
Advogado do PM suspeito do desaparecimento da ex-mulher, Andriely Gonçalves da Silva, concede entrevista à RICTV Curitiba
*Com informações de Taís Santana, repórter da RICTV Curitiba
O advogado de defesa Luiz Eduardo Goldman que representa o policial militar Diogo Coelho suspeito pelo desaparecimento da ex-mulher Andriely Gonçalves da Silva, de 22 anos, concedeu uma entrevista à equipe da RICTV Curitiba nesta quinta-feira (24) e afirmou que acredita na inocência do seu cliente.
Segundo o advogado, na noite em que Andriely desapareceu após fazer uma expressão de susto, dentro do próprio quarto, enquanto conversava com um amigo por chamada de vídeo, realmente o PM teria ido até o apartamento. “Eles conversaram, ela confessou a ele que realmente tinha um outro relacionamento, que estava interessaram em ir embora para São Paulo e que não queria mais manter o casamento com ele”, disse.
Imagens de uma câmera de segurança flagraram o momento em que a jovem sai de casa junto com o ex-marido, na madrugada do dia 9 de maio. Essas são as últimas imagens registradas de Andriely, depois disso, ninguém mais viu ou falou com ela. Familiares apenas receberam mensagens de texto por aplicativo de celular, os quais, inclusive, fizeram com que desconfiassem que não era a estudante quem estava escrevendo. O advogado alega que durante a conversa, Andriely teria pedido para sair do apartamento e ser deixada em um local próximo dali. “Ela pediu para sair do apartamento e ser deixada num lugar ali perto de onde eles viviam em Colombo, para que outra pessoa pudesse buscá-la e levá-la para o caminho dela. É isso que ele sabe. Ele não sabe de mais nada”, afirma Goldman.
Diogo e Andriely deixaram juntos o apartamento. (Foto: Reprodução)
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Desaparecimento
A estudante de direito conversava com um amigo por videochamada quando precisou desligar para carregar o aparelho. Após um tempo, ela retornou a ligação e disse que estava com medo porque teve a impressão de que alguém entrou no apartamento enquanto tomava banho. Foi então que resolveu vistoriar o apartamento e percebeu que a porta estava aberta. Na sequência, aproximadamente 15 minutos depois, ela fez a expressão de espanto, olhou para cima e a chamada caiu.
Andriele desapareceu, no dia 9 de maio, em Colombo. (Foto: Reprodução/Facebook)
Arranhões
Cleusa Gonçalves, mãe de Andriely, contou à RICTV que chegou a receber mensagens da filha falando que ela estava indo embora para São Paulo. No entanto, as mensagens eram distantes e diferentes daquelas que a mãe costumava receber. Após inúmeras ligações não atendidas, Cleusa, que vivem no litoral do Paraná, decidiu ir até a casa da filha em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba. Foi então que ela encontrou o policial no apartamento. “Eu estranhei porque ele estava com muitos arranhões, no pescoço, no rosto. Eu perguntei vocês brigaram? Ele respondeu não. E esses arranhões? Foi em uma ocorrência que eu tive. Aí, eu perguntei para ele: Com qual mochila que a Adriele foi embora, Diogo? Ele derrepente me respondeu: Com uma mochila preta. Ai eu disse, como você sabe que é uma mochila preta se você disse que não estava no apartamento. Aí, ele se calou”, conta Cleusa sobre a conversa entre os dois.
Quanto aos ferimento a Polícia Militar já afirmou, por meio de nota, que não existe nenhuma ocorrência de conflito registrada nos dias que antecederam o desaparecimento da jovem.
O advogado sustenta a versão de Diogo. “A marca que ele tem no olho foi por causa de parada que eles desceram do carro e na hora que ele voltou, ele bateu com a porta no olho. Já a marca que ele tem no rosto foi por perder a barba, nada mais do que isso”, diz
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Casamento
Andriely foi casada por quatro anos com o policial militar, Diogo Coelho, e há seis meses estava separada. Eles não chegaram a oficializar o relacionamento, mas viveram juntos no mesmo apartamento em que ela desapareceu até o início do ano. No entanto, mesmo tendo saído de casa, o PM ainda possuía as chaves do local, conforme Cleusa Gonçalves, mãe da garota. Segundo familiares e amigos, o relacionamento dos dois era conturbado. O que mais uma vez é contestado pelo advogado. Para Goldman, como não existe nenhum Boletim de Ocorrência registrando violência contra a garota, isso não pode ser provado.
Internação
Logo após o sumiço da ex-esposa, Diogo foi internado no Hospital Militar com problemas psicológicos. Segundo o advogado, essa foi a primeira vez que o policial apresentou esse tipo de sintoma. “Quem olha ele, realmente vê que eles está deprimido. O internamento se deu por causa de doença, não foi alibi nenhum”.
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Depoimento
Diogo escondeu o rosto quando foi depor. (Foto: Reprodução/RICTV)
A audiência de custódia durou cerca de 15 minutos. Ao ser questionado pela juíza, Diogo Coelho foi enfático: “não sei onde está essa moça”. A defesa pediu para que ele seja internado em um hospital psiquiátrico, mas o pedido foi negado pela magistrada. Em um outro pedido, a defesa também solicitou uma sala mais adequada dentro do Batalhão da PM onde ele está preso – o pedido também foi indeferido pela juíza.
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Investigação
Uma perícia realizada pela Polícia Civil com o reagente luminol apontou vestígios de sangue no banco traseiro e no porta-malas do carro do policial militar na última terça-feira (15). A Polícia Civil espera o resultado da perícia e dos exames de DNA para saber se o sangue é mesmo de Andriely. Segundo Goldman, o sangue pode ser de Andriely, mas oriundo de menstruação. “Segundo o que foi me foi relatado, ela tem endometriose e me parece que a endometriose causa um sangramento excessivo e vários coágulos. Eu acredito na inocência dele”, disse o advogado.
Para o delegado Reinaldo Zequinão, da Delegacia da Polícia Civil do Alto Maracanã, responsável pelas investigações, o único suspeito é Diogo Coelho e a principal linha de investigação gira em torno do ex-marido de Andriely.
Robertson Fonseca de Azevedo, promotor de Justiça que representa o Ministério Público no caso, também afirma que existem motivos para considerar Diogo suspeito. “Existiam elementos suficientes em termos de indício de autoria e materialidade que justificassem a prisão temporária. Quem sabe a gente consegue dele, eventualmente, o depoimento. A qualquer momento ele pode dizer o que aconteceu”.
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