O ex-policial militar Rafael Dantas, que foi preso após disparar mais de 10 vezes contra outro veículo após uma briga de trânsito em Curitiba, foi solto na noite desta segunda-feira (23). O alvará de soltura foi emitido no final da tarde e o homem deixou o Complexo Médico Penal (CMP), na companhia do advogado, por volta das 20h.

A decisão da 2ª Vara Sumariante do Tribunal do Júri de Curitiba estabelece a revogação da prisão temporária, entretanto, determina que Rafael Dantas cumpra algumas medidas:

  • Se apresente na última quinta-feira de cada mês, entre as 9h 1 às 12h, para justificar atividades;
  • Proibido de manter qualquer tipo de contato com testemunhas/informantes do inquérito policial;
  • Recolhimento domiciliar no período noturno.

Liberdade ao ex-PM

Na saída do CMP, Rafael Dantas estava bastante emocionado e chegou a chorar no momento em que conversou com a imprensa. O ex-PM revelou que nunca passou por uma situação como esta e não via a hora de ir para casa.

“Eu só quero agradecer a Deus, neste momento eu estou muito emocionado. Eu só queria ir para casa neste momento, são 45 dias, eu nunca passei por isso. Eu gostaria de falar com os senhores em outro momento”,

contou Thiago Dantas.

Para o advogado Adriano Colle, a justiça foi restabelecida. Além disso, a defesa contou que realizou investigações com provas que sustentam a decisão.

“Restabelecimento da justiça. Rafael Dantas é colocado em liberdade após a concordância do Ministério Público do Estado do Paraná em uma decisão justa. O que tivemos durante todo este caso foi uma investigação da vida pública de Rafael Dantas, da vida de Rafael Dantas, mas quanto ao fato pouco foi investigado. Com relação a vítima pouco foi investigado. A defesa sim fez uma investigação defensiva, trouxe aos autos provas que demonstram a desnecessidade desta decisão. Máscaras começaram a cair e Rafael vai poder voltar à sua família”,

declarou o advogado Adriano Colle.

Rafael Dantas trabalhou na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) entre os anos de 2011 a 2015, época em que fazia a segurança de deputados estaduais. No entanto, após responder alguns processos criminais, solicitou o desligamento da corporação. Em 2018, o ex-PM tentou a carreira política e foi candidato a deputado federal pelo Paraná pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), mas não se elegeu.  

rafael dantas ex policial
(Foto: Reprodução/ Redes Sociais)

Perseguição e tiros

De acordo com a Polícia Civil, a vítima e o suspeito estavam parados em um semáforo na noite do dia 2 de julho, no bairro Capão Raso, em Curitiba, quando ocorreu o desentendimento entre os dois. Irritado, o ex-policial sacou uma pistola e começou a atirar no outro condutor, que empreendeu fuga com seu carro, sendo perseguido por aproximadamente 10 minutos. A situação foi registrada por câmeras de segurança. Assista abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=NCPy6M2r8Wc

Durante a perseguição, Dantas continuou atirando em direção ao carro da vítima e colocou em risco vários pedestres e pessoas que estavam em outros veículos, que chegaram a se jogar ao chão para se proteger dos disparos.

O carro da vítima levou cerca de 10 tiros. Um dos disparos acertou o encosto de cabeça do banco do motorista, que por pouco não foi atingido. O delegado Thiago Nóbrega ressalta que Dantas só parou a perseguição quando o homem abandonou o carro e fugiu a pé. 

“Por sorte não atingiu a vítima, porém, ela teve seu pneu estourado por um disparo de arma de fogo. Ela acabou abandonando o carro e fugindo a pé. Somente nesse momento, quando ela abandona o carro e foge é que o agressor acaba desistindo da perseguição e vai embora”,

diz Nóbrega.

Ainda segundo a investigação, assim que Dantas deixou o local, a vítima ligou para Polícia Militar. No entanto, o ex-policial fez o mesmo e alegou que teria sido vítima de uma tentativa de assalto e trocado tiros com assaltantes. Para o delegado, a versão é fictícia já que todas as testemunhas afirmam que apenas o ex-policial estava atirando

“A vítima em nenhum momento efetuou nenhum disparo no carro do suspeito e todas as pessoas que nós ouvimos confirmaram a versão da vítima, ou seja, que ela foi perseguida. Inclusive, moradores da região tiveram que se abaixar, se esconder, com medo de serem alvejados pelos disparos que eram efetuados em via pública. Todos relataram que o único que atirava a perseguia era esse suspeito”, contou o delegado.

Guilherme Becker
Guilherme Becker

Editor

Guilherme Becker é formado em Jornalismo pela PUCPR, especializado em jornalismo digital. Possui grande experiência em pautas de Segurança Pública, Cotidiano, Gastronomia, Cultura e Eventos.

Guilherme Becker é formado em Jornalismo pela PUCPR, especializado em jornalismo digital. Possui grande experiência em pautas de Segurança Pública, Cotidiano, Gastronomia, Cultura e Eventos.