O projeto do Governo do Paraná, que promove mudanças na ParanáPrevidência, foi votado na Assembléia Legislativa na tarde desta quarta-feira (29) e o clima do lado de fora da Casa foi de guerra. Cerca de 1.600 homens da Polícia Militar entraram em confronto com aproximadamente 20 mil manifestantes que protestavam contra o projeto, a grande maioria era de professores de rede estadual de ensino. O deputado Tadeu Veneri (PT) chegou a afirmar a morte de duas pessoas nos confrontos, mas a informação foi retirada em seguida. Nenhum órgão oficial confirmou a ocorrência de mortes.
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A sede da Prefeitura de Curitiba acabou se transformando em ponto de atendimento dos feridos (Veja a galeria de fotos acima com as imagens da Prefeitura). Segundo informações do SAMU, 160 pessoas foram atendidas e 63 feridos foram encaminhados para os Hospitais Cajuru e do Trabalhador e para as Unidades de Pronto Atendimento da Matriz e do Boa Vista. Um cinegrafista da CATVE foi atingido por uma bala de borracha e um cinegrafista da Band foi atacado por um pitbull dos policiais.
Entre os feridos, oito ficaram em estado grave, mas estão fora de perigo. De acordo com os socorristas, a maioria dos ferimentos foram causados por balas de borracha, bombas de gás lacrimogênio e mordidas de cães da PM. A Secretaria de Segurança Pública (Sesp) informou que 20 policiais militares ficaram feridos.
Uma decisão judicial determinou que apenas os presidentes de sindicatos dos servidores públicos do Paraná podem acompanhar a votação do projeto nas galerias do Plenário. Os protestos que acontecem no Centro Cívico, em Curitiba, onde ficam os prédios da Alep e do Governo do Estado, começaram na segunda-feira (27), junto com a nova greve dos professores. Na manhã de terça-feira (28) o confronto entre os manifestantes e a PM também teve violência. Uma repórter e um cinegrafista da RICTV Record foram diretamente atingidos por spray de pimenta.
As explosões das bombas de efeito moral, usadas pela PM para dispersar a multidão, podiam ser ouvidas a quilômetros de distância. Alguas escolas da região tiveram que dispensar os alunos, por causa dos efeitos do gás nas crianças. Mesmo diante do confronto, o presidente da Alep, o deputado Ademar Traiano (PSDB), não suspendeu a sessão que discute o projeto do governo.
Por meio do Facebook, a direção do Sindicato dos Professores do Paraná disse que os manifestantes estavam em frente ao prédio da prefeitura, fora do perímetro estabelecido pela polícia. Mais tarde, a App-Sindicato divulgou nota repudiando a ação da PM e dizendo que a data entra para a “história como uma data a se lamentar”. Para a categoria, “o Governo do Paraná ultrapassou todos os limites”.
O projeto de lei em votação na Alep foi encaminhado pelo Executivo para alterar a previdência dos servidores públicos estaduais. O Governo sugere retirar 33 mil aposentados com mais de 73 anos do Fundo Financeiro, sustentado pelo Tesouro estadual e que está deficitário, e transferi-los para o Fundo de Previdência do Paraná, pago pelos servidores e pelo governo, que está superavitário.
O Governo do Paraná enviou uma nota oficial no início da noite lamentando o que aconteceu em frente ao Palácio Iguaçu e atribuindo os “atos de confronto, agressão e vandalismo” a “manifestantes estranhos ao movimento dos servidores estaduais”. O texto diz ainda que “sete pessoas foram detidas por envolvimento direto nos ataques” e que a participação de pessoas ligadas ao movimento black-bloc está sendo investigada.
Na reportagem abaixo, exibida no RIC Notícias desta quarta-feira (29), você confere as imagens captadas no Centro Cívico durante os confrontos. Assista ao vídeo: