Familiares de Caroline Beatriz Olímpio, de 19 anos, que morreu após ser atropelada por um veículo que participava de um racha na rua Professor Pedro Viriato Parigot de Souza, na Cidade Industrial de Curitiba, falaram sobre a perda da jovem durante o velório que ocorre nesta sexta-feira (13). 

Em estado de choque e visivelmente abalados, os familiares ressaltaram que esperam que os envolvidos não fiquem impunes por tirar a vida de Caroline

“Ele tirou os sonhos da minha neta. A vida dela era estar no quarto estudando”, declara Rosa Aparecida da Cunha, a avó de Caroline, sobre o motorista do veículo.

Valdirene da Cunha, mãe da jovem, contou que viu a filha viva pela última vez na madrugada de quinta-feira (12), quando entrou no quarto de Caroline para se despedir porque iria viajar: “Duas e dez da madrugada, eu fui lá no quarto, dei um beijo nela, me despedi porque eu estava indo viajar, foi a despedida, mas era ela que estava indo”.  Emocionada, ela ainda completa que não sabe o que pensar diante de uma perda tão grande: “É muito difícil, acho que vai ser quase impossível aceitar a perda. Eu não sei o que pensar. Ele tem que pagar”. 

Caroline foi atropelada quando atravessava a rua em direção a Universidade Positivo (UP) para tirar a cópia de um trabalho da faculdade. Com a força do impacto, ela foi arremessada a cerca de 10 metros e morreu antes da chegada do socorro

Ainda na quinta-feira, um tio de Caroline falou que a família soube da morte da estudante pelo reitor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), onde a jovem cursava Arquitetura e Urbanismo. 

“O reitor ligou para a mãe e a mãe ligou para o marido dela, que ele tinha ido comprar alguma coisa, que eles iam viajar hoje. A pior parte é você saber que foi um racha, não sei o que falar, isso não pode continuar assim. A Caroline era uma menina super dedicada para ter uma ideia, ela estava estudando agora nas férias dela, ela pegou aula na faculdade, só estudava, saia 6h da manhã de casa e voltava 8h da noite”, disse Celso da Cunha. 

Motoristas presos por racha 

Fernando Rocha Fabiani, de 26 anos, conduzia o veículo que atingiu a universitária e foi detido ainda no local. Ele aguardou pela chegada dos policiais. Já Nicolas Henrique Castro, de 22 anos, fugiu e se apresentou horas mais tarde na Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran), juntamente com um advogado. 

De acordo com o delegado Edgar Santana, da Dedetran, os dois motoristas foram presos em flagrante e admitem que trafegavam em alta velocidade, mas negam que disputavam um racha. No entanto, para a investigação não existem dúvidas que ambos participavam de uma corrida em via pública

“A Polícia Civil conclui o auto de prisão em flagrante, esses dois indivíduos foram autuados por homicídio com dolo eventual, previsto no Código Penal, e por também participar de corrida ou disputa automobilística não autorizada, o famoso racha. Em relação ao senhor individuo que se evadiu do local, ele também vai responder por afastar-se do local do acidente”, explica Santana. 

Ainda conforme o policial, a corrida entre os dois veículos foi registrada por câmeras de segurança e testemunhas, entre elas um passageiro que estava no carro de Fernando, foram enfáticas ao afirmar que os dois estavam a cerca de 100 Km/h e praticavam manobras perigosas

“Eles passaram por mim, um passou pelo lado direito e outro pelo lado esquerdo, eu ia entrar na Positivo [Universidade] e até me assustei que ele me ultrapassou pela direita em alta velocidade. Logo depois eles subiram a lombadinha, eu escutei que tinha barulho e a menina já estava caída morta no meio dos dois carros”, conta Jackson Kossatz. 

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Fernando, à esquerda, e Nicolas, à direita. (Foto: Reprodução/RIC Record TV)

“Eu já estava no sinaleiro a hora que eles passaram, eles estavam ultrapassando, um pela direita, outro pela esquerda, eles estavam emparelhando, os dois carros de vocês não estavam a 80 não, tá querido. Vocês assumiram muito bem o risco na hora que vocês mataram essa menina”, declarou indignada uma condutora no dia atropelamento. 

Os suspeitos permanecem detidos na DEDETRAN a espera da Audiência de Custódia que deve ocorrer entre esta sexta-feira (13) e sábado (14). 

Protesto

Na noite desta quinta-feira (12), familiares e amigos de Caroline, apoiados de moradores da região onde ocorreu o atropelamento, participaram de um protesto com o intuito de chamar a atenção para a falta de segurança no trânsito. 

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FOTO: NADER KHALIL/ RIC RECORD TV