
Assessoria de imprensa do Governo do Paraná diz que policiais foram vítimas de uma “emboscada”. MST contesta.
Um confronto entre policiais Militares
e homens do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST) terminou com dois trabalhadores mortos e outros sete feridos na
tarde desta quinta-feira (07). O incidente aconteceu na cidade de Quedas do
Iguaçu, na região oeste do Paraná. De acordo com a Secretaria de Comunicação
Social do Governo do Estado, os policiais estavam indo ajudar a combater um
incêndio numa área conhecida como Fazendinha e foram “emboscados” pelos
integrantes do MST.
“Assim que o fogo começou, os policiais
da Rotam (Rondas Ostensivas Tático Móvel) e uma brigada de incêndio da empresa
Araupel foram até o local para combater as chamas. Mas antes de chegar até o
local da queimada, os policiais foram alvo de uma emboscada”, diz a nota do
Governo.
Uma das lideranças do MST na região
afirmou que havia cerca de 15 homens do grupo no local do confronto e que há um
acampamento com cerca de mil família a 5 km de onde aconteceu o tiroteio. De
acordo com ele, não havia nenhuma ordem de reintegração de posse para ser
cumprida.
Segundo a PM, mais de 20 pessoas
estavam no caminho do local do incêndio e receberam a tiros os policiais, que
reagiram ao ataque, matando dois homens e deixando outros seis feridos. Outros
dois integrantes do movimento foram detidos, e com eles a polícia apreendeu uma
espingarda calibre 12 e uma pistola 9 mm. O restante do grupo teria fugido pela
mata. As vítimas fatais são Vilmar Bordim, 44 anos, casado, pai de três
filhos e Leomar Bhorbak, de 25 anos, cuja esposa está gravida de nove meses.
O 5° Comando da Polícia Militar de
Cascavel, cidade que fica a cerca de 100 km de distância de Quedas do Iguaçu,
encaminhou uma equipe para ajudar no resgate dos mortos e feridos, que foram
encaminhados para um hospital em Quedas do Iguaçu.
Cinco dos camponeses feridos receberam alta do hospital
de Quedas ainda na noite de ontem. Os outros dois sofreram ferimentos graves e
estão internados no município de Cascavel, a cerca de 120 quilômetros dali. Um
deles teve fratura no fêmur, e o outro foi baleado na cintura. O estado de
saúde de ambos é estável.
MST contesta versão oficial
Em nota, o MST contestou a versão do
governo estadual e afirmou que foram os trabalhadores que sofreram uma
emboscada, preparada por Policiais Militares e seguranças
particulares contratados pela empresa Araupel. Segundo a versão do
movimento, não houve confronto algum, de acordo com o relato das vítimas. A
emboscada teria ocorrido há 6 km do acampamento, quando membros do MST teriam
sido surpreendidos pelos policias e seguranças entrincheirados, que teriam
atirado contra o grupo. Todas as vítimas teriam sido baleadas pelas costas, o
que deixaria claro que estavam fugindo e não em confronto com a PM e
seguranças, diz o comunicado.
A cidade de Quedas do Iguaçu amanheceu nesta
sexta-feira (8) com reforço no policiamento. A PM realizou um bloqueio
rodoviário para limitar o acesso à região onde fica o acampamento do MST. O
movimento negocia com a corporação para que a rodovia seja liberada, de modo a
permitir que os parentes das vítimas possam participar dos velórios.
Tanto a Secretaria de Segurança Pública do
Paraná quanto o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra marcaram entrevistas coletivas na tarde de hoje para falar sobre o
confronto.