As buscas pelos desaparecidos em Icaraíma, no Noroeste do Paraná, completam duas semanas nesta terça-feira (19). As famílias seguem à procura de respostas e os dois homens apontados como autores de uma emboscada continuam foragidos. 

Quatro homens desaparecidos em Icaraíma
Famílias seguem em busca de respostas dos desaparecidos (Foto: arquivo pessoal)

Alencar Gonçalves de Souza, Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi e Diego Henrique Afonso estão desaparecidos desde o início da tarde do dia 5 de agosto, quando foram até uma propriedade rural para cobrar uma dívida. 

Antes de sumir, um dos desaparecidos em Icaraíma enviou uma localização para um amigo. Essa localização apontava para um posto de combustível. Conforme o delegado Gabriel Meneses, da Polícia Civil, essa localização foi fruto de uma conversa referente a compra e venda de um veículo. 

“O envio dessa localização foi fruto de uma conversa por outros assuntos com esse amigo. Ele estava tratando a respeito da compra e venda de um veículo lá em SP. Não teve nada a ver com a questão de Icaraíma. Ele mandou a localização apenas para mostrar para o amigo que não poderia ver o veículo naquele momento, pois estava no Paraná”, relatou o delegado. 

Como andam as buscas pelos desaparecidos em Icaraíma

O delegado falou também que desde o dia 6 de agosto, quando a Polícia Civil soube do sumiço dos cobradores, o grupo Tigre vem atuando nas operações. Além disso, informou que os investigadores estão à procura de imagens que possam levar até os suspeitos e os desaparecidos. 

“Durante toda a semana passada as equipes ficaram empenhadas na busca de imagens por todos os locais de interesse da investigação, inclusive nesse endereço onde um dos desaparecidos deixou como localização antes do sumiço”, explicou.

última localização desaparecidos em Icaraíma
Cobrador enviou localização e conversou com amigo antes de desaparecer (Foto: arquivo / RICtv)

Desaparecidos em Icaraíma: negociações e mistério 

De acordo com as investigações, Alencar é morador de Icaraíma e teria negociado a compra de umas terras com um homem chamado Carlos Henrique, filho de Antônio Buscariollo e irmão de Paulo Buscariollo, considerados foragidos por envolvimento no desaparecimento desses quatro homens

Conforme a apuração do apresentador Nader Khalil, da RICtv Maringá, Carlos Henrique teria envolvimento com o crime organizado e teria negociado a venda das terras para Alencar Gonçalves de Souza. 

Conforme a apuração do jornalista, Carlos Henrique recebeu R$ 250 mil de Alencar, que iria financiar no banco o valor de R$ 750 mil, contudo, o banco não aprovou o valor e Souza foi atrás para desfazer o negócio. 

Polícia faz buscas em bunkers pelos desaparecidos (Foto: reprodução / RICtv)

Porém, ao ir atrás do ressarcimento do valor, a família Buscariollo teria informado que não tinha mais o valor de R$ 250 mil e combinou com Alencar o pagamento em 10 parcelas de R$ 25.500. As investigações da Polícia Civil apontam que as parcelas atrasaram e que Souza contratou Diego Henrique Afonso para fazer a cobrança. 

Segundo o relato de uma das esposas dos homens desaparecidos em Icaraíma, Diego é morador do município de Olímpia, no interior de São Paulo, e convidou Robishley Hirnani de Oliveira e Rafael Juliano Marascalchi para acompanhá-lo até Icaraíma para realizar a cobrança. 

“Quem pegou a cobrança foi o Diego. Como ele não podia ir sozinho, convidou meu marido, que chamou o Robishley. Ele só me contou que ia para o Paraná. Há dois meses eles foram fazer uma cobrança com o Diego em Olímpia, mas essa o Diego que negociou com o Alencar, mas não deu detalhes”, disse a esposa de Rafael. 

No dia 04 de agosto, Alencar teria ido à propriedade rural da família Buscariollo, junto com Diego, Rafael e Robishley, para cobrar o valor dessa dívida. Segundo a polícia, ficou acordado que eles retornariam no dia seguinte para fazer a negociação. 

No dia 05 de agosto, por volta das 10h, uma câmera de segurança flagrou os quatro desaparecidos reunidos em uma panificadora. Um pouco antes de desaparecer, um amigo conversou com Robishley. 

“Ele estava falando com o Robishley e ouviu o Rafael falando no fundo: ‘Desliga que chegou o rapaz para negociar’. Nisso ele falou que ia desligar o celular e não deu mais notícias”, disse uma testemunha. 

Quem é Carlos Henrique, homem que teria negociado com desaparecidos

Conforme a apuração do apresentador do Cidade Alerta Maringá, Nader Khalil, Carlos Henrique é filho de Antonio Buscariollo, de 66 anos, e irmão de Paulo Ricardo Costa Buscariollo, de 22, principais suspeitos do caso e que estão foragidos. Além disso, Antônio tem um filho que mora no interior de São Paulo, chamado Carlos Eduardo. O nome dele aparece na nota promissória da negociação entre Alencar e a família Buscariollo. A polícia acredita que Eduardo não tem envolvimento na negociação e que estariam usando o nome dele. 

Pai e filho suspeitos de armar a emboscada aos homens desaparecidos
Polícia divulgou o retrato falado dos suspeitos (Foto: PCPR)

Um amigo de um dos homens desaparecidos em Icaraíma, que não quis se identificar, disse que ligou para um homem chamado Carlos Eduardo e que acredita que os quatro foram sequestrados. 

“Na quarta-feira eu consegui contato do proprietário da fazenda. A mãe deles me falou que o dono da fazenda é Carlos Henrique, mas que ninguém sabe onde ele está. Eles foram ao Paraná para cobrar o Carlos Eduardo. A mãe disse que o nome dele foi usado pelo Carlos Henrique nas notas promissórias”.

A testemunha falou também que pediu para que os amigos fossem devolvidos com segurança. O rapaz disse também que acredita que os amigos foram rendidos dentro da cidade e não na propriedade rural. 

“Porque o Carlos Henrique conversou tanto comigo? Ele disse: ‘Pelo amor de Deus, estão levando meu pai e meu irmão presos’. A polícia prendeu o celular dele e não tenho mais contato”, disse a testemunha. 

O amigo acredita também que Carlos Henrique esteja sequestrado, junto com os quatro desaparecidos.

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Guilherme Fortunato

Editor

Jornalista há quase 10 anos, especialista em previsão do tempo, coberturas eleitorais, casos policiais e transmissões esportivas. Aborda pautas de acidentes e crimes de repercussão, além de política.

Jornalista há quase 10 anos, especialista em previsão do tempo, coberturas eleitorais, casos policiais e transmissões esportivas. Aborda pautas de acidentes e crimes de repercussão, além de política.