Andriely foi encontrada morta um mês após o seu desaparecimento. (Foto: Reprodução/RICTV)

O principal suspeito pelo assassinato de Andriely Gonçalves da Silva é o policial militar e ex-marido da jovem, Diogo Coelho

Na tarde desta quarta-feira (3), ocorreu em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, a segunda audiência sobre o assassinato de Andriely Gonçalves da Silva, de 22 anos, encontrada morta em junho deste ano. Diogo Coelho, ex-marido da jovem, é o único suspeito de cometer o crime e está preso desde o dia 19 de maio. Ele nega. 

Nas audiências de instrução processual, fase de produção de provas, serão ouvidas aproximadamente 36 testemunhas, destas 16 são de acusação e 18 de defesa. Nesta quarta, 15 pessoas deram seu testemunho, uma delas faltou. Segundo uma assistente de acusação do Ministério Público do Paraná (MP-PR), a próxima audiência está marcada para o dia 10 de outubro quando serão ouvidas as testemunhas de defesa. No entanto, antes disso a juíza responsável deverá ouvir o depoente de acusação que não compareceu.

Entre os testemunhos de defesa do policial militar acusado de matar a ex-mulher estão outros PM’s colegas de Diogo no 22º Batalhão da Polícia Militar, policiais civis e testemunhas de acusação que também serão interrogadas pela defesa.

A previsão é de que Diogo seja interrogado no dia 20 de outubro. Ele permanece preso no Complexo Médico Penal de Pinhais, também na Região Metropolitana de Curitiba.

Relembre a morte de  Andriely Gonçalves da Silva

Andriely foi vista pela última vez na madrugada do dia 9 de maio. Na ocasião, estava sozinha em seu apartamento, em Colombo, e conversava por chamada de vídeo com um amigo quando fez uma cara de pânico e a chamada caiu. Pouco tempo antes, ela teria dito que acreditava que alguém havia entrado no local, já que a porta estava destrancada.

O ex-marido da jovem passou a ser considerado o principal suspeito depois que investigadores tiveram acesso a imagens de câmeras de segurança, que registraram o casal deixando o prédio por volta das 3 horas da madrugada. Por isso, acredita-se que quem teria invadido o apartamento seria o próprio Diogo que já não vivia no local, mas ainda possuía as chaves da porta.

Diogo e Andriely deixaram juntos o apartamento (Foto: Reprodução/Câmeras de Segurança)

Na quinta-feira (10), o policial foi visto voltando sozinho à residência e ainda na mesma semana do sumiço da ex-esposa, Diogo foi internado no Hospital Militar com problemas psicológicos, de onde saiu no dia 19 de maio direto para a prisão.

No dia 1º de junho, Cleusa Gonçalves, mãe de Andriely, esteve no Batalhão da Polícia Militar onde Digo ficou detido temporariamente. Durante a visita, o acusado abraçou a mulher e começou a chorar. “Perguntei pra ele da Andriely, ele disse que também não sabia. E eu disse, que sabia sim. Ele foi a única pessoa que saiu com ela, eu vi nas câmeras”, contou Cleusa.

Abalada, na época, a mãe deu detalhes da conversa entre os dois à RICTV Curitiba| Record PR, e de como ele afirmava ter deixado a ex-mulher em uma rodovia. “Eu saí com ela, mas estava levando ela pra sua casa. Ela disse que não queria ir pra lá, que queria ir pra São Paulo. Eu deixei ela em uma BR”, teria dito Diogo. Em seguida, Cleusa questionou o que o levou a deixar a menina em um lugar perigoso, sozinha e longe da cidade. “Ele disse que errou. Chorava bastante”.

Ele também teria afirmado que Andriely se jogou do carro em movimento. No entanto, o momento mais marcante do encontro foi quando falou que a ex-sogra que iria sim encontrar a filha, mas não mais com o sorriso e rosto lindo de antes.

O corpo de Andriely foi localizado na noite de 8 de junho em uma mata lateral à Estrada da Graciosa, entre Curitiba e Morretes, no litoral do Paraná, em elevado estado de decomposição. A confirmação de que se tratava mesmo da jovem desaparecida foi feita após o reconhecimento da arcada dentária.

O policial e a estudante de direito foram casados por quatro anos e há seis meses estavam separados. Eles não chegaram a oficializar o relacionamento, mas viveram no mesmo apartamento até o início do ano. Segundo pessoas próximas, o ex-companheiro estaria tentando reatar o relacionamento quando o desaparecimento aconteceu.

Denúncia do MP-PR

De acordo com a denúncia feita pelo Ministério Público, Diogo assassinou Andriely por não aceitar o fim do relacionamento entre os dois e o envolvimento da ex-esposa com outro homem. Ainda segundo o documento, ele teria asfixiado ela com um saco plástico para então descartar o corpo em uma mata adjacente à Estrada da Graciosa.

Outro lado

A defesa sempre negou que Diogo matou Andriely. Em junho, o advogado Luiz Eduardo Goldman, que representava o acusado então, concedeu entrevista afirmando que o policial foi até o apartamento e a levou até um endereço no mesmo bairro. “Eles conversaram, ela confessou a ele que realmente tinha um outro relacionamento, que estava interessaram em ir embora para São Paulo e que não queria mais manter o casamento com ele. […] Ela pediu para sair do apartamento e ser deixada num lugar ali perto de onde eles viviam em Colombo, para que outra pessoa pudesse buscá-la e levá-la para o caminho dela. É isso que ele sabe. Ele não sabe de mais nada”, afirmo Goldman à ocasião. Sobre os ferimentos que o jovem apresentava, o advogado alegou que foram provocados ao fazer a barba e durante uma ocorrência no trabalho.

Na audiência de custódia, que durou cerca de 15 minutos, ao ser questionado pela juíza, Diogo Coelho foi enfático: “não sei onde está essa moça”. O corpo ainda não havia sido encontrado. 

Diogo escondeu o rosto a caminho da audiência de custódia. (Foto: Reprodução/RICTV)
Assista ao vídeo sobre a audiência do Caso Andriely:

Daniel Santos, repórter da RICTV Curitiba, falou sobre o assunto.