Irmã de caminhoneiro desaparecido revela angústia: "Dá vontade de ir lá cavar com a mão"
A empresária Marina de Souza Iavorski é irmã de uma das possíveis vítimas da tragédia na BR-376. O caminhoneiro Márcio Rogério de Souza, de 51, saiu de Joinville (SC) com destino a Curitiba na tarde da última segunda-feira (28), mesmo dia do deslizamento que deixou um rastro de destruição no km 669 da rodovia. De acordo com a irmã, o último contato foi por telefone e na conversa, o motorista declarou que não sabia se seguiria pela BR-277 ou pela BR-376.
A angústia da família aumentou depois que eles identificaram o veículo dirigido por Souza entre os atingidos na BR-376, em Guaratuba, no litoral do Paraná, onde ocorreu um deslizamento de terra na rodovia. Até a manhã desta quinta-feira (1º), o Corpo de Bombeiros havia encontrado dois corpos no local. Pelo menos seis pessoas foram resgatadas com vida – todas na noite de segunda-feira.
“Meu Deus, é uma sensação horrível, angustiante, um sentimento de impotência. Dá vontade de ir lá e cavar com a mão mesmo”, desabafou a empresária, em entrevista ao Estadão. “A gente não tem informação nenhuma, não sabe para onde foi. Já fomos em todos os hospitais de Curitiba e ele não está em nenhum. Polícia e bombeiros estão fazendo o possível, mas não conseguiram nada até agora”, contou.
Marina disse que o irmão, que é pai de três filhos, estava viajando com o caminhão descarregado e que seguiria viagem depois que carregasse o veículo com peças automotivas em Curitiba. “Nós conversamos cerca de meia hora antes, eu mandei um ‘print’ para ele, dizendo que estava tendo deslizamento ali na serra. Aí não falei mais. Mandei mensagem umas 9 horas da noite (de segunda) e ele não recebeu mais”, afirmou.
Na madrugada de terça-feira (29), por volta das 4h, a irmã do caminhoneiro rastreou o veículo. “Pensei que estava parado na serra, mas infelizmente é um dos que estão lá dentro do buraco. Está dando no mato. E depois com as imagens deu para confirmar que é mesmo o caminhão dele que está lá”, explicou. “A gente tenta pensar que pode ser que ele tenha conseguido escapar, mas nem sei o que te falar”, disse.
Uma das duas pessoas encontradas mortas no local foi identificada. Trata-se de João Maria Pires, de 60 anos. Ele era caminhoneiro e morador de São Francisco do Sul (SC). O outro corpo achado ao lado de um carreta foi encaminhado para o Instituto Médico-Legal (IML) de Curitiba e aguarda identificação
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. Por Ederson Hising, especial para o Estadão