Em áudio vazado, prefeito de Apucarana pede para barrar investigação sobre pedofilia
Em áudio vazado, Sebastião Ferreira Martins Junior (PSD), conhecido como Junior da Femac, prefeito de Apucarana, no norte do Paraná, é gravado pedindo para que uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) não seja aberta. O alvo da investigação seria Mauro Bertoli (União Brasil), suspeito de ter materiais relacionados à pedofilia. Em nota, Junior repudiou “fatos desta natureza” e disse que a gravação é de uma conversa com outro vereador.
O pedido para criar a CEI contra Mauro foi feito por Renata Borges, ativista e defensora dos direitos humanos. Durante apurações de denúncias de crime eleitoral nas eleições municipais, materiais impróprios teriam sido encontrados no celular do vereador. O material exibia crianças e adolescentes.
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O Ministério Público do Paraná, pela Promotoria de Apucarana, e a Câmara de Vereadores investigam o caso há um ano. Este foi um dos argumentos apresentados por Júnior da Femac no áudio, que foi publicado pelo Canal 38. O investigado é apoiador do prefeito.
“Se alguém perguntar, fala que a Câmara está acompanhando a investigação, que está sendo feita pelo Ministério Público. Daqui a pouco esses caras se voltam, por exemplo, contra você. Não precisamos disso. Você é um cara que nós apostamos muito para frente. Então, assim, quando você puder, chama o Mauro, fala ‘Mauro, fique tranquilo’. Por favor, não crie comissão. Eu queria te passar esse contorno político”,
diz Júnior da Femac no áudio.
Escute o áudio na íntegra:
Em nota, o prefeito de Apucarana disse que “como pai de duas meninas” repudia “com veemência fatos desta natureza”. Os trechos são de uma conversa realizada no mês de maio com um vereador, que não teve o nome divulgado. Leia na íntegra:
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O prefeito de Apucarana-PR, Junior da Femac, esclarece que o áudio divulgado é de trechos de uma conversa que manteve no mês de maio com um vereador. Ele diz ter apenas argumentado sobre fato que já está sendo investigado pelo Ministério Público e a Justiça Criminal da Comarca de Apucarana, há cerca de um ano e meio.
Disse a ele que confio plenamente no Ministério Público e na Justiça, e que apoia toda investigação, sem que haja a politização do caso. Como pai de duas meninas, repúdio com veemência fatos desta natureza. Como gestor público, mantenho várias políticas de enfrentamento da violência contra crianças e mulheres. Como exemplo, o prefeito cita o Comitê de Escuta Especializada, mantido pela prefeitura, como forma de evitar a revitimização de crianças e adolescentes, que sofreram algum tipo de violência. Também mantemos na nossa gestão, psicólogos custeados pelo município em todas as escolas públicas estaduais para atender crianças e adolescentes. Mantemos ainda políticas de proteção à mulher tais como o “botão do pânico” e a “patrulha Maria da Penha”, custeados pelo município, além da distribuição gratuita de kits de higiene íntima nas escolas públicas estaduais e nos Centros de Referência em Assistência Social (CRAS), visando combater a pobreza menstrual.
A reportagem tentou contato com Mauro Bertoli, mas não houve retorno até o fechamento desta matéria. O mandato foi cassado em primeira instância pela Justiça Eleitoral e foi apresentado recurso. O julgamento foi adiado para o dia 25 de julho.