a notícia pessoalmente. Não dá pra acreditar. Estamos em estado de choque”, disse a jovem.

Ivanice visitou a família pela última vez em 2007, quando passou quase um mês de férias em Amaporã. “Ela estava pedindo para os meus pais irem visitar ela em Portugal. Eles estavam planejando ir, mas ainda não sabiam quando, porque nunca viajaram de avião”, contou Iasmin.

A irmã caçula também afirmou que a família ainda não foi contactada por nenhuma autoridade brasileira.

O caso ganhou repercussão na mídia portugesa, já que esta foi a primeira morte de um civil registrada em ‘cofronto’ com forças policiais do país em 2017. Em 2016 não houve nenhum registro dessa natureza.

Em nota oficial, a polícia portuguesa afirmou que os agentes estavam à procura de assaltantes que haviam furtado um caixa eletrônico em Almada, na região de Lisboa, e o veículo de Ivanice teria sido confundido com o automóvel usado pelos criminosos.

De acordo com o texto, o carro em que a vítima estava parecia “corresponder às características da viatura suspeita”. A nota diz ainda que o motorista “desobedeceu à ordem de paragem” e que foi detido por “condução sem habilitação legal, desobediência ao sinal de paragem e condução perigosa”.

A Embaixada do Brasil em Lisboa emitiu nota lamentando o ocorrido:

“Tomou-se conhecimento, hoje, 16 de novembro, de que a pessoa morta em ação policial durante a madrugada de ontem, em Lisboa, era nacional brasileira. A Embaixada lamenta profundamente o ocorrido.

A família da vítima já entrou em contato com o Consulado-Geral do Brasil em Lisboa, que prestará o apoio cabível.

A Embaixada acompanha atentamente o caso e aguarda novas informações a respeito do inquérito com vistas a determinar o curso de ação a ser tomado.”

O itamaray também se manifestou sobre o casso em nota. Confira a íntegra:

“A Embaixada e o Consulado-Geral do Brasil em Lisboa tomaram conhecimento, na manhã de hoje, 16 de novembro, do falecimento de nacional brasileira em ação da polícia portuguesa, durante a madrugada de ontem, em Lisboa.

Desde então, as autoridades consulares brasileiras têm mantido contato com a família da cidadã, para prestar assistência. Recebida na manhã de hoje no Consulado do Brasil, a família informou que já conta com advogado constituído.

A Embaixada e o Consulado em Lisboa seguirão em contato com a família e com as autoridades portuguesas, na expectativa de novas informações, no âmbito do inquérito realizado pela polícia.

Em razão do sigilo da investigação policial em curso pelas autoridades portuguesas, e em respeito à privacidade da cidadã brasileira, não são fornecidas informações de cunho pessoal.”

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