O ex-diretor da Assembleia Legislativa do Paraná, Abib Miguel, o Bibinho, 81 anos, voltou para a prisão em regime fechado nesta quarta-feira (25). Conhecido pelo caso dos Diários Secretos, em que é suspeito de fazer contratações de funcionários fantasmas, desta vez ele voltou para a cadeia por ser acusado de lavagem de dinheiro, relacionada à exploração ilegal de madeira numa propriedade que ele tem na cidade de Rio Azul, no centro-sul do Paraná.

Bibinho estava desde 2018 preso por este processo. No entanto, a Justiça transformou a prisão em regime fechado para prisão preventiva em regime domiciliar em março de 2020. Início da pandemia, Bibinho estava com 79 anos nesta época e era considerado público de risco para a Covid-19. Por isto, foi mandado para casa, usando tornozeleira eletrônica.

No entanto, com a queda dos números da Covid em Curitiba, pelo avanço da vacinação e outras considerações, a juíza Ana Carolina Bartolamei Ramos, da Vara de Execuções Penais, Medidas Alternativas e Corregedoria dos Presídios, entendeu que não havia mais risco para o réu e entendeu que ele deve voltar ao regime fechado.

Eurolino Sechinel Reis, advogado de Bibinho, não quis se pronunciar sobre o assunto.

Madeira

Bibinho e a família possuem uma propriedade em Rio Azul, no centro-sul do estado. Uma operação da Polícia Civil, que foi batizada de Operação Castor, descobriu que ele extraía ilegalmente madeira do local. A área foi embargada e o réu preso. No entanto, descobriu-se que ele não cumpriu a ordem judicial de embargo e que continuava explorando e vendendo a madeira. Isso o levou de volta à cadeia em 2018. Porém, desde março do ano passado ele cumpria a pena em regime domiciliar por causa da pandemia.

Agora, com a reversão da decisão, ele volta ao regime fechado, a ser cumprido no Complexo Médico Penal (CMP), em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.

Diários Secretos

As primeiras investigações contra Bibinho acabaram sendo chamadas de Diários Secretos. Isto porque o acusado, na época diretor da Alep, contratava diversos funcionários fantasmas e que eram nomeados em edições avulsas e secretas, que ninguém tinha acesso. Os salários eram todos desviados.

Com o transcorrer das investigações, descobriu-se que Bibinho e familiares eram detentores de mais de 100 propriedades, muitas delas possivelmente adquiridas com dinheiro desviado. Na época que agentes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, estiveram na casa do diretor, para cumprir mandados de busca e apreensão, acharam dinheiro por várias partes da casa, até mesmo no porta-luvas do carro. Só na casa havia R$ 50 mil. Sacos de lixo com documentos picados também foram encontrados.

As investigações deram origem a vários processos contra Bibinho, por diversos crimes. A maioria deles envolve lavagem de dinheiro. Num dos processos, no âmbito da Operação Argonautas – desdobramento dos Diários Secretos – Bibinho foi condenado a 255 anos, seis meses e 21 dias de prisão. O caso ainda tramita na 4.ª Câmara Criminal de Curitiba e Bibinho está recorrendo da decisão em primeiro grau.