A equipe de investigação da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) ouviu nesta segunda-feira (9) as primeiras quatro testemunhas sobre a morte da escrivã Maritza Guimarães de Souza e sua filha Ana Carolina de Souza. Neste primeiro dia, duas irmãs da policial civil prestaram depoimentos e as outras duas pessoas que conversaram na sede serão mantidas em sigilo.
Após prestar depoimento, uma das irmãs de Maritza conversou com a imprensa do lado de fora da DHPP, acompanhada da advogada da família. Bastante emocionada, a mulher pediu por justiça. “Ele tem que pagar pelo que ele fez”, contou Karolina Machado.
Irmã comenta como era relação do casal
“Mais ou menos um ano eles tinham separação de corpos, eles viviam em relacionamento para com as meninas […] No caso, ela tinha a vida dela, fazia as coisas dela, e ele fazia as dele. Mas eles mantinham relacionamento para o bem estar das meninas”, contou a irmã de Maritza.
Ainda segundo Karolina, o delegado Erick Busetti, que está preso como principal suspeito pela autoria dos crimes, nunca demonstrou sinais de agressividade. “Nem ela (Maritza) e nem a Ana nunca reclamaram que ele era agressivo, que ele tinha comportamento perigoso ou que ele poderia algum dia fazer uma coisa dessas”, declarou.
A advogada da família, Louise Mattar Assad, também conversou com a imprensa. De acordo com a representante “Nada justifica nove tiros em uma mulher com a filha abraçada”.
Investigação aguarda laudos
Segundo a investigação, os depoimentos dos pais do delegado Erick Busetti também estavam agendados para hoje (9), entretanto, foram cancelados. Ainda nesta semana aproximadamente mais oito pessoas prestarão depoimentos.
Além disso, a DHPP aguarda o resultado de laudos feitos no local do crime, na pistola do suspeito, imagens do circuito interno de câmeras, informações dos aparelhos celulares, que podem gerar elementos de prova.
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O crime
O delegado Busetti matou sua esposa e a enteada, na noite desta quarta-feira (4), dentro do sobrado onde viviam em de um condomínio no bairro Santa Cândida, em Curitiba.
No momento do crime, estavam em casa Maritza, uma filha do casal de 8 anos e Ana Carolina. De acordo com a polícia, a criança dormia e acordou quando ouviu os tiros. Momento em que Busetti foi até o quarto, pegou a filha e levou a menina até casa de vizinhos.
“Ouvi vários tiros, umas 23h45 da noite. Passou 5 minutos, o delegado saiu da casa dele com a filha já no colo. E aí começou a “bater nos vizinhos” [sic] pra deixar a filha dele menor. Ele já chegou e disse ‘fica com minha filha que eu fiz uma besteira’. Ele estava com a camisa toda rasgada, falou que entrou em luta corporal com ela, mas aí eu já não sei”, conta uma testemunha, que não quis se identificar.
Ele teria a intenção de tirar a própria vida, mas foi convencido a desistir pelos vizinhos. Na sequência, ele ligou para a polícia, confessou o crime e esperou pela chegada dos policiais. Em resposta ao ser perguntado sobre a motivação dos assassinatos, ele respondeu com frieza “vocês não têm ideia do que eu estava passando”.

O casal – que estava junto há pelo menos 10 anos– passava por um processo de separação. Moradores do condomínio declararam que o delegado aparentemente era uma boa pessoa e sempre conversava com todos. Ainda de acordo com algumas testemunhas, antes do crime, eles ouviram uma briga entre o delegado e a esposa.
Uma ambulância do Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate) chegou a ser chamada, mas quando chegou ao local, as vítimas já estavam mortas.