Curitiba - O Corpo de Bombeiros espera encerrar nesta quinta-feira (14) as buscas pelos vestígios das nove vítimas da explosão da fábrica da Enaex, em Quatro Barras, na Grande Curitiba. Além disso, a expectativa é que os funcionários sejam identificados a partir desta sexta-feira (15).

De acordo com Antônio Hiller, coronel do Corpo de Bombeiros do Paraná, o número de agentes nas buscas aumentaram. Além disso, não descartou a possibilidade de cães trabalharem no local.
“Nossa primeira resposta contou com 35 bombeiros. Ontem o efetivo diminuiu um pouco. Mas como estamos na perspectiva de chuva, aumentamos para 30 de novo para realizar esse trabalho de formiguinha, escavando e virando os poucos escombros e buscando esses vestígios”, explicou.
O coronel comparou a cena da explosão na Enaex com uma queda de avião, já que os vestígios dos corpos acabaram ficando soterrados, sendo necessário uso de ferramentas para mexer na terra.
“Quando temos um acidente aéreo, muitas vezes os vestígios ficam cobertos pela terra. Então temos algo semelhante aqui. Durante a explosão, os vestígios acabaram ficando debaixo da terra. A chuva acaba molhando a terra, formando barro que acaba secando depois. Com isso, o solo fica mais compactado, dificultando nas buscas”, disse o coronel.
Como os bombeiros estão realizando as buscas pelas vítimas
Hiller também explicou como os bombeiros estão atuando nas buscas pelas vítimas. Nesta quinta-feira (15) estão sendo realizadas buscas no quadrante nove, onde os agentes chamam de epicentro, já que no local já foram encontrados 50 fragmentos.
“Esse último quadrante central, a expectativa é encerrar os trabalhos entre hoje e amanhã. Queremos intensificar esse trabalho e evitar ter que trabalhar na chuva e talvez consigamos encerrar hoje”, contou o coronel.
Hiller concluiu dizendo que os bombeiros vão utilizar equipamentos de iluminação para garantir a segurança durante os trabalhos dos agentes no local.

Como funciona a identificação após vestígios serem encontrados
O coronel dos bombeiros explicou também que assim que os vestígios são encontrados, os agentes da Polícia Científica são informados para que o trabalho de identificação seja realizado.
“Da parte dos bombeiros, quando algum vestígio é identificado, o pessoal da Polícia Científica é avisado, então existe uma marcação específica com triângulos de acrílico ou com bandeirolas, fixadas no local com uma numeração. Para depois ser coletado e encaminhado para análise”.
Vídeos encaminhados pela comunicação do Corpo de Bombeiros do Paraná mostram onde as bandeiras azuis são colocadas no local das buscas, como explicou o coronel em entrevista para a repórter Beatriz Frehner, da RICtv Curitiba.
Secretário de segurança afirma que mais de 300 fragmentos foram encontrados
De acordo com o secretário de segurança, Hudson Teixeira, o perímetro da explosão foi dividido em nove partes, sendo que oito já foram vistoriados. Além disso, ele afirmou que os agentes encontraram 338 fragmentos durante as operações.
“Foram colhidos no local 338 vestígios, que já foram encaminhados para análise. Nesta manhã foram localizados 50 vestígios que serão encaminhados para a Polícia Científica. Entramos em contato também com Santa Catarina, São Paulo e Distrito Federal para que nos auxiliem para que possamos dar agilidade aos laudos e exames”, explicou o secretário.
Teixeira afirmou também que com a ajuda de outros estados, será possível reduzir o número de dias para que os exames fiquem prontos. A expectativa do secretário de segurança é que o trabalho, que seria de dois meses, seja feito em pelo menos 10 dias.
“Todo trabalho de identificação será feito pela Polícia Científica. Estamos nos empenhando ao máximo e hoje vamos nos estender um pouco mais. Qualquer outro tipo de identificação que não for passado pelos policiais científicos será especulação”, disse o secretário.
Conforme o relato do secretário, todos os materiais coletados já estão em laboratório e que os dados não precisam ser encaminhados aos outros estados, já que o sistema fará o trabalho.

