Ex-pastor evangélico preso foi descoberto pelo Tigre. (Divulgação/Polícia Civil)

De acordo com as investigações, a quadrilha sequestrava gerentes para depois roubar as instituições bancárias

Um ex-pastor evangélico foi preso, pelo Tático Integrado de Grupos de Repressões Especiais (Tigre) – elite da Polícia Civil do Paraná -, suspeito de comandar uma quadrilha que sequestrava gerentes para roubar bancos nos estados do Paraná e Santa Catarina. Além de Ronei Goes Camargo, outras seis pessoas também foram detidas.

Segundo a polícia, após os sequestros, a quadrilha gastava parte do dinheiro comprando veículos e realizando viagens de luxo. O Tigre suspeita ainda que o grupo esteja envolvida com roubos de veículos, venda de entorpecentes e até homicídios.

“Nós conseguimos o reconhecimento deles, a apreensão de armas e veículos roubados com o produto dos crimes, mas continuamos trabalhando para verificar a extensão do que eles estavam fazendo. Pelo fato de que temos informações bem consistentes do envolvimento deles com facções criminosas do Rio de Janeiro e Santa Catarina”, afirmou Luis Fernando Artigas, delegado-chefe do TIGRE.

Apreensões

Foram apreendidos um fuzil, três pistolas, um revólver, farta munição, três coletes a prova de bala, quase R$ 250 mil em espécie, balaclavas, luvas, além de 3,8 quilos de crack. Duas motos e cinco carros comprados com o dinheiro roubado e outros quatro veículos roubados e/ou furtados pela quadrilha para o cometimento dos sequestros foram recuperados.  

A operação do Tigre durou dois meses e aconteceu em Curitiba, Matinhos, Ponta Grossa e Itajaí.

Drogas, armas e dinheiro. (Divulgação/Polícia Civil)

Carros e motos também foram apreendidos. (Divulgação/Polícia Civil)

Leia também: Homem é preso suspeito de casar com adolescente em São Miguel do Iguaçu

Quadrilha Estruturada

Segundo a polícia, se tratava de uma quadrilha extremamente especializada e segmentada, onde cada um tinha uma função específica e o modus operandi era sempre o mesmo. Sendo que o papel mais importante cabia ao ex-pastor, que era ir até o cativeiro e acompanhar os gerentes de bancos até as agências para as retiradas de dinheiro.

Eles acompanhavam os gerentes até os bancos. (Divulgação/Polícia Civil)

Viagens

Durante toda a investigação que culminou com a operação, o Tigre descobriu que após os sequestros e roubos bem sucedidos integrantes das quadrilhas faziam viagens. Depois do roubo ao banco de Jaguariaíva, em maio deste ano, Ronei foi de avião até o Rio de Janeiro, onde foi recebido por representantes de organização criminosa sediada nos morros cariocas, e voltou para o Paraná com um veículo Pajero, lá adquirido com dinheiro proveniente da extorsão mediante sequestro.

Nesta viagem, Camargo foi acompanhado por Camila Alves, com quem mantinha relacionamento extramatrimonial. Era ela quem em troca de dinheiro fornecia a casa para que fossem planejados os crimes e em seguida para que houvesse a contagem e a repartição do dinheiro produto dos crimes. Camila Alves foi presa nesta quarta-feira (18).

Ozéias Troi, conhecido como Batman, e José Vicente Filho foram presos quando se preparavam para realizar um sequestro e posteriormente o roubo a banco no interior do Paraná. Eles foram detidos na região de Palmeira no dia 20 de junho quando estavam viajando para a cidade em que cometeriam os crimes. A dupla estava num veículo Logan, roubado em Curitiba, quando foi abordada por uma equipe do TIGRE. Com eles foram apreendidos revólver calibre 38, colete a prova de balas, duas pistolas calibres 9mm e uma 380, além de balaclavas, luvas e celular.

Marco Antonio Nicleviski foi preso na BR-101 quando vinha para Curitiba. Ele já tinha monitorado toda a rotina de um gerente de banco de uma cidade pequena próxima a Itajaí, em Santa Catarina. Quando foi preso ele confessou para a polícia que havia ajudado no planejamento do sequestro do gerente na cidade catarinense.

Líder da quadrilha preso

No dia 12 de julho os policiais do Tigre chegaram até Ronei Goes Camargo. Ele foi preso em Curitiba juntamente com Dhonata Marques dos Santos. Os dois foram reconhecidos pelas vítimas do sequestro ocorrido na cidade de Matinhos. Com eles foram apreendidos um revólver calibre 38 com numeração raspada, R$ 180 mil e três veículos adquiridos com o dinheiro roubado. Os dois assumiram ter participado do crime em Matinhos. Com o dinheiro foi possível identificar, pela numeração coletada, a origem comprovada no sequestro de Matinhos.

A dupla entregou outros dois comparsas da quadrilha: Liude Meneis da Silva e Rodrigo Pedroso de Moraes — ambos também reconhecidos pelas vítimas em Matinhos. Os dois suspeitos já haviam sido presos em 2014 por roubo a instituições financeiras. Liude foi detido pelo Tigre no início desta semana juntamente com a esposa Lorena Calixto na cidade de Foz do Iguaçu. Com os dois foram apreendidos R$ 69 mil um veículo modelo Fiat Argo, um fuzil calibre 556 utilizado durante os crimes, bem como uma pistola no calibre 9mm, farta munição e 3,8 quilos de crack. A droga era comprada com dinheiro dos sequestros e revendida, aumentando assim os rendimentos da quadrilha.

Foragidos

Moraes segue foragido, assim como outros quatro integrantes da quadrilha: Patrick Leonardo Correa Krutqueviski, Cleverson Camargo Gonçalves (conhecido como Cré ou Gordo) e Luiz Alexandre Canestraro, vulgo “cachorrão”.

Assista à reportagem: