Campanha insere os participantes através de um vídeo em 360º, realizado dentro de uma cela. (Foto: Reprodução Youtube)

O objetivo é conscientizar a população sobre a falta de julgamento de presos e a superlotação das celas

A Rede Justiça Criminal, em parceria com a agência de publicidade J. Walter Thompson Brasil, criou uma campanha para mostrar e discutir a questão do encarceramento em massa no Brasil.

Em uma cela simulada, montada no coração de São Paulo, na Avenida Paulista, as pessoas participam de algo que o projeto chama de Realidade Visceral. Um óculos de realidade virtual é acoplado no espectador, que então assiste a um vídeo gravado em 360º no interior de uma cela. O espectador, assim, é inserido na realidade dos encarcerados.

No vídeo da campanha na rua, que pode ser conferido abaixo, um dos ex-detentos participa da ação.

A intenção é conscientizar a população sobre o problema social que o encarceramento em massa representa para a sociedade. 

Emerson Ferreira, que dividiu uma cela de 3x3m³ com outros presos por 4 anos e meio, ganhou a liberdade em 2012 e topou participar do projeto, sendo o personagem principal. Outros presos também aceitaram participar e deixaram seus depoimentos sobre a situação que muitos detentos enfrentam no sistema penitenciário diariamente.

À espera do julgamento

Claro que é comum o argumento de que presídios não são lugares para “mordomias”, mas alguns dados citados pela campanha mostram que há pessoas com históricos bem diferentes sendo reunidas nas cadeias. Quatro em cada dez presos, por exemplo, nunca foram julgados, o que equivale a cerca de 250 mil pessoas nas cadeias aguardando uma decisão sobre o que fizeram e o seu futuro (no total, no país, os presos somam pouco mais de 620 mil). 

Dos encarcerados, 45% cometeram crimes sem violência e 80% são réus primários, ou seja, não tinham antecedentes criminais. A prisão também reflete a desigualdade econômica fora dela: 62% dos presos são negros. 

Mas os homens não são os únicos que fazem parte do problema: o encarceramento feminino cresceu 567% nos últimos 15 anos. 

Confira o vídeo do projeto:

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