Curitiba - A Polícia Civil do Paraná concluiu o inquérito da explosão na fábrica da Enaex que matou nove funcionários, em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). As investigações não apontaram para um crime doloso ou culposo e apontou falhas sistêmicas na gestão de risco da empresa.

De acordo com a delegada Gessica Andrade, os investigadores descobriram falhas na estrutura que poderiam ter contribuído para o acidente.
“Foi feita uma investigação minuciosa que conseguiu chegar a algumas possíveis causas. A questão da estrutura. Era um prédio bem antigo e bastante defasado, com sinais de corrosão. Uma possível contaminação da matéria prima e também tinham algumas violações em procedimentos de segurança que foram apontadas na planta. Além disso, tem a questão da temperatura que já foi apontada”, explicou.
Andrade explicou também que a explosão na fábrica da Enaex não pode ser atribuída a uma pessoa, já que as decisões na empresa eram tomadas por um grupo de pessoas.
“Toda estrutura da empresa é feita por um grupo de pessoas. Não consigo apontar que foi uma pessoa. Todos eram responsáveis por todos os procedimentos”.
A delegada concluiu dizendo que a responsabilidade da empresa foi apontada e voltou a dizer que não foi possível indiciar uma pessoa específica como responsável pelo acidente.
“Foi apontada a responsabilidade da empresa, que foi apontada coisas que poderiam ser responsáveis. Eu não consegui determinar a uma pessoa essa responsabilidade”, concluiu.
Denúncias de funcionários apontaram para uso de equipamentos antigos
Conforme a polícia, denúncias registradas pelos próprios colaboradores em plataforma da empresa apontavam que a unidade onde aconteceu a explosão da Enaex, operava com equipamentos antigos, com sinais de corrosão e que a “dificuldade de controle térmico da mistura explosiva era um problema recorrente”.
“Relatos de trabalhadores e documentos internos revelam um processo de trabalho que beira o rudimentar, altamente dependente da ação humana e de ajustes improvisados quando comparado até mesmo a outras áreas da própria empresa”, afirmou a delegada.
O laudo da Polícia Científica do Paraná (PCIPR) confirmou a explosão teve o epicentro no Carregamento de Cargas Especiais, onde era realizada a produção do booster de um explosivo composto por uma substância formada a partir da mistura entre nitropenta e trinitrotolueno (TNT).
“Somadas às falhas técnicas identificadas pela investigação, as análises periciais indicam que o acidente teve como causa mais provável o atrito das pás do misturador com o pentolite parcialmente solidificado em razão das baixas temperaturas registradas naquela manhã. O frio intenso, aliado a uma deficiência no processo de estabilização térmica e a um ajuste de torque excessivo do equipamento, teria permitido o contato mecânico entre o material e as pás do misturador, gerando energia suficiente para iniciar a detonação”, disse a nota da Polícia Civil.
Relembre o caso
A explosão na empresa Enaex Brasil, uma fábrica de explosivos localizada em Quatro Barras, assustou diversos moradores da Grande Curitiba na madrugada do dia 12 de agosto. A explosão na Enaex foi ouvida por moradores de Quatro Barras, Piraquara, Pinhais, Colombo, Bocaiúva do Sul e até em bairros de Curitiba.
A Enaex oferece produtos e serviços de explosivos para a indústria brasileira de mineração a céu aberto, subterrânea e construção civil. A unidade já foi alvo de uma outra explosão, com quatro mortos, no ano de 2004.

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