Como andam as investigações
A Polícia Civil do Paraná continua com as investigações das causas da explosão da Enaex que vitimou nove funcionários. O secretário Hudson Teixeira disse que a delegada responsável já está ouvindo testemunhas.
“A doutora Jéssica está ouvindo testemunhas e pediu um relatório técnico para empresa do dia do ocorrido e também dos que antecederam essa catástrofe. As imagens estão sendo periciadas e analisadas pela delegada”.
Teixeira falou também que até o momento, o que se sabe é que a explosão aconteceu após uma troca de turno e também durante uma reunião dos funcionários que assumiram o novo turno.
“Pelo que foi passado, nenhum manuseio de explosivo havia sido feito até o momento. Isso vai ser avaliado ainda com muito critério. Precisamos agora dos laudos do local do acidente, da identificação das vítimas para expedir o atestado de óbito, além de vários outros que a delegada vai pedindo ao longo do inquérito”, concluiu.

Fragmentos analisados
O chefe da divisão operacional da Polícia Científica, Leonel Letnar, após a coleta dos vestígios, o material coletado está sendo analisado e, em seguida, será comparado com o perfil genético dos famíliares para fazer a identificação.
“Fizemos o mapeamento da área, coletamos esse material e enviamos para o necrotério, onde é feito uma triagem inicial. Em seguida, vai para o laboratório para o processamento e depois a análise do perfil genético”, explicou.
Explosão da Enaex deixa nove mortos em Quatro Barras
O secretário de Segurança Pública do Paraná, Hudson Teixeira, confirmou a morte das nove pessoas que estavam desaparecidas após a explosão na empresa Enaex Brasil. A situação ocorreu na fábrica localizada em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba.
A empresa divulgou os nomes das vítimas e lamentou o ocorrido nesta terça-feira (12); veja quem são:
- Camila de Almeida Pinheiro
- Cleberson Arruda Correa
- Eduardo Silveira de Paula
- Francieli Gonçalves de Oliveira
- Jessica Aparecida Alves Pires
- Marcio Nascimento de Andrade
- Pablo Correa dos Santos
- Roberto dos Santos Kuhnen
- Simeão Pires Machado
Enaex: empresa fala sobre ocorrido
A Enaex oferece produtos e serviços de explosivos para a indústria brasileira de mineração a céu aberto, subterrânea e construção civil. A unidade já foi alvo de uma outra explosão, com quatro mortos, no ano de 2004. Veja o comunicado oficial após tragédia.
“É com enorme pesar que a Enaex Brasil comunica a ocorrência de um acidente aproximadamente às 06h00 desta terça-feira, 12 de agosto de 2025, especificamente em uma das plantas de acessórios de iniciação em suas instalações fabris localizadas no município de Quatro Barras, no Estado do Paraná, Brasil.
Como resultado do fato, lamentamos o falecimento de 09 de nossos colaboradores. Eles são: Camila de Almeida Pinheiro, Cleberson Arruda Correa, Eduardo Silveira de Paula, Francieli Goncalves de Oliveira, Jessica Aparecida Alves Pires, Marcio Nascimento de Andrade, Pablo Correa dos Santos, Roberto dos Santos Kuhnen e Simeão Pires Machado. Expressamos nossas mais sinceras condolências às suas famílias, amigos e colegas de trabalho.
Outras 07 pessoas tiveram ferimentos leves, foram atendidas imediatamente e já estão com seus familiares em suas residências.
As investigações das causas do acidente estão em curso. A Enaex Brasil permanece à disposição das autoridades a fim de contribuir para o esclarecimento do ocorrido.
Agradecemos a compreensão de todos e solicitamos respeito à privacidade das famílias neste momento delicado.
Novos comunicados serão publicados de forma ativa e transparente, conforme confirmações oficiais“.
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