Curitiba - A família do homem baleado por um policial civil em um bar no Centro de Curitiba, na noite da última sexta-feira (26), contou detalhes sobre a ocorrência. Conforme a filha da vítima, os familiares estavam no estabelecimento há cerca de 45 minutos e ainda aguardavam a liberação de uma mesa. Poucos minutos após o homem entrar no banheiro, houve o barulho do disparo.

A confusão entre o homem e o policial civil aconteceu no interior do banheiro masculino. Informações preliminares apontam um desentendimento por conta de um copo na pia, que resultou em uma luta corporal e na sequência no disparo por arma de fogo. O tiro atingiu a região da axila do cliente e perfurou alguns órgãos.
“Ele não pensou duas vezes em atirar no meu pai. Ele falou que mirou no pé do meu pai, mas se tivesse mirado a bala não teria passado pelo pulmão, coração e parado embaixo”, comentou a filha da vítima, Júlia Antunes Reppold Marinho.
A mulher ainda comentou que o estado de saúde do pai é grave e que a primeira cirurgia não teve um bom resultado. “Ontem eu saí do hospital com a pior notícia. O médico disse que não sabe se ele aguenta sair da UTI para a sala de cirurgia. O estado é muito grave, só um milagre”, contou emocionada.
Família de homem baleado por policial pede justiça
A família do homem baleado busca justiça para que o policial responsável por disparar no bar seja punido. A filha da vítima questionou o fato da legítima defesa e o fato do agente estar consumindo bebida alcoólica e com a arma.
“Dirigir e beber não pode, mas beber e portar arma pode?”, desabafou a filha.
A jovem ainda destacou que quando o pai foi encontrado caído no chão do banheiro, um sobrinho questionou o policial e pediu para acionar o resgate. Porém, quando o rapaz olhou o celular do policial, ele estava em ligação com a Polícia Militar do Paraná (PMPR).
“O meu primo falou pra ele, ‘cara, não quero saber o que aconteceu aqui, você precisa saber de primeiros socorros’. Ele falou ‘não’. Ele negou duas, três vezes de ajudar meu pai. Ele é treinado para isso, para prestar socorro. Eu não quero saber o que aconteceu lá dentro. Por que ele se escondeu se foi legítima defesa? Por que ficou escondido três horas dentro do banheiro e saiu com o rosto coberto?”, desabafou a filha.
A moça ainda destacou que os quatro objetos que o pai estava portando era uma carteira, o celular, uma medalha de uma santa e um terço. “Não tem cabimento ler comentários na internet que meu pai é um bandido. Que bandido que acorda todos os dias 5h para ir trabalhar? Que bandido que vai na missa às 7h todo final de semana?”, concluiu.

A defesa da família, representada pela advogada Caroline Matar Assad, destacou que não é comum em um caso como este o suspeito não ser preso em flagrante.
“Não é comum, em um caso como esse, com tudo muito turvo, não temos o que aconteceu ali dentro, tem uma dúvida muito grande, a gente não consegue falar se foi legítima defesa ou não, nesse juízo sumário da delegacia do flagrante para liberar. Eu não posso falar em falha, mas não é comum em um contexto como este você não ter uma prisão já e na sequência uma audiência de custódia”, destacou Caroline Matar Assad.
Bar se manifesta após confusão e homem ferido por policial
O incidente ocorreu no BarBaran, localizado na Rua Alameda Augusto Stelfeld, local movimentado e conhecido na cidade. A direção do estabelecimento divulgou nota lamentando o ocorrido:
“É com profundo pesar que comunicamos um grave incidente ocorrido na noite desta sexta-feira. Durante o funcionamento normal do bar, houve um disparo que resultou em ferimentos a uma pessoa. Prestamos total colaboração às investigações policiais, bem como disponibilizamos todas as informações e imagens de segurança. Reafirmamos nosso compromisso com a segurança de clientes e funcionários e pedimos desculpas a todos que presenciaram esta situação traumática. Este incidente não representa os valores que defendemos.”
A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar as circunstâncias do caso. A Corregedoria acompanha a investigação.
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