
Sepultamento teve a participação de poucos vizinhos e familiares da criança; os pais não acompanharam o enterro porque estão presos
*Com informações do repórter Daniel Santos, da RICTV Curitiba
Aproximadamente 20 pessoas, entre vizinhos e familiares, participaram neste sábado (28) da breve cerimônia de sepultamento do pequeno Heitor Filipe Kuiava, o bebê de seis meses cujo corpo foi enterrado pelos próprios pais em Itaperuçu, na Região Metropolitana de Curitiba.
Dona Dina Moraes, vizinha do casal Luzia e Rafael Kuiava, chorou muito no momento do enterro e lamentou não ter aceitado criar o bebê. Segundo ela, que seria a madrinha de batismo do bebê em breve, a mãe ofereceu a criança para que ela ‘adotasse’ . “Ela chegou a me oferecer. Passou mil coisas pela minha cabeça. Por quê eu não peguei ele, meu Deus?”, lamentou.
Dina contou que, enquanto Rafael estava na cadeia, ela ajudou Luzia a cuidar de Heitor nos primeiros dias de vida. “Eu dei o primeiro banho nele, ajudei a cuidar do umbigo. Mas depois que ele saiu da cadeia, ela mudou o comportamento, se afastou”, lembra.
A vizinha também disse que chegou a denunciar o casal ao Conselho Tutelar por maus-tratos. “Eu liguei porque desconfiei que eles estavam maltratando o neném. A conselheira veio na casa deles. Eu não sei como ficou, não liguei mais porque fiquei com medo de ter alguma confusão pro meu lado”, argumentou.
“Eu fiquei com medo de aceitar a criança pra mim e eles mudarem de ideia, me denunciarem por alguma coisa. Eles era muito maquiavélicos”, completou a vizinha.
Os pais da criança estão presos suspeitos de participação na morte e não acompanharam o enterro do corpo, que aconteceu no Cemitério Municipal de Itaperuçu.
Uso de drogas
Os irmãos de Luzia participaram da cerimônia de sepultamento e disseram que a jovem teria relatado várias vezes que o pai de Heitor era usuário de drogas. “Ele fumava pedra (crack), ela mesma disse isso”, confirmou a irmã caçula, Sirlei Prestes.
Anderson José de Souza, vizinho do casal em Itaperuçu, também confirmou o histórico de drogas de Rafael. “Todo mundo sabia que ele usava crack. Não sei se ela (Luzia) usava também, mas ele fumava sempre em casa, perto da criança”, relatou.
Os irmãos de Luzia acreditam que pai e mãe sejam culpados pela morte do bebê. “Os dois são culpados e os dois vão ter que pagar”, disse Adenilson Prestes, tio da vítima.
Sirlei, que também é mãe de um bebê de colo não acredita em acidente doméstico. “Eu não acredito nessa história. tenho um bebê pequeno, quem é mãe sabe. Com seis meses não tem como se afogar na banheira se você estiver junto”, finalizou.
Tiro no olho
Luzia Kuiava não tem o olho direito. A história sobre o fato que levou à perda ocular também é bastante nebulosa. O que se sabe é que ela foi atingida no olho por um disparo de arma de fogo.
O marido, Rafael Kuiava, diz que ela levou um tiro durante um assalto, antes de o casal se conhecer. No entanto, várias fotos do casal publicadas no Facebook mostram Luzia com os dois olhos em perfeito estado.
Entenda o caso
Rafael e Luzia Kuiava, ambos de 26 anos, foram presos na tarde de quinta-feira (26), depois que a Polícia encontrou o corpo do filho deles, Heitor Filipe Kuiava, de apenas 6 meses de vida, enterrado em uma pedreira desativada no município de Itaperuçu, na Região Metropolitana de Curitiba. O casal acompanhou o resgate do corpo no local e ambos afirmaram que a criança teria morrido há 25 dias, em decorrência de um acidente doméstico durante o banho. Eles disseram ainda que esconderam o corpo por medo, já que Rafael era foradido do sistema penitenciário e não queria voltar para a cadeia.
A Polícia Civil investiga se a criança morreu mesmo por afogamento, ou se o casal teria provocado a morte do filho propositalmente.
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