Curitiba - Uma mãe denunciou agressões e ameaças contra o filho, de três anos, em um Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) de Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba. A criança teria sofrido beliscões na genitália após fazer xixi na calça. Em entrevista exclusiva ao Portal Ric ela detalha como a violência provocou sequelas psicológicas no menino. Por motivos de segurança, os nomes das vítimas foram alterados.

Imagem ilustrativa de criança triste; menino sofreu beliscões de professora em creche
Caso está sob investigação da Polícia Civil. (Foto: Imagem Ilustrativa/Pixabay)

Jonathas era aluno de um CMEI, localizado no bairro Palmital. Em agosto, o Portal Ric denunciou outras agressões e abusos contra crianças em outra creche de Colombo, situada no Guaraituba.

Rachel é professora e mãe de Jonathas. Ela relata que nos últimos meses o filho dela começou a adotar comportamentos fora do padrão, como por exemplo, não querer mais ir à creche e também não conseguir segurar o xixi. Além disso, a criança começou a apresentar ferimentos no rosto e pescoço após voltar das aulas.

“Ele começou a não querer ir mais. Ele chorava, gritava. Chegou um dia a me bater porque ele não quis ir mais para a creche. Dizia que a professora falava que se ele fizesse xixi na calça, ia beliscar o pint* dele. Também chegava com machucado no olho, bochecha. A professora dizia na agenda que isso acontecia nas brincadeiras, mas ele negava e culpava a professora”, disse Rachel

Rachel ainda pontuou que esses conflitos entre professora e o filho dela aconteciam principalmente no momento em que as crianças cochilavam após o intervalo das aulas. Segundo ela, devido aos meses mais frios, a criança começou a urinar nesse momento e, segundo ela, isso teria motivado os beliscões.

“Aí, ela falava para ele, se você fizer xixi de novo, eu vou beliscar seu pint*. E isso acho que ela foi falando e ameaçando ele. Aí, chegava lá, todo dia ele tinha feito xixi, todo dia. Começou a fazer xixi de novo. Na casa que ele estava andando, de repente, ele parava e fazia xixi. Eu falei assim, vou ter que marcar uma reunião”, prosseguiu Rachel.

A mulher pontuou que procurou à direção do CMEI e comunicou as agressões e as ameaças. A equipe pedagógica prometeu afastar a docente, mas a profissional retornou ao trabalho semanas depois.

Criança relata para mãe beliscões de professora contra ele em creche

Criança teria apresentado episódio de surto devido ás agressões. (Vídeo: Colaboração)

Criança que sofreu beliscões em creche teve surto durante consulta ao pediatra

Rachel também relatou que decidiu levar Jonathas ao pediatra e que, durante a consulta, o filho teve um episódio de surto após o médico examinar as genitálias dele.

“Quando o pediatra foi ver o pipi dele, ele entrou em desespero. Não, professora, não mexe no meu pipi. Não mexe, não mexe, professora, não me belisca. Aí, o pediatra simplesmente olhou para mim e falou assim, olha, você tem que investigar esse caso, não está certo”, relembrou Rachel.

Após o episódio, Rachel realizou um boletim de ocorrência na Polícia Civil do Paraná (PCPR), procurou a Secretaria Municipal de Educação de Colombo e fez uma denúncia junto ao Ministério Público do Paraná (MPPR), por meio da 4ª Promotoria de Justiça da Comarca de Colombo.

Questionada pela reportagem, a Polícia Civil do Paraná disse por meio de nota que “está apurando o caso”, que “requisitaram documentos escolares e o encaminhamento da menor para a realização da escuta especializada”.

A Prefeitura de Colombo, por meio da Secretaria Municipal de Educação, também se posicionou por nota e pontuou que está ciente da denúncia, que a criança passou por escuta especializada e que encaminhou o relatório ao Conselho Tutelar e ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas).

“A Prefeitura repudia qualquer violência contra crianças e adolescentes e colabora integralmente com as investigações para garantir que os fatos sejam apurados com transparência e responsabilidade”, complementou o órgão na nota.

Já o Ministério Público não retornou sobre o status da denúncia feita por Rachel até o fechamento dessa reportagem.

Impactos do abuso violência na infância para o desenvolvimento de crianças e adolescentes

Em entrevista exclusiva ao Portal Ric, a psicóloga Relacional Sistêmica e especialista em Adolescência Rafaela Senff deu dicas aos pais e responsáveis para monitoraram se os filhos podem estar sofrendo abusos ou agressões na escola.

“Os principais sinais ou sintomas é a criança não querer ir para a escola, ela chorar, não quer ir para a escola, dizer que ali (escola) não está fazendo bem a ela, quando volta para casa, volta muito bem, mas principalmente, a criança, ela se retrai mais, fica mais amuada. Muitas vezes, eles têm essas dificuldades, esses problemas, mas eles não sabem lidar com isso, então, por conta disso, que eles manifestam esse tipo de comportamento”, explicou a psicóloga.

Rafaela ainda explicou quais os principais impactos que essa violência sofrida na infância pode provocar no desenvolvimento de crianças e adolescentes.

“Uma das maiores dificuldades são as questões dentro dos aspectos relacionais. Porque a criança que passa por algumas situações dessas, se ela não aprender a se organizar, digamos assim, internamente, a situação, aprender a se posicionar, aprender a dar limite. Essa dificuldade vai se arrastar pela vida. E aí, na fase adulta, ela com certeza vai ter que lidar com isso em outras situações do cotidiano dela, talvez no ambiente de trabalho, no ambiente universitário ou até mesmo no ensino médio”, finalizou.

Quer receber notícias no seu celular? Entre no canal do Whats do Ric.com.br. Clique aqui.

Jorge de Sousa

Editor

Jorge de Sousa é formado em jornalismo desde 2016, pós-graduado em Direito Eleitoral e Processo Eleitoral e especializado na cobertura de pautas sobre Política, do Paraná e do Brasil, além de matérias sobre Agronegócio e Esportes.

Jorge de Sousa é formado em jornalismo desde 2016, pós-graduado em Direito Eleitoral e Processo Eleitoral e especializado na cobertura de pautas sobre Política, do Paraná e do Brasil, além de matérias sobre Agronegócio e Esportes.