Quatro pessoas foram presas, na manhã desta terça-feira (20), durante a operação Rota 66, que apura suspeitas de irregularidades ocorridas na liberação de alvarás de construção e licenças ambientais para uma construtora de Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná (MP-PR), deflagrou a operação que cumpriu 19 mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão temporária nas cidades de Curitiba, Pinhais, Araucária, Campo Largo, Balsa Nova e São José dos Pinhais com objetivo de coletar provas e informações que complementem a investigação em curso.
Presos pela Operação Rota 66
Conforme o do Ministério Público do Paraná (MP-PR), foram detidos pelo suposto envolvimento nos crimes ligados a emissão de alvarás:
- um ex-secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente de Campo Largo (gestão 2013-2016);
- sócio majoritário da construtora de Campo Largo.
Já um funcionário do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e um ex-prefeito de Campo Largo (gestão 2013-2016), que também eram alvos de mandados de busca, acabaram presos por posse ilegal de arma de fogo.
O ex-deputado estadual Alexandre Guimarães (PSD) também foi alvo de busca e apreensão. Ainda na manhã desta terça-feira, Guimarães solicitou e obteve a exoneração do cargo de assessor especial, que ocupava no gabinete do governo estadual, para se dedicar a sua defesa em relação a operação Rota 66.
A RICTV Curitiba Record PR tenta contato com as defesas dos citados.
Investigações sobre a construtora de Campo Largo
Segundo as investigações, a construtura teria pago propina para que os agentes públicos liberassem os alvarás autorizando a construção de casas do programa Minha Casa Minha Vida em área de preservação ambiental.
São apurados os crimes de corrupção ativa e passiva, falsidade ideológica, tráfico de influência e associação criminosa. A construtora é detentora e executora de quatro empreendimentos residenciais em Campo Largo, avaliados em R$ 400 milhões, além de outras obras na região metropolitana.
De acordo com o promotor de Justiça Anastácio Fernandes Neto, da 1ª Promotoria de Justiça de Campo Largo, houve inclusive a mudança na legislação de Campo Largo para que a construtora pudesse realizar as edificações. “Foram emitidos alguns atos legislativos de forma que esses empreendimentos fossem viabilizados em determinadas áreas. Esses atos legislativos foram elaborados em específico para essas áreas onde os empreendimentos seriam implementados. Feito através de um Decreto Municipal sendo que, na verdade, esses atos têm que ser através do legislativo”, explicou.
Neto também ressaltou que as irregularidades ocorriam dentro da Prefeitura de Campo Largo na gestão anterior a atual e também no IAP. “Porque para esse tipo de empreendimento, geralmente, é necessário passar pela avaliação do IAP. Então temos alguns pareceres que não correspondem a realidade do local e isso também está sendo investigado”, disse.
O que dizem os envolvidos
Em nota, o IAP informou que irá “colaborar com as investigações, quando acionado, dentro da política de compliance adotada pelo atual governo”.
A Prefeitura de Campo Largo declarou, também por meio de nota, que as investigações conduzidas pelo GAECO são referentes a eventos ocorridos na gestão anterior e que “os procedimentos estão sob a responsabilidade do Poder Judiciário”. O comunicado ressalta ainda que a administração municipal “não tem nenhuma opinião sobre os acontecimentos” e está à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários.
A defesa técnica da construtora afirma que a empresa não foi notificada pela justiça das investigações e que se coloca à disposição da justiça para colaborar com informações pertinentes ao processo.