Escultura ‘Não-violência’, que fica próxima da ONU, tem 16 cópias espalhadas pelo mundo; esta fica na Normandia (Foto: Pixabay)

Mesmo melhorando, o estado tem uma taxa de assassinatos por habitante igual à da América Central, onde ficam os países mais violentos do planeta

A crueldade de tantos homicídios sugere um cenário de violência sem-fim e sugere que o total deles está sempre aumentando, mas, segundo o Atlas da Violência 2017, que reúne dados até 2015 e foi divulgado na semana passada, não é o que vem acontecendo no Paraná.

A taxa de homicídios a cada 100 mil habitantes teve uma queda pequena (2,2%) entre 2014 e 2015, mas uma queda importante em um intervalo maior: 2015 teve 23,4% a menos de homicídios que 2010. Apenas Espírito Santo e Alagoas tiveram, como o Paraná, quedas acima de 20% nesses cinco anos.

Em 2010, foram 3586 pessoas assassinadas, e em 2015, 2936. Isso significa uma queda de 9,8 para 8 pessoas assassinadas por dia, uma diferença maior do que parece porque a população paranaense aumentou 700 mil pessoas no período (de 10,4 milhões para 11,1 milhões).

A taxa de homicídios, com a exceção de um pequeno aumento de 2011 para 2012, vem caindo no estado ano a ano desde 2009.

Comparável aos países mais violentos

A diminuição é uma boa notícia, mas o Paraná ainda está longe de uma taxa de homicídios razoável. A taxa média nas Américas, o continente com o maior índice de assassinatos por habitantes do mundo, e onde ficam vários dos países mais violentos, é de 16,3 pessoas por 100 mil, segundo estudo da ONU com dados de 2013. Isso é menos do que o Paraná, que em 2015 teve uma taxa de 26,3 (em 2010, ela foi de 34,3).

A ONU faz também uma divisão dos assassinatos pelo mundo em 19 sub-regiões. O sul da África, nesse caso, lidera em homicídios, e a América Central, isolada do restante das Américas, fica em segundo. Na comparação com essa lista, o Paraná ficaria empatado com a América Central.

Ainda assim, o estado não está entre os mais violentos do Brasil. Em 2015, foi o 20º em número de homicídios por habitante entre os 26 estados mais o Distrito Federal. Em 2010 é que estava próximo dos mais violentos, na 10ª posição.

Piraquara iguala Honduras

Como publicado pelo RIC Mais no dia em que o Atlas da Violência saiu, duas cidades paranaenses estão entre as 30 mais violentas do país – Piraquara, em 8º lugar (a única entre as 10 mais violentas que não fica no Nordeste), e Almirante Tamandaré, em 17º.

A taxa de homicídios por habitante de Piraquara igual a de Honduras, o país mais violento do mundo no relatório da ONU sobre 2013.

Entre as 30 cidades com menor taxa de homicídios no Brasil, o Paraná tem apenas Maringá, em 30º.

Já Curitiba apresenta um índice de assassinatos levemente acima do estado como um todo – na capital, são 27,6 mortos para cada 100 mil.

Diminuição segue

Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Paraná, o número de homicídios no estado segue diminuindo.

Curitiba e região metropolitana se destacam nessa queda, tendo registrado, nos três primeiros meses de 2017, o menor número de homicídios dolosos (com intenção de matar) dos últimos dez anos, segundo a SSP. Foram 227 homicídios em Curitiba e RCM somadas no primeiro trimestre deste ano, contra 324 no mesmo período em 2016.

No Paraná, a queda foi de 683 para 585 assassinatos na comparação do começo de 2016 com o começo de 2017. Os números da Secretaria são próximos, mas não iguais, aos do Atlas da Violência.

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