
O empresário Nuzman foi preso em casa, no Rio de Janeiro, nesta quinta (5); ele é acusado de intermediar a compra de votos nas Olimpíadas 2016
*Do R7 e Agência Brasil
O presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Carlos Nuzman, já está na sede da Polícia Federal, região central do Rio de Janeiro. O empresário chegou por volta das 9h e deve ser levado para o Presídio de Benfica, zona norte da cidade, após prestar depoimento.
Ele foi preso em casa na manhã desta quinta-feira (5), no Leblon, zona sul da cidade. O empresário, que também foi presidente do Comitê Rio 2016, é investigado por intermediar a compra de votos para a escolha do Rio como sede das Olimpíadas. Além de Nuzman, os agentes federais também prenderam Leonardo Gryner, diretor do COB e braço direito do empresário.
De acordo com os procuradores da Força-Tarefa, “Carlos Nuzman e Leonardo Gryner foram os agentes responsáveis por unir pontas interessadas, fazer os contatos e azeitar as relações para organizar o mecanismo do repasse de propinas de Sérgio Cabral diretamente a membros africanos do COI (Comitê Olímpico Internacional), o que foi efetivamente feito por meio de Arthur Soares (o “Rei Arthur”).
Há exatamente um mês, o empresário foi conduzido à sede da PF para prestar esclarecimentos sobre o caso. Na ocasião, mandados de busca e apreensão também foram cumpridos nas propriedades de Nuzman, além do bloqueio de R$ 1 milhão determinado pela Justiça.
Operação Unfair Play
As prisões são fruto da operação Unfair Play, um dos desdobramentos da Lava Jato no Rio. A operação foi resultado do trabalho conjunto de cooperação internacional entre os órgãos do Brasil, da França, da Antígua e Barbuda, dos Estados Unidos e do Reino Unido.
Para os procuradores, as investigações avançaram de maneira significativa desde a deflagração da Operação Unfair Play, no início de setembro, “tendo sido colhidos elementos que comprovam, de maneira irrefutável, como se deu a operacionalização dos pagamentos e indicam para a atuação de outros atores até então desconhecidos”.
Investigações
De acordo com o Ministério Público Federal, a prisão temporária de Nuzman e Gryner é importante para permitir que o patrimônio seja bloqueado e para impedir que ambos continuem atuando, seja criminosamente, seja na interferência da produção probatória.
Além dos mandados de prisão, foram cumpridos mandatos de busca e apreensão nas casas e empresas de Nuzman e Gryner e a quebra de sigilo telemático.
Segundo o MPF, nos últimos 10 dos 22 anos de presidência do COB, Nuzman ampliou seu patrimônio em 457%, sem indicação clara de seus rendimentos, além de manter parte de seu patrimônio oculto na Suíça.
Documentos e provas revelam que uma organização criminosa comandada pelo ex-governador Sérgio Cabral comprou o voto do presidente da Federação Internacional de Atletismo, o senegalês Lamine Diack, por US$ 2 milhões.
O pagamento pelos votos veio da empresa Matlock Capital Group, do empresário Arthur Soares, conhecido como Rei Arthur, que teria repassado a propina que pagaria a Sérgio Cabral diretamente para o senegalês, em troca dos votos pela escolha da cidade-sede das Olimpíadas de 2016.
Nuzman e Gryner, considerado braço direito do presidente do COB, foram, segundo o MPF, figuras centrais no esquema, já que teriam sido os agentes responsáveis por unir pontas interessadas, fazer os contatos e azeitar as relações para organizar o mecanismo do repasse de propinas de Sérgio Cabral diretamente a membros africanos do COI. Eles serão indiciados por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Repercussão Mundial
Em razão das proporções mundiais do fato, o MPF requer, ainda, pelos danos morais causados, o bloqueio do patrimônio de Nuzman e Gryner em até R$ 1 bilhão.
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