Em 2013, a Central de Atendimento à Mulher (Disque 180) registrou em média três denúncias de violência sexual por dia, sendo 42% dos casos com risco de morte para as vítimas. As informações são do levantamento divulgado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, nesta quarta-feira (24).

Em 62% dos casos denunciados, a violência foi cometida por companheiros, cônjuges, namorados ou amantes das vítimas. Em apenas 6% dos casos o agressor não fazia parte das relações afetivas. Além disso, 25% delas sofreram violência desde o começo do relacionamento.

O balanço ainda aponta que quase 80% das mulheres tinham entre 20 e 49 anos e 82% delas têm filhos, sendo que 64% dos filhos presenciaram a violência contra a mãe.

A violência física contra a mulher foi motivo de 54% das ligações, enquanto a psicológica 30%. Questões morais reuniram 10%, e as relativas a patrimônio quase 2%. A violência sexual foi motivo de 1,75% das denúncias. Foram apresentadas também 620 denúncias de cárcere privado e 340 de tráfico de pessoas.

Ao todo foram apresentadas 532 mil denúncias em 2013, ante 732 mil em 2012, porém a queda não significa uma diminuição nos casos, e sim nos registros de ocorrências. Segundo a Secretária de Enfrentamento à Violência, Aparecida Gonçalves, isso se deve à falta de campanhas no ano passado. Mesmo assim, denúncias partiram de 318 municípios que nunca tinham usado o programa.

O levantamento mostra que os cinco municípios onde, proporcionalmente ao número de mulheres, houve mais denúncias ao Disque 180 têm menos de 10 mil habitantes. A cidade paulista de Gabriel Monteiro foi a que, nesta comparação, mais teve denúncias, com 77 ligações. Em seguida veio a cidade de Amapá, do estado de Amapá, com 196 ligações.

Além de vítimas e testemunhas de todo o país, brasileiras em Portugal, na Espanha e na Itália podem usar o serviço, que funciona no Distrito Federal e conta com 195 atendentes, todas mulheres, que recebem ligações todos os dias da semana, 24 horas por dia.

Os dados referentes ao ano passado incluem parte do serviço Ligue 180. Em março, o serviço passou a ser chamado Disque 180, deixou de apenas dar orientações de como proceder, às mulheres ou testemunhas, e passou a colher o primeiro depoimento, que pode servir para a abertura de um processo na polícia.