Uma jovem, que prefere não se identificar, contou ao Balanço Geral Curitiba a história de terror que viveu com o homem que dizia amá-la em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba. Foram quatro anos de agressões físicas, estupros, abusos psicológicos, sofrimento e até mesmo perda financeira.
Hoje com 22 anos, ela explica que tudo começou quando conheceu o homem em uma academia da cidade. Na época, ela tinha 16 anos e ele 35, mas a diferença de idade não parecia ser um problema, pelo contrário, tudo corria bem e ele aparentava ser uma pessoa normal.
As agressões só começaram quando o casal passou a viver na mesma casa. Já no primeiro mês, durante uma crise de ciúmes, a jovem foi espancada pelo namorado. “Foi por conta de ciúmes. Eu não tinha feito nada. Ele, na cabeça dele, eu tinha feito alguma coisa. Chegamos em casa, ele começou a me dar vários chutes e socos na minha coxa esquerda. Eu fiquei por uma semana sem andar direito, não conseguia treinar, não conseguia fazer nada”, lembra.
Daí para frente, o cenário só piorou, mas como ela havia se desentendido com a família, não soube a quem pedir abrigo ou socorro e continuou sob jugo do companheiro.
Já em 2019, o homem passou a obrigá-la a consumir bebidas alcoólicas, ecstasy e dietilamida do ácido lisérgico (LSD) para, na sequência, gravar vídeos da jovem drogada. Essas imagens, inclusive, eram usadas em suas ameaças e chantagens, juntamente com gravações feitas em momentos íntimos do casal.
Segundo o relato, ela era obrigada a ter relações sexuais com o namorado e, além disso, ser filmada e fotografada. Caso reclamasse, a consequência eram mais agressões físicas.
“Várias vezes eu tive que tomar bebida alcoólica ou usar algum tipo de substância para ele me deixar vulnerável, para ele fazer o que ele queria comigo. Nesses episódios de ele fazer o que ele queria comigo, ele tirava foto de mim, fazia vídeos. Tanto que no celular dele havia várias fotos e vídeos íntimos nossos”,
conta.
Logo, ele passou a também controlar o dinheiro da namorada. Em março de 2020, quando ela recebeu uma indenização pela morte da mãe, o valor de R$ 200 mil foi para sua, mas quem gastou foi ele.
“Ele fez investimento em carros, motos, comprou celular, comprou TV. Ele tem como me devolver esse dinheiro, mas ele não quer me devolver de má fé mesmo. Tanto que ele está até construindo um sobrado com o dinheiro que é da morte da minha mãe”,
explica.
Somente há cerca de um mês, a vítima teve forças para sair da residência em que morava com o agressor, ir para a casa de parentes e procurar a polícia. Diante das informações, a Justiça expediu uma medida protetiva contra o ex-companheiro. Agora, o homem não pode chegar a menos de 100 metros de distância da mulher que tanto maltratou e abusou, mas isso não significa que o medo acabou.
“Eu estou me sentindo bem insegura, vulnerável por tudo o que acontece e por tudo o que estou tendo que passar ainda. Está bem difícil para viver. Eu não tenho segurança para sair na rua, não tenho segurança para nada”,
desabafa.
Ela ressalta que apesar da distância, o pesadelo ainda parece estar longe do fim. Ele se negou a entregar os pertences da mulher, como roupas, computador, celular e carro, e ainda usou o smartphone dela para fazer transferência de mais de R$ 18 mil em seu favor.
“Eu quero pelo menos recuperar o meu dinheiro, meu celular e meu notebook que são minhas ferramentas de trabalho. Está tudo com ele. Eu estou sem minhas roupas, sem nada. Ele me deixou sem dinheiro, sem vida, sem dignidade também. Ele realmente acabou com minha vida”,
completa.
A RIC Record TV entrou em contato com o acusado. Por telefone, ele negou as agressões e declarou que a ex-namorada é “surtada”.
“Eu sou inocente. Ninguém consegue provar ao contrário. Eu não forçava nada! Tenho testemunhas de todos os amigos e referências possíveis. Ela é surtada e eu não estou falando isso por opinião. Isso é fato. Isso é coisa médica. É o médico que está falando, não sou eu”, disse o homem.