EXCLUSIVO: "Eles só têm minha confissão. Provas, ninguém tem", diz Roneys, conhecido como 'Maníaco da Torre'
Preso há 7 anos na Casa de Custódia de Maringá (CCM) e condenado a mais de 70 anos, Roneys Fon Firmino Gomes, conhecido como ‘Maníaco da Torre’, deu uma entrevista exclusiva para o apresentador do Balanço Geral, da RICtv, Ricardo de Jesus Souza, o Salsicha. É a primeira vez que ele fala com uma emissora de televisão. Confira abaixo os principais trechos da entrevista:
Infância e tragédia com a mãe
Muito se especulou sobre a infância de Roneys e que a morte da mãe dele, assassinada, teria feito com que ele se tornasse violento. Mas ele nega. “Não tenho trauma nenhum. Nunca teve torre lá na casa onde eu morava. Falaram que minha mãe foi prostituta, nada a ver. Minha mãe foi enfermeira. Ela arrumou uma pessoa errada e quis ‘sair fora’. Ele disse ‘se você for embora, eu mato você’, mas ela não acreditou. Ela trabalhava de madrugada no hospital e tinha as trocas de turno. E ele sabia. Aí ele ficou esperando ela. Quando ela desceu da circular, ele matou ela a facadas”.
Apesar do fim trágico, Roneys afirma que não há trauma com relação a isso, pois considera a madrasta como sua mãe, já que o pai casou de novo após o episódio violento . “Eu era muito pequeno, convivi pouco com a minha mãe verdadeira. Na verdade, minha mãe verdadeira é esta que vem aqui me visitar”, disse.
Casamento, 8 filhos e nova tragédia
Ao se mudar para Maringá para morar com o pai, Roneys foi morar na Vila Operária. Estudou na Escola Municipal Gabriela Mistral, segundo ele, até a quarta série. Abandonou os estudos para trabalhar com o pai, que era mestre de obras.
Casou com 18 anos e teve 8 filhos, um deles fora do relacionamento com a esposa. “Meus filhos sempre me visitam. Minha família tem sido a minha base aqui. Eles não falham, são firmes comigo”, afirma Roneys.
Dois filhos de Roneys já morreram. O primeiro, com poucos meses de vida, tinha problemas no coração. Já o segundo morreu em mais uma tragédia em torno da vida dele: aos quatro anos, brincando com um irmão, foi atingido por um cofre e morreu na hora.
Crimes do ‘Maníaco da Torre’
Ele nega que tenha cometido os crimes. “Eu estava trabalhando com o meu pai, aí chegaram e falaram para eu ir para a delegacia. Cheguei lá, me levaram em uma salinha e me ‘arrebentaram na madeira’ para eu assumir esse monte de mortes de mulher. Meteram uma sacola plástica na minha cabeça e eu falei tudo. Eu não sei ler e mal enxergo. Eu tinha apanhado. Aí eu assinei a confissão”.
Apontado como autor de seis assassinatos e já condenado por três, Roneys questiona as provas usadas pela acusação. “Eles só têm a minha confissão. Mas provas mesmo, ninguém tem contra mim. Eu dei sangue para que fossem feitos exames e nada foi encontrado”, afirmou.
Ele afirma ainda que sequer foi até a torre de transmissão de energia onde os corpos das mulheres foram encontrados e que deram a ele o famigerado apelido. Após um dos crimes, uma parte de um veículo foi encontrada no local e que encaixa perfeitamente no carro usado por Roneys. “Fazia 30 dias que eu havia comprado esse carro. Eu não sei de nada sobre essa peça”.
Vida atrás das grades
Roneys afirma ainda que os anos passados atrás das grades têm sido tranquilos. “Aqui dentro eu faço artesanato e estudo a bíblia. Aprendo com quem sabe mais do que eu”. Roneys é um dos que mais recebe cartas entre os presos. “A maioria traz mensagens de Deus, falam para eu ter força, que eu vou vencer”.
Apesar disso, os primeiros seis meses foram os piores, segundo ele. Foi neste período que o pai de Roneys morreu, após complicações de saúde. Segundo ele, o pai fumava muito e gostava de beber.
Roneys mostra que tem consciência do tempo que deverá passar na cadeia. “Estou condenado a 72 anos, mas por lei ninguém pode ficar preso por mais de 30 anos. Mas isso não importa, porque ficar 30 anos aqui dentro é como ser enterrado vivo”. Hoje com 48 anos, ele deverá ser solto apenas em 2045, quando estiver com 71 anos.