Família carregava doações recebidas para o Natal e brinquedos para as filhas que estavam no carrinho no momento do acidente (Reprodução)

Carrinheira e as filhas, atropeladas enquanto puxavam carrinho de recicláveis, utilizavam veículo emprestado e sonhavam em construir a casa própria

Gisele, a carrinheira atropelada, tem dificuldades pra andar e sente muitas dores. As marcas são do acidente do último domingo (23), quando ela e as duas filhas foram atingidas por um veículo na rua Desembargador Motta, na esquina com a Avenida Iguaçu, em Curitiba. O carro estava em alta velocidade e fugiu do local. Imagens de câmeras de segurança mostram o momento exato da batida. Veja baixo!

Vídeo mostra atropelamento em Curitiba

O veículo que desce sentido bairro acerta em cheio o carrinho de recicláveis que é puxado pela Gisele. As filhas, Miriã e Yasmin, estavam dentro do carrinho.

Segundo Gisele, a filha Miriã de 8 anos teve uma crise de asma logo após o acidente e agora está bastante assustada. A menina sente dores pelo corpo, principalmente nas costas. Já a Yasmin, de 4 anos, teve que levar pontos na testa. Foi um desespero para a mãe que mesmo muito machucada só queria saber das filhas, socorridas pelo Siate ao Hospital Evangélico.

Carrinheira atropelada

Gisele trabalha com a coleta de materiais recicláveis desde os 8 anos de idade. Ela mora com as três filhas nesta casa da tia. É uma casa simples de madeira, construída por um grupo de voluntários no bairro Parolin. “Pensei nelas, elas estavam desacordadas. A gente pensa o pior”, diz emocionada a carrinheira.

Gisele conta com a ajuda do bolsa família, mas é do trabalho com os recicláveis que ela garante a maior parte da renda para as despesas e que planeja a construção da casa própria. Por causa do acidente, ela não vai poder voltar a trabalhar tão cedo.

Motorista fugiu do local sem prestar socorro às vítimas (Reprodução)

Doações de Natal 

O Natal da família não foi como Gisele esperava. No domingo, elas voltaram pra casa felizes quando foram vítimas de um atropelamento em Curitiba. O carrinho estava cheio de doações. Brinquedos e alimentos que ela recebeu nas ruas da cidade e que fariam a diferença na noite de Natal.

Por sorte, muita coisa foi recolhida por esta comerciante, mas o carrinho que era emprestado ficou praticamente destruído. É que que o carrinho da Gisele está sem os pneus e, por isso, ela estava trabalhando com o carrinho de uma prima.

Para a carrinheira, é um alívio ver as filhas recebendo alta do hospital. Apesar do motorista ter fugido, ela diz que perdoa o que ele fez. “Se eu visse ele, eu perdoava ele. Errar é humano, só que da próxima vez ele ajude, nem que seja um animal, né?”, conta. Gisele não vê a hora de voltar às ruas com o trabalho de recicláveis para poder recomeçar a vida.

Motorista atropelador

O motorista ainda não foi identificado. Em nota, a Polícia Civil diz que cabe a vítima representar o condutor pelas lesões corporais. E, independentemente da representação, o motorista vai responder por ter deixado o local do acidente sem prestar socorro.

Assista à reportagem completa sobre o atropelamento em Curitiba:

 

*Com informações de Thaís Travençoli