
A defesa alegou que o depoimento não podia ser colhido, pois, novos fatos teriam surgido e modificado alguns fatores
Após pedido da defesa, o depoimento do único acusado pelo assassinato da advogada Tatiane Spitzner, Luis Felipe Manvailer, foi adiado para 2019. Ele deveria ter sido interrogado, junto com outras 14 testemunhas -que estavam previstas para o segundo dia- no Fórum de Guarapuava, na região central do Paraná, nesta quinta-feira (13).
Depoimento de Luis Felipe Manvailer é adiado
O pedido de adiamento do interrogatório aconteceu após depoimento de dez testemunhas: três de acusação, quatro da defesa e três indicadas por ambas. A defesa do acusado também afirma que seu depoimento não pode ser colhido, pois nesta quinta-feira, novos fatos teriam surgido e modificado alguns fatores. Conforme o advogado Adriano Bretas o principal fator é que o corpo de Tatiane teria saído do IML, ido para a funerária e, posteriormente, voltado para o IML, o que colocou as provas do Ministério Público (MP-PR) em cheque.
“Isso precisa ser investigado porque isso foi varrido para debaixo do tapete, porque cargas d’água essa ida e vinda do corpo do IML para a funerária, da funerária para o IML não ficou devidamente registrado, devidamente consignado. Mais do que isso, a audiência de instrução e julgamento também deu conta de que Tatiane Spitzner fazia uso de medicamentos antidepressivos. Isso que foi a todo tempo pontuado pela defesa, desde o primeiro momento. Então, nós temos elementos novos, nós temos uma instrução que está revelando dados fáticos inéditos até então e que fazem com que a defesa tenha que apurar isso tudo, para que depois o Luis Felipe possa fazer o seu interrogatório. Lembrando que o interrogatório é um meio de autodefesa”, declarou Bretas.
Depoimento do pai de Tatiane Spitzner
O pai da jovem chorou muito enquanto contou como ajudou Luis Felipe e que, inclusive, arrumou um emprego para ele como professor em uma universidade depois que o casal voltou da Alemanha em dezembro de 2016. Jorge chegou a pedir desculpas aos membros do Ministério Público, aos quatro assistentes de acusação e aos advogados de defesa que estavam na sala por chorar copiosamente.
Entre suas declarações, ele afirmou que o comportamento do genro começou a mudar no início de 2018 e que Tatiane já havia manifestado o desejo de se separar por não aguentar mais. Jorge lembrou ainda que Luis Felipe humilhava e agredia a esposa verbalmente na frente de estranhos ou mesmo de familiares da jovem.
Manvailer assistiu do lado de fora depoimento de familiares
Jorge e sua filha Luana Spitzner, irmã de Tatiane, foram os primeiros a serem ouvidos, ainda pela manhã e falaram por cerca de três horas. A família da vítima solicitou que Manvailer não estivesse presente na sala de audiência. Por isso, ele ficou em uma dependência ao lado, onde, por um vidro fumê, conseguia visualizar e ouvir o que o ex-sogro e a ex-cunhada relataram.

Morte da advogada Tatiane, em Guarapuava
Tatiane, natural de Guarapuava, conheceu Luis Felipe durante uma viagem a Curitiba, em um jogo de rugby. Em aproximadamente três meses eles começaram a namorar e resolveram casar. Já casados, os dois seguiram para a Alemanha onde viveram por três anos e retornaram para Guarapuava no fim de 2016.
Ela foi encontrada morta dentro do apartamento do casal por policiais, na madrugada de 22 de julho deste ano, por volta das 3h. Além disso, imagens da câmera de segurança do prédio mostraram que Manvailer havia levando o corpo de Tatiane de volta para o apartamento após ela cair do quarto andar do prédio. Ao atender o chamado, policiais encontraram manchas de sangue na calçada e nos corredores do edifício.
Luis Felipe Manvailer foi apontado como principal suspeito da morte da esposa, e virou réu por homicídio qualificado – com quatro agravantes, entre eles, feminicídio -, por fraude processual e por cárcere privado.
Testemunhos colhidos pela Polícia Civil e que embasaram a acusação do MP-PR contra a Felipe, relatam que o casal vivia uma relação abusiva e que por inúmeras vezes Tatiane falou que gostaria de se separar do Manvailer.
Tatiane Spitzner foi morta por asfixia
O laudo do Instituto Médico Legal (IML) de Guarapuava comprovou que Tatiane Spitzner, foi morta por asfixia mecânica, provocada por esganadura e com sinais de crueldade. Conforme a denúncia do MP-PR, ele teria jogado a esposa do apartamento depois de esganá-la.
Apenas no término da audiência de custódia é que a juíza Paola Mancini, responsável pelo caso, irá determinar se o réu vai ou não para júri popular.
