Em coletiva de imprensa, realizada na manhã desta segunda-feira (25), o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), falou sobre a ação da Polícia Militar na Cidade Industrial de Curitiba (CIC) na madrugada do último sábado (23). Durante a abordagem em questão, uma empresária foi imobilizada, derrubada no chão e agredida na boca com um soco por um soldado.
O governador admitiu que houve excesso de violência contra Stephany Rodrigues, que foi agredida quando filmava o momento em que um jovem foi arrastado de dentro da própria casa pelos policiais.
“Houve excesso. Claro que a gente não tem o conjunto da obra, o vídeo passa uma parte do problema. Então, por isso, que é aberta uma sindicância para entender o que de fato aconteceu antes, durante, depois, para que aí a corregedoria tome as devidas providências. Nós lamentamos as imagens, o fato, e servem inclusive de exemplo para dentro da corporação para que outros atos desses não aconteçam”,
declarou Ratinho Junior.
Ainda conforme o governante, a ação do policial militar não condiz com o treinamento dado e aceito pela corporação. “Claro que o Governo do Estado, a própria Secretaria de Segurança e o próprio comando da Polícia Militar não admitem esse tipo de abordagem. Nós temos 25 mil homens e mulheres trabalhando na Polícia Militar, todos eles bem treinados e, infelizmente, um ou outro policial acaba tendo um excesso que não está dentro daquilo que é o treinamento do dia a dia”.
Imagens chocantes
O caso se tornou público depois que o vídeo no qual a empresária aparece sendo agredida pelo policial militar viralizou nas redes sociais. Nas imagens chocantes, a mulher está imobilizada no chão por dois PMs, quando um deles desfere um soco contra seu rosto.
A abordagem policial ocorreu em uma operação da Ação Integrada de Fiscalização Urbana (Aifu), após muitas reclamações de moradores contra o barulho e incômodo causados pelos frequentadores dos comércios localizados na rua Raul Pompéia. A RIC Record TV chegou a fazer uma reportagem sobre os problemas enfrentados pelos vizinhos dos estabelecimentos.
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Stephany é proprietária de uma hamburgueria que fica no local. Na ocasião, ela chegou a ser multada em R$ 30 mil porque estava atendendo acima da capacidade de público permitida e porque não fornecia álcool em gel aos frequentadores, conforme determina a atual legislação sobre a pandemia de Covid-19.
No entanto, o que gerou a confusão – que terminou com ela agredida e levada em uma viatura policial por desacato – ocorreu do outro lado da rua, fora de sua hamburgueria. Segundo o relato de Stephany, os policiais retiraram à força um rapaz que fumava narguilé no quintal de sua residência. No vídeo gravado pela empresária é possível ver quando os policiais arrastam o jovem e o portão chega a ser derrubado. Foi então que ela resolveu intervir e declarou que os PMs “passaram dos limites” e ainda ressaltou que nenhum deles usava máscara.
Antes de ser encaminhada ao Fórum Judicial, onde assinou um termo circunstanciado por desacato, Stephany foi levada algemada para receber atendimento médico em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), por estar com a boca e o nariz machucados e sangrando.
Assista aos vídeos da agressão:
O que diz a PM
Em nota, o comando da Polícia Militar ressaltou que a fiscalização ocorreu no local a pedido dos moradores e declarou que foi instaurado um procedimento administrativo para apurar as agressões contra a empresária. Veja na íntegra:
“Em resposta aos questionamentos, a Polícia Militar informa que as ações na região da Cidade Industrial de Curitiba (CIC) no final de semana se deram, conforme informação já enviada em nota anterior, em decorrência de inúmeras denúncias e chamados sobre perturbação do sossego, uso de drogas e aglomerações em via pública com algazarra, ocorridos nos últimos tempos no local.
A PM também lembra que já foi instaurado um procedimento interno sobre a ocorrência da Rua Raul Pompéia, da madrugada do último sábado (24/10), o qual vai ouvir, por exemplo, partes envolvidas e testemunhas. A Corporação não se manifestará durante o andamento do procedimento para não atrapalhar ou interferir nas apurações.”