Entidades pedem prisão de suspeito de ataque racista no PR; músico foi agredido
Nesta segunda-feira (28), entidades se manifestaram em apoio ao músico Odivaldo Carlos da Silva, também conhecido como Neno, que foi agredido por um homem e atacado por um cachorro no Centro de Curitiba. Neno foi até o 1º Distrito Policial denunciar o suspeito por racismo nesta segunda-feira, acompanhado por três advogados, e prestou depoimento ao delegado Danilo Zarlenga.
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A situação foi registrada na terça-feira (22). Nos últimos dias, o Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial do Paraná (Consepir/PR) pediu pela prisão imediata do suspeito por racismo, injúria racial e lesão corporal. Segundo o Consepir, o agressor teria incitado o cachorro contra Neno e teria dito “negro e morador de rua tem que morrer”. O ofício pela prisão foi enviada ao Secretário de Justiça, Família e Trabalho Rogério Elias Carboni.
De acordo com Neno, o depoimento foi tranquilo e ele foi muito bem recebido pelo delegado para prestar depoimento. “Eu estava com meu advogado e com mais dois advogados me auxiliando, então eu me senti confortável para falar o que eu sentia no meu coração”, revelou.
“Tanto nós, como negros, como qualquer etnia, sofrem com o preconceito, eu acredito nisso. Que aconteça justiça, nada mais, nada menos. É só isso. Todos os apoios estão sendo importantes, de todo o povo, dos amigos, da família, de vocês [imprensa], todos fazem parte da minha vida para sempre”, desabafou Neno após prestar depoimento.
O caso repercutiu após a divulgação do vídeo que mostra o músico sendo agredido violentamente. Neno sofreu lesões na região do rosto, mordidas no braço e teve um dente quebrado. De acordo com familiares, o mesmo homem já havia perseguido o músico anteriormente.
Veja o vídeo das agressões contra o músico:
Manifestações
Representantes do Coletivo Negro Minervino de Oliveira e do Movimento Negro Evangélico estiveram em frente ao 1º Distrito Policial para dar apoio ao músico nesta segunda-feira. “A gente está aqui não só para prestar solidariedade, mas também para nos manifestar contra mais um crime de ódio que ocorreu nesta cidade. É inadmissível que um crime que tem descaradamente um caráter de racismo, nazismo, um crime de motivação racial, acabar sendo pautada apenas como uma simples agressão, quando a gente sabe que não é”, disse Guilherme Romão, do coletivo Minervino.
“Nós estamos aqui em solidariedade ao Neno e ao nosso combate permanente, constante, diário contra o racismo estrutural que está em nossa sociedade”, complementou Gilson de Souza, do movimento Evangélico.
Investigação
Em nota, a Polícia Civil informou que diligências foram realizadas no final de semana e que “as partes foram intimadas para que se proceda com o inquérito policial”.