Empresários são alvos da PF por defender golpe de Estado via WhatsApp

Publicado em 23 ago 2022, às 10h34. Atualizado às 10h47.

A Polícia Federal (PF) realiza na manhã desta terça-feira (23) uma operação que tem como alvo oito empresários suspeitos de compartilharem mensagens em que defendem um golpe de Estado, caso o resultado das eleições não termine com vitória de Jair Bolsonaro (PL). A troca de mensagens aconteceu em um grupo no aplicativo WhatsApp e a operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. 

Entre os alvos da investigação estão Luciano Hang, proprietário da rede de lojas Havan, e Afrânio Barreira Filho, empresário cearense da rede Coco Bambu. Os mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos em cinco estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará.

Entre as mensagens que resultaram na investigação estão: “Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes”, “Golpe foi soltar o presidiário”, “O golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo, 2019 teríamos ganhado outros 10 anos a mais”.

Empresários alvos de operação

De acordo com a investigação, os empresários são suspeitos de trocarem mensagens, com cunho golpista e de ameaça, caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença as eleições em outubro. Confira o nomes dos oito alvos desta operação da PF:

  • Afrânio Barreira Filho (Coco Bambu);
  • Ivan Wrobel (W3 Engenharia);
  • José Isaac Peres (Multiplan);
  • José Koury;
  • Luciano Hang (Havan);
  • Luiz André Tissot (Sierra);
  • Marco Aurélio Raymundo (Mormaii);
  • Meyer Joseph Nigri (Tecnisa).

Além dos mandados, o ministro determinou quebra de sigilo bancário, bloqueio de contas bancárias, bloqueio das redes sociais dos empresários e tomada de depoimentos.

Empresários se defendem

Nesta segunda-feira (22), cerca de 24 horas antes da operação da PF, o empresário Luciano Hang postou um vídeo de 32 minutos nas redes sociais intitulado como ‘desconstruindo narrativas’. O empresário da rede Havan declarou que trata-se de uma “mentira” e que as mensagens estão fora de contexto.

“Na manchete disseram que eu e outros empresários defendemos o Golpe, caso Lula vença as eleições. Para começo de conversa, Bolsonaro vai vencer no primeiro turno. Aí você vai ler o que está nos prints e percebe que tudo não passa de narrativa, uma mentira, que eles tentar implantar na sua cabeça como se fosse verdadeiro. Gostaria de ver o que falam nos grupos da esquerda”,

escreveu Hang.

Hang ainda afirmou que o grupo de WhatsApp “Empresários & Política” é um canal eclético, formado por cerca de 250 pessoas e que defendem candidatos diferentes. “É como se fosse uma conversa em uma mesa de bar, onde cada um dá seu ponto de vista. Pegar trechos desconexos e sem contexto, não mostram a verdade. É imoral”, reforça. O empresário está tranquilo em relação a polêmica. “A verdade está do nosso lado. Nada melhor do que virar notícia com a consciência tranquila. A verdade sempre prevalece”.

Confira o post completo do empresário:

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Uma publicação compartilhada por Luciano Hang (@lucianohangbr)

Já a defesa de Afrânio Barreira Filho, dono da rede Coco Bambu, revelou que a investigação é fruto de uma “perseguição política”. O advogado Daniel Maia, revelou que tem total interesse em esclarecer os fatos, que resultará no arquivamento das investigações.

“A operação de hoje é fruto de perseguição política e denúncias falsas, as quais não tem nenhum fundamento. Afranio Barreira Filho está absolutamente tranquilo e colaborando com a busca da verdade, a qual resultará rapidamente no arquivamento da investigação”,

comentou o advogado Daniel Maia.

O RIC Mais tenta contato com os advogados dos outros empresários envolvidos na operação.