“Será um dia histórico para essa nação. Uma conquista para um país que precisa encarar os crimes de trânsito com a realidade que eles são”, disse a deputada
Depois de quase nove anos lutando pela chegada do julgamento de Fernando Ribas Carli Filho, a deputada federal pelo Partido da República (PR) Christiane Yared se emocionou durante os procedimentos. Ela que seria uma das testemunhas de acusação desistiu de falar ao júri e passou a assistir tudo da plateia.
Christiane chegou cedo no Tribunal do Júri, localizado no bairro Centro Cívico, de Curitiba, e deu uma declaração sobre a importância do dia de um julgamento tão esperado. “Será um dia histórico para essa nação. Uma conquista para um país que precisa encarar os crimes de trânsito com a realidade que eles são. É difícil, mas necessário, nós vamos aguardar o que a justiça tem a dizer sobre o assunto”, disse com a voz embargada enquanto era amparada pelo marido Gilmar Yared.
“A justiça demorou, mas agora está aí”, finalizou.
Pouco menos de uma hora depois, Christiane desistiu de fazer parte da acusação. Precisou sair de dentro do Tribunal para se acalmar e quando voltou sentou na primeira fila da plateia. Exatamente de frente para o acusado pela morte de seu filho e do amigo.
Luta de uma vida
Após o acidente que vitimou seu filho, Christiane, que até então era dona de uma confeitaria na capital do Paraná, tomou para si uma missão desafiadora. Ela resolveu lutar para que outras famílias não precisassem passar pelo seu sofrimento e fundou o Instituto Paz no Trânsito, voltado para ações educativas, conscientização e apoio a pessoas que perderam familiares no trânsito. Ela ajudou ainda a criar a campanha “190km/h é crime” que repercutiu em todo o país sobre o abuso da velocidade de veículos.
Eleita deputada federal pelo Paraná em 2015, ela tem lutado para que as leis de trânsito sejam mais rigorosas com motoristas que dirigem embriagados ou são responsáveis por acidentes.
“Para toda mãe, a necessidade da justiça é real. Ela tem que ser presente para toda mãe e para toda a família que enterra um filho. No trânsito principalmente que são mortes tão violentas”, disse a deputada em frente ao local onde o acusado pela morte de seu filho será julgado.
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O acidente
Em 2009, um acidente envolvendo Fernando Carli Filho, na época deputado estadual, deixou duas vítimas fatais: Gilmar Rafael Yared, 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, 20 anos.
Os dois jovens seguiam em um Honda Fit quando o Passat que o parlamentar dirigia decolou na Avenida Monsenhor Zanlorenzi, no bairro Mossunguê, em Curitiba, e caiu sobre o veículo dos dois. Eles morreram na hora. Ambos foram decapitados durante a colisão.
Laudos periciais feitos posteriormente apontaram que deputado dirigia em uma velocidade entre 161 km/h e 173 km/h. Para piorar sua situação, ele estava com a carteira de habilitação (CNH) cassada – 130 pontos e 30 multas, sendo 23 delas por excesso de velocidade – e alcoolizado.
Carli teve ferimentos graves e foi levado ao Hospital Evangélico de Curitiba e, posteriormente, foi transferido para São Paulo onde ficou internado por um mês. Ele precisou passar por uma cirurgia de reconstrução facial.
Assista ao vídeo em que Christiane Yared fala sobre o dia de hoje:
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