Depoimento inédito traz novas revelações sobre a morte de Renata Muggiati

por Redação RIC.com.br
com informações de William Bittar, da RIC Record TV Curitiba
Publicado em 13 set 2021, às 16h11. Atualizado às 16h16.

Um dia depois da morte da fisiculturista Renata Muggiati completar seis anos, nesta segunda-feira (13), a RIC Record TV mostrou o depoimento de um enfermeiro que afirma que a atleta relatou ter sido forçada pelo então namorado, o médico Raphael Suss Marques, a tomar medicamentos. 

O homem, que prefere não se identificar, contou que cerca de uma semana antes da jovem ser encontrada, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a Polícia Militar foram acionados para o apartamento do casal. Na ocasião, Renata estava visivelmente alterada e além de falar sobre os remédios que foi obrigada a ingerir, também contou que o namorado costumava agredi-la e ainda mostrou fotografias dos hematomas em seu celular. 

“Ela estava bem emocionada, no dia. Ela chorava bastante. Tanto que quando a gente entrou no apartamento dela, ela estava nua no apartamento. A gente começou a conversar com ela, fazer o atendimento e ela começou a falar sobre as agressões dele. Mostrou fotos no celular dela, que ela tinha, de agressões. Ela contou uma história para a gente, que ele tinha dado várias cartelas de comprimidos para ela tomar. O que ela relatou mesmo é que ela foi forçada a tomar a medicação”,

disse o homem. 

O testemunho corrobora as denúncias, feitas pelo Ministério Público do Paraná (MPPR), que apontam que Renata era praticamente uma prisioneira de Rafael e ele usava o seu conhecimento médico para dopar a companheira, após os episódios de agressão.

Para Thereza Christina Gabriel, irmã de Renata, o comportamento do ex-cunhado é o de um homem abusivo que fez de sua namorada uma vítima de um relacionamento doentio. “Ele acolhe a vítima, ele retira a vítima da sociedade, onde ele manipula e domina a vítima. Ele tirou ela do convívio, ele tirou ela do trabalho, ela não podia dar treino para homem, ela tinha que estar em casa até às 6h, ela tinha que ser uma excelente mulher do lar e a Renata não foi criada para isso, ela não era assim.”

Já outro documento, também obtido pela RIC Record TV, fala sobre a participação do médico legista, do Instituto Médico Legal (IML), que foi chamado pela família de Rafael para fazer a perícia no corpo de Renata. Conforme a denúncia, Daniel Colman teria recebido cerca de R$ 100 mil para falsificar o laudo de necropsia, apontando assim que a fisiculturista teria tirado a própria vida.

Na certidão que originou a abertura da sindicância contra o médico legista – que foi encerrada com a exoneração de Colman em 2018 – constam depoimentos de funcionários do IML que estranharam a presença dele no instituto em um dia fora do plantão. 

O médico Raphael Suss Marques é acusado pelo assassinato da namorada. (Foto: Lineu Filho)

Raphael está preso desde fevereiro de 2019, quando faltou a uma audiência do processo para ir a um torneio de pôker. Ele foi denunciado pelos crimes de lesão corporal, fraude processual e homicídio quadruplamente qualificado (feminicídio, meio que impossibilitou a defesa da vítima, meio cruel e motivo fútil).

A previsão da advogada da família de Renata é que o Júri Popular de Raphael ocorra até o final deste ano. Enquanto aguarda, a irmã da atleta vive o luto e espera a condenação, segundo ela, não como vingança, mas com esperança de outras mulheres não irão sofrer o que a jovem sofreu. 

“Ela foi cruelmente machucada, psicologicamente e fisicamente. Isso deixa na gente uma sensação muito ruim porque a gente não pôde fazer nada. Por isso, a gente aguarda que uma pessoa que faz mal para a sociedade porque ela não foi a primeira e eu tenho certeza que ela não vai ser a última, a gente aguarda que a Justiça faça valer. Ele precisa ficar preso e responder pelo crime que ele cometeu”,

desabafa Thereza.

Caso Renata Muggiati

Renata Muggiati foi encontrada morta no 12 de setembro de 2015, após cair do apartamento em que vivia como namorado, localizado no 31º andar, na região central de Curitiba. Na época, o primeiro laudo do Instituto Médico Legal (IML), feito por Daniel Colman, apontou que a causa da morte da fisiculturista teria sido a queda. Porém, após a exumação do corpo, um novo laudo com uma nova causa mortis foi expedido, no documento, a junta média com quatro legistas do IML afirmou que a jovem morre por asfixia e já estaria sem vida quando caiu do prédio.

De acordo com a investigação, Raphael Suss Marques matou Renata com um golpe de Jiu-Jitsu, conhecido como mata-leão e, na sequência, jogou seu corpo pela janela para simular um suicídio.

Segundo pessoas próximas à vítima como os amigos, clientes e colegas de trabalho, a relação do casal era abusiva e violenta, o que pode ser a causa da morte de Renata. A vítima era constantemente agredida por Raphael, teve sua vida social e profissional restrita às ordens e aprovações de Suss Marques que a proibia, especialmente, de conversar ou ter qualquer vínculo com outros homens.

“Renata Muggiati não era a mesma pessoa“, relataram os amigos próximos a ela. Segundo eles, a jovem não respondia mais mensagens, passou a perder alunos da academia, principalmente os alunos homens. Também deixou de treinar com sua equipe, mudou o número de telefone e não informou aos antigos amigos, tudo porque ela era manipulada pelo então companheiro.