O criminalista e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos morreu em São Paulo no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, na manhã desta quinta-feira (20/11). O ex-ministro, de 79 anos, estava internado desde a terça-feira, 18. Bastos foi ministro da Justiça no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre 2003 e 2007 Atualmente Bastos defendia a Camargo Corrêa e a Odebrecht no escândalo da Lava Jato.

Ele era um dos mais renomados criminalistas do Brasil, sendo considerado por seus pares como o mais influente advogado depois da redemocratização do país (1989). Seus amigos o chamavam de “God” (Deus).

Para ministro, ele promoveu avanços importantes na Polícia Federal e no Poder Judiciário.

Entre as atuações de destaque de Bastos estão a acusação dos assassinos do ativista ambiental Chico Mendes, morto em 1988. Também teve atuação nos julgamentos do jornalista Pimenta Neves, assassino confesso da namorada, Sandra Gomide, em 2000, e na defesa do médico Roger Abdelmassih.

Repercussão
A presidente Dilma Rousseff irá ao velório deThomaz Bastos, segundo informação de sua assessoria. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se encontra em Foz do Iguaçu, onde participa de encontro realizado pela Hidrelétrica Itaipu Binacional, também irá ao velório, informou a assessoria do Instituto Lula. O velório será realizado na Assembleia Legislativa em São Paulo. O enterro ainda não tem horário definido.

Para autoridades e colegas de profissão, a morte do ex-ministro representa a perda de um dos principais nomes da advocacia brasileira.

Para o ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, titular da pasta no governo Fernando Henrique Cardoso, “São Paulo e o Brasil perderam um dos seus maiores advogados. Eu me recordo que quando Márcio me contou que acabara de ser convidado pelo Lula para ser ministro da Justiça eu disse a ele: ‘O Brasil vai ter um grande advogado a defendê-lo’.”

O advogado Celso Vilardi, que atuava com Thomaz Bastos na coordenação da defesa das empreiteiras citadas na Lava Jato, diz ter perdido “um dos meus melhores amigos, a advocacia perdeu um dos melhores advogados de todos os tempos. E o Brasil perdeu uma de suas melhores cabeças.”

A senadora Marta Suplicy também lamentou a morte de Bastos. Em nota, a senadora afirmou que “Marcio Thomaz Bastos deixa um legado de competência, coragem e exemplo de lealdade ao amigos. Um homem de ideias progressistas, serenidade e bom senso. Como ministro da Justiça e presidente da OAB mostrou espírito público. Meus sentimentos à Leonor. Marcio fará falta a todos nós.”

O criminalista Antonio Cláudio Paris de Oliveira, ex-presidente da OAB-SP, disse que “advocacia perdeu um advogado que sempre demonstrou profundo e acendrado amor pela profissão. Provoca um vazio muito grande no momento em que palavras fortes em defesa da advocacia deveriam ser ouvidas.”

Marcus Vinicius Furtado Coelho, presidente nacional da OAB, lembrou em nota que “Márcio será sempre inspiração para a defesa do estado de direito, dos valores constitucionais e dos fundamentos de uma sociedade civilizada. Um brasileiro exemplar, um advogado correto, um jurista de escol, um homem de família, um amigo e conselheiro. O luto institucional se soma a tristeza pessoal pela irreparável perda deste inigualável presidente de sempre do Conselho Federal da OAB.”

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, considerou a morte de Bastos uma “perda irreparável para a democracia brasileira”. Ele apontou que o advogado “se destacou tanto na vida pública e privada pela sua competência singular, tendo intermediado com extrema sabedoria e felicidade conflitos na arena jurídica sem perder a sua grande característica de ser combativo defensor de seus constituintes”.