
David Oubel sedou e degolou as filhas de 4 e 9 anos; a pena que recebeu foi pensada para crimes como genocídio e terrorismo
Um empresário imobiliário espanhol de 42 anos, David Oubel Renedo, foi a primeira pessoa a receber dos tribunais do seu país a pena “prisão permanente revisável”, que foi aprovada em 2015 e é a pena máxima privativa de liberdade do sistema penal da Espanha. Na prática, embora a condenação fique sujeita a revisões após 25 anos de encarceramento, a prisão pode ser para sempre.
Para se ter ideia da gravidade da “prisão permanente revisável”, ela foi pensada para casos como assassinatos de chefes de Estado, genocídio e crimes de terrorismo ou “extremamente graves”.
Foi justamente esse último o cometido por Oubel, que degolou, em 31 de julho de 2015, suas filhas de 4 e 9 anos com uma serra elétrica circular e uma faca de cozinha. Antes de fazer isso, ele colocou substâncias como nordiazepam, oxacepam e tizanidina em uma garrafa d’água para que elas bebessem e dormissem. Com a filha mais velha, porém, a estratégia não funcionou – a autópsia revelou sinais evidentes de que a menina reagiu, tentou se livrar da fita adesiva com que o pai amarrou suas mãos e chegou a ter um confronto físico com ele.
Oubel havia comprado a serra elétrica dois dias antes. Os psicólogos que o avaliaram disseram que ele não apresentava “nenhuma anomalia ou patologia grave, transtorno de personalidade ou amnésia temporal”, informou o jornal espanhol El País. O que os especialistas viram no assassino foi uma “personalidade narcisista e com autoestima muito elevada”.
O criminoso não explicou o motivo do crime, apenas disse que “há situações que as pessoas vivem que às vezes são limítrofes, nas quais se tomam decisões cujos motivos desconheço, e que hoje me deixam arrependido, e peço perdão por isso”.
O crime ocorreu em Morana, município da região de Pontevedra, na Galícia, noroeste espanhol.
O júri popular do crime de David Oubel começou na última terça-feira e teve sua sentença proferida nesta quinta (6). Já no primeiro dia, Oubel confessou o crime. Nem ele nem seu advogado contestaram o laudo que dizia que ele estava perfeitamente ciente dos seus atos ao matar as filhas. A pena, além da prisão, inclui um valor de € 300 mil (pouco mais de R$ 1,1 milhão) a ser pago à mãe das crianças.
Leia também
Suspeita de matar três filhos recém-nascidos é solta pelo TJ