Curitiba - A suspeita de raptar a menina Eloah Pietra, de um ano e sete meses, no bairro Parolin, em Curitiba, afirmou durante depoimento ao delegado que a mãe da criança, Erica, entregou a menina para que fosse criada, alegando não ter condições financeiras. Segundo a mulher, de nome Leandra, a mãe deixou a menina no carro de forma proposital e saiu chorando. A família da criança nega essa versão. Veja o vídeo completo no final dessa matéria.

O depoimento foi obtido com exclusividade pelo produtor Pedro Neto, da RICtv, e mostra uma mulher tranquila, que dá pequenos sorrisos de canto de boca em alguns momentos, ela possui manchas que aparentam ser de tinta nas mãos, e apresenta falas contraditórias.
Durante 16 minutos e 45 segundos de depoimento, a mulher busca se mostrar uma pessoa caridosa e confessa que tinha o intuito de criar a menina. Porém, ela nega que tenha raptado a criança. Segundo Leandra, tudo que fez foi com a intenção de ajudar a família, que não teria condições de cuidar de Eloah.
“Eu falei pra ela [Erica, mãe de Eloah], olha, eu estou disposta a ajudar no que puder. O que você precisa? Daí ela bem assim: ‘Tenho quatro filhos, e não tenho condições de nada, aí a minha filha mais nova ela só mama no peito, eu não tenho condições de fralda, eu vivo de doação, eu não tenho condição de comprar comida, tanto é que a menina nem começou a introdução alimentar’”, diz a suspeita para a polícia.
Segundo Leandra, ela chegou ao bairro Parolin através do GPS enquanto estava testando o carro novo, utilizado na ação. A mulher teria trocado algumas palavras com Erica, mãe de Eloah, que atravessava a rua. E, com a intenção de ajudar a família, Leandra teria retornado para o local no dia seguinte, quinta-feira (23), perguntado onde morava Erica, e somente então ido até a casa.
Ela diz ainda que Erica entrou no carro com Eloah e começaram a conversar. A suspeita afirma ainda que a mãe da menina alegou não ter condições de cuidar da criança.
“E eu peguei e me ofereci, eu falei ‘se você quiser eu posso cuidar dela por um tempo, eu não tenho condições, eu recebo com um salário mínimo, eu não vou dizer assim pra você, olha, que eu vou te ajudar em dinheiro, porque não posso, eu posso te ajudar em outras coisas, mas eu posso cuidar dela enquanto isso”, afirma no depoimento.
Leandra então diz que Erica escreveu “de próprio punho” uma autorização para que a mulher cuidasse da filha por um tempo, e que passou o telefone pessoal para a vítima. A família da criança, porém, nega essa versão e afirma que Leandra se passou por uma agente de saúde, que dopou a mãe de Eloah e que levou a menina contra a vontade da família.
Contradições de Leandra
A suspeita negou diversos pontos relatados pela família de Eloah e por outras testemunhas, incluindo as investigações policiais. Veja abaixo os pontos de contradição entre as versões:
A mãe de Eloah afirma que recebeu um líquido verde das mãos de Leandra e que após ter ingerido esse líquido, teria ficado sonolenta. Porém, durante o depoimento, a suspeita diz que isso não aconteceu e nega ter oferecido qualquer líquido para a mãe.
Testemunhas relataram para a polícia que uma mulher tentou atrair outras crianças na região, ainda na quarta-feira (22), dia em que Leandra teve o primeiro contato com Erica. A suspeita também nega essa versão.
Imagens obtidas pela polícia apontam que Leandra teria trocado a menina de carro, antes de seguir para Campo Largo. Porém, a suspeita diz que ficou o tempo inteiro no veículo Argo e que seguiu o trajeto normal até a sua casa.
A mãe de Eloah apontou que a suspeita seria uma mulher de cabelos castanhos e que usava máscara no dia em que levou a menina. Leandra, porém, apareceu no depoimento de cabelos ruivos, com manchas que aparentavam ser de tinta nas mãos e disse que não utilizou máscara na última quinta.
Quando encontrada, Eloah estava com os cabelos pintados, cortados e lisos, diferente do dia em que foi levada, segundo a família. A suspeita, porém, também nega ter feito alterações na aparência da criança e afirma que apenas aplicou remédios para piolho em Eloah.
Veja outros detalhes do depoimento de Leandra, suspeita de raptar Eloah
A mulher disse ainda que tinha retornado de São Paulo, mas não detalhou o que teria ido fazer no estado. Segundo Leandra, ela tinha acabado de adquirir o veículo de modelo Argo, utilizado no rapto.
A suspeita alega que estaria testando o carro um dia antes dos acontecimentos, quando o GPS enviou ela para a região do Parolin. “Eu tava subindo pela favela e tal, dai parei para moça atravessar um carro, um carro de lixo, com um carro de bebê, com carro de tudo. Daí ela bem assim ‘ai como é difícil a vida e tal e coisas desse tipo’. Aí eu ‘ah, não, pode passar e tal’, eu tenho filhos também, né?”, diz Leandra.
Após uma pequena pausa, a suspeita passa a relatar fatos que saíram na imprensa e afirma que Erica teria contado para ela ainda na quarta-feira (22). “E eu fiquei pensando como a vida é triste realmente… Ah, não, ela tinha comentado ainda, ela ‘ainda mais a minha casa que pegou fogo faz pouco tempo’. Dai eu falei ‘ah, tem só ela?’ E daí ela ‘não, tem 11 pessoas morando na minha casa, 12 pessoas morando na minha casa’”.
A suspeita alega que não chegou a ir até a casa de Erica nesse dia, mas que a rua em questão seria “do lado”.
Segundo Leandra, ela e a mãe têm o costume de fazer ações sociais e de ajudar as pessoas na rua. Porém, quando o assunto é Eloah, a mulher nega ter avisado a mãe e diz que “não deu tempo”.
Questionada do porque não buscou a polícia quando viu na imprensa a divulgação do rapto, Leandra afirma que tudo foi muito rápido, que ficou sem dormir e que não sabia o que fazer. Ela diz ainda que não retornou para devolver a criança no Parolin por medo de ser morta.
Leandra alega ter problemas psiquiátricos
A suspeita alega ainda que está passando por um momento de dificuldade psiquiátrica. Segundo Leandra, no dia 11 de outubro de 2023 se envolveu em um acidente de carro, o que resultou na perda total do veículo. Segundo a mulher, o acidente aconteceu no mesmo dia em que se divorciou do ex-companheiro.
Leandra afirma que o fato se repetiu no dia 11 de outubro de 2024, e afirma que está fazendo tratamento psiquiátrico para se curar dos traumas que sofreu durante esse divorcio.
Família de Eloah nega versão da suspeita
A família de Eloah nega que Erica tenha entregado a criança para que Leandra a criasse. Segundo a família, a suspeita apareceu no Parolin se identificando como agente de saúde, e teria pedido para que a mãe da criança pegasse a documentação da menina para que fossem a uma consulta médica.
Ao entrar no caso, a suspeita teria pedido para a mãe de Eloah prender a menina em uma cadeirinha localizada no banco de trás. Ao sair do veículo para colocar o cinto na criança, a suspeita teria arrancado o carro.
A polícia trabalha com a possibilidade de rapto com a intenção de criar a criança.
Veja o vídeo do depoimento completo de Leandra
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