O juiz substituto Rubens dos Santos Junior autorizou a reconstituição do crime que vitimou Layane Czervinski, de 19 anos, ocorrido em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba, na madrugada de 19 de janeiro deste ano. 

A decisão atende a um pedido feito pela defesa do assassino confesso Miguel Angelo Duarte, de 24 anos, que, segundo o juiz, alegou a necessidade de preencher algumas lacunas na investigação. 

“Ele, em momento algum, assume que tenha desferido golpes nela, e nas fotos que fazem parte do inquérito, ela está com a face machucada; as roupas dela estão fora do corpo, ele narrou que deixou ela com as vestes próxima ao joelho. Toda essa dinâmica dos fatos, a reconstituição será capaz de apurar”, justificou o advogado de defesa José Valdeci de Paula.

O despacho foi feito nesta quarta-feira (29), mas a data para a reconstituição ainda não foi marcada. 

Para Mark Stanley, assistente de acusação no processo, a solicitação é “mais uma manobra ardilosa, no intuito de levantar uma cortina de fumaça no caso”. O advogado pontua que a defesa do suspeito tenta imputar a mais pessoas a autoria do crime, e também ressalta que mesmo sendo comprovada a participação de um terceiro envolvido, o fato não deverá “diminuir a culpa ou responsabilidade do acusado”, mas sim irá comprovar que “a vítima em menor número, não teve qualquer chance de defesa”. 

Homem casado confessa o crime

Miguel está preso desde o dia 21 de janeiro, data em que a Polícia Civil teve acesso a mensagens trocadas por ele e a vítima em uma rede social. Na conversa, os dois marcavam um encontro nas proximidades do local onde o corpo de Layane foi encontrado.

Ele confessou o crime da Delegacia da Mulher e do Adolescente, mas em dois depoimentos prestados, nos dias 21 e 23, apresentou versões contraditória do que aconteceu e negou a participação de outro homem no crime. Ele também sustenta a versão de que não agrediu e não tentou estuprar Layane, além de ter declaro que matou a vítima em legítima defesa quando aplicou um golpe mata-leão porque ela teria ‘surtado’ ao usar drogas.

Novo depoimento coloca 3º envolvido na cena do crime

No entanto, no dia 24 de janeiro, o depoimento de uma terceira testemunha, que não pode ser identificada, contrapôs Miguel. Conforme as novas informações, Layne estava com dois rapazes quando foi morta e desde o princípio a intenção de Miguel era manter relações sexuais com a vítima, porém, diante da negativa da jovem, eles tentaram estuprá-la.

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AS ROUPAS DA LAYANE FORAM ENCONTRADAS A CERCA DE 10 METROS DE DISTÂNCIA DO CORPO. (FOTO: COLABORAÇÃO)

Segundo a testemunha, que diz ter ouvido a verdadeira história do próprio assassino confesso, Miguel, Layane e o outro homem usavam drogas em uma quadra de esporte e, na sequência, os dois levaram a jovem a força até mata onde ela foi localizada morta. Lá, enquanto Miguel aplicou um golpe mata-leão que deixou a jovem desacordada, o comparsa passou arrancar as roupas da vítima, com o objetivo de juntos abusarem sexualmente dela. Contudo, nenhum deles conseguiu “consumar o ato sexual com penetração, pois não conseguiram ter ereção”, devido ao uso de cocaína e bebidas alcoólicas.

Após a frustração, o outro envolvido teria saído para buscar gasolina que seria usada para atear fogo no corpo da vítima, enquanto Miguel permaneceu na mata preparando uma fogueira. Certo tempo depois, como o rapaz não retornou, Miguel colocou Layane na fogueira, esperou mais um pouco e foi embora.

Outras testemunhas também afirmam que Miguel e Layane não estava sozinhos na quadra de futebol. Um delas chegou a dar as característica do suspeito como sendo um rapaz de aproximadamente 1,70 m, que usava calça jeans, camiseta e era um pouco “gordinho”. As características batem com um homem que foi filmado, por câmeras de segurança, andando cambaleando nas ruas próximas ao local onde a garota foi morta por volta das 3h20 da manhã. Até o momento, ele não foi identificado.

O crime

A jovem não foi mais vista desde a noite de sábado (18) e seu corpo foi localizado no início da manhã de segunda-feira (20). em uma área de mata no bairro Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba.

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FOTO: REPRODUÇÃO/FACEBOOK LAYANE CZERVINSKI

Segundo a Polícia Militar, quando foi encontrada, Layane vestia apenas um sutiã, apresentava várias queimaduras, principalmente na barriga e nos braços e tinha a vários ferimentos na cabeça. “As roupas estavam longe do corpo, tinha um óculos de grau de cor rosa, uma corrente também e o corpo estava seminu, a uma distância de mais ou menos uns 10 metros do local onde estavam essas roupas”, contou o tenente Reginaldo Cason, da Polícia Militar.

Os resultados de cinco laudos, esperados pela polícia, irão comprovar se Layane sofreu violência sexual e indicar a causa mortis