A Polícia Civil prendeu na última quarta-feira (4), em Guaíra, no oeste do Estado, oito suspeitos de fraudar emissão de cerca de 600 Carteiras Nacionais de Habilitação (CNH), desde 2003. Entre os presos estão o atual chefe da da 36.ª Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito), Marcos Rigolon, e Getúlio Benites Centurião, que esteve à frente da unidade por oito anos e atualmente é vereador da cidade.

Na quarta-feira, para atender às solicitações de documentos pela polícia, a Ciretran ficou fechada. Servidores de outras unidades do Estado já foram deslocados para a cidade e o atendimento aos usuários não será prejudicado. Nesta quinta-feira (5), a Ciretran funciona normalmente, das 8h às 14h.

Em 2012, o Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR) recebeu denúncias de facilitação no processo de primeira habilitação e do uso de comprovantes de residência falsificados para registro de veículos. Uma equipe da Coordenadoria de Investigação e Auditagem do órgão comprovou a denúncia e reuniu provas documentais, que foram encaminhadas à Polícia Civil.

Presos

A Operação Pague e Passe deteve também os servidores da Ciretran Luís Fernando Centurião, filho de Getúlio; e sua esposa Fabiana Bottega Argondizo Centurião. Rigolon, que chefiava a unidade, já foi exonerado.

A polícia deteve, suspeitos de participar do esquema os despachantes Lino José Pez e Dari Alfredo Heep; Sílvio Meireles, instrutor do Centro de Formação de Condutores (CFC) Paulinho e Daniel de Mello, diretor de ensino do mesmo centro. Além das prisões, foram apreendidos uma espingarda calibre 12, um revólver calibre 38 e munições de fuzil calibre 556 e de 38.

Paulo de Mello, proprietário do CFC Paulinho, e Vanessa Ramira Neves, funcionária do mesmo CFC, estão foragidos. “Está sendo estudada a possibilidade de cancelar cerca de 600 habilitações com supostas irregularidades”, contou o delegado Getúlio Vargas, responsável pela operação.

A investigação apurou que, de 2003 a 2013, cerca de 600 pessoas que obtiveram CNH em Guaíra declararam o mesmo endereço. Há suspeitas que digitais de silicone eram usadas para confirmar a presença dos candidatos nas aulas. Vargas contou que foram apreendidos, além de documentos, moldes de silicone com digitais e cerca de R$ 19 mil no CFC Paulinho e de R$ 14 mil no CFC Continental, onde há indícios de participação no esquema.

“Foram suspensos os credenciamentos das empresas CFC Paulinho, CFC Continental, Despachante Dari e Despachante Lino”, lembrou Vargas. Foram abertos 20 inquéritos policiais.