Homens armados atiraram contra turistas na Caxemira, região sob controle da Índia, e deixaram ao menos 26 mortos e 17 feridos. O ataque é descrito pelas autoridades como o pior contra civis nos últimos anos.

Uma organização chamada “Resistência da Caxemira”, declarou autoria do atentado por meio de uma publicação online. Na mensagem, o grupo manifestou insatisfação com a presença de mais de 85 mil pessoas de fora na região, o que, segundo eles, estaria alterando a composição populacional local.
A polícia chamou o ataque de “terrorista” e culpou os rebeldes separatistas contra o domínio indiano. “Esse ataque é muito maior do que qualquer coisa que tenhamos visto direcionado a civis nos últimos anos”, escreveu Omar Abdullah, chefe do governo local.
Morte de 26 turistas: como foi o ataque
Autoridades policiais confirmaram que pelo menos quatro homens armados, que descreveram como militantes, atiraram à queima-roupa contra turistas. Pelo menos 24 corpos foram encontrados no local – a maioria deles seria de indianos.
Outras duas pessoas morreram a caminho do hospital. E há dezenas de feridos, muitos em estado grave.
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, condenou o que chamou de “ato hediondo” e prometeu que os agressores “serão levados à Justiça”. Ele interrompeu uma visita à Arábia Saudita e deve chegar à Nova Délhi na madrugada de quarta-feira (23), segundo a imprensa local.
Disputa por território
O ataque ocorreu em Pahalgam, um destino turístico muito procurado na Caxemira. A região é dividida entre a Índia e o Paquistão desde a independência do Reino Unido, em 1947, mas os dois lados reivindicam o território em sua totalidade.
Um guia turístico disse que chegou ao local após ouvir tiros e carregou alguns dos feridos a cavalo. “Vi vários homens caídos no chão, parecendo mortos”, disse Waheed, que pediu para ser identificado apenas pelo primeiro nome.
Uma testemunha do ataque contou, sob a condição do anonimato, que os homens armados saíram da mata e começaram a atirar. “Evitavam claramente as mulheres e seguiam atirando nos homens, às vezes com um único tiro e às vezes com várias balas, foi como uma tempestade”, disse.
Tensões entre Índia e Paquistão
Adversários com armas nucleares, Índia e Paquistão reivindicam o controle sobre a Caxemira desde o fim da Guerra Fria. A região de maioria mulçumana registrou uma onda de assassinatos de hindus depois que Nova Délhi restringiu a autonomia do território, em 2019, e intensificou suas operações de contrainsurgência.
Os insurgentes na parte da Caxemira controlada pela Índia têm lutado contra o domínio de Nova Délhi desde 1989. Muitos muçulmanos da Caxemira apoiam o objetivo dos rebeldes de unir o território, seja sob o domínio paquistanês ou como um país independente.
A Índia regularmente culpa o Paquistão por apoiar os grupos armados por trás da insurgência. Islamabad nega e diz apenas apoiar a luta da Caxemira por autodeterminação.
Apesar das tensões, os turistas, atraídos pelo sopé do Himalaia e pelas casas flutuantes com decoração requintada, eram poupados dos ataques. Com o turismo incentivado por Nova Délhi, a região recebe milhões de visitantes, que desfrutam da paz mantida por portos de controle, blindados e soldados em patrulha.
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