Uma idosa de 69 anos está a 13 dias intubada na Unidade de Pronto Atendimento Brasília em Cascavel, no oeste do Paraná, à espera de um leito de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) exclusivo para covid-19. A história de Salete Gross não é única, ela representa o drama que milhares de famílias vêm enfrentando no Paraná e no Brasil com o agravamento da pandemia do novo coronavírus.

Maycon dair Gross, filho de Salete, conta que a mãe sentiu os primeiros sintomas da doença no dia 24 de fevereiro. Na ocasião, ela e o marido, Laury Alcides Gross, relataram que não estavam com tosse, mas se sentiam muito cansados e apresentavam febre. No dia seguinte, 25 de fevereiro, os dois testaram positivo para covid-19

Indagada sobre onde poderia ter se contaminado, a idosa relatou que nos dias anteriores esteve em um hospital para pacientes de câncer e ficou por aproximadamente quatro horas no local. Como, segundo ela, havia cerca de 400 pessoas aguardando atendimento, ela disse acreditar que poderia ter contraído o novo coronavírus naquela circunstância. 

Ao contrário do esposo, que se restabeleceu sem precisar ser hospitalizado, Salete não evoluiu bem e no dia 3 de março foi levada pelos filhos à UPA. Maycon relata que eles decidiram levar a mãe ao local porque ela estava muito fraca, não conseguia se alimentar e estava passando mal. Três dias depois, em 6 de março, a família recebeu a notícia de que a idosa teve que ser intubada fora de uma UTI, pois não havia leito disponível.

Desde então, a falta do leito de UTI atormenta os familiares de Salete que já a viram vencer um câncer de mama e uma tromboembolia pulmonar, mas agora temem que ela não resista a tantos dias de espera.

“Está difícil aparecer leito para ela, não só para ela, para todo mundo. Estão falando para nós que tem 70 pessoas na frente dela”, lamenta Maycon. 

Maycon explica que na noite de quarta-feira (17), o quadro de saúde da mãe se agravou após ela apresentar um pneumotórax, que é quando o paciente está com ar na cavidade pleural. A situação que pode acarretar em um colapso pulmonar foi contornada pela equipe médica com um dreno. Mas mesmo assim, na sequência, Salete sofreu arritmia cardíaca.

Nesta quinta-feira (18), a informação que recebeu da UPA é de que até o início da tarde a mãe permanece em estado grave, porém seu quadro de saúde é considerado estável. 

Ocupação de leitos de UTI em Cascavel

De acordo com o boletim da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), nesta quinta-feira (18), a taxa de ocupação das UTIs do Sistema Único de Saúde (SUS) exclusivas para covid-19, destinadas para adultos, está em 97% no Paraná. Na macrorregião oeste, a qual pertence o município de Cascavel, a ocupação é de 98%, dos 287 leitos de UTI, 282 estão ocupados e cinco permanecem livres. 

No boletim da Secretaria de Saúde Municipal, atualizado também nesta quinta-feira (18) às 12h30, a ocupação dos leitos de UTI SUS de Cascavel, exclusivas para covid-19, está em 98,91% e os leitos de enfermaria em 80,70%. 

No mesmo comunicado, é possível ver que Cascavel já registrou 481 óbitos pelo novo coronavírus, 91 pacientes permanecem internados em UTIs e 46 em leitos de enfermaria. Outros, 528 fazem isolamento domiciliar. Ao todo, existem 665 casos ativos na cidade.

Até quarta-feira (17), os dados ainda não foram atualizados pela Sesa nesta quinta, em todo o estado do Paraná 1.343 pessoas aguardavam leitos exclusivos para covid-19: 708 necessitando de encaminhamento para UTIs e 635 para leitos de enfermaria.