A irmã de Efrain Silva Trindade, de 30 anos, assassinado dentro da residência em que vivia com a família no bairro Sítio Cercado, em Curitiba, durante a madrugada desta quinta-feira (5), por volta da 1h30, foi obrigada pelos criminosos a ver a execução do próprio irmão.
Segundo a jovem, que não quis se identificar por medo, os bandidos invadiram a casa e enquanto um deles entrou em seu quarto, o outro foi até o quarto da vítima e bateu dizendo que era a polícia. “O cara veio que começou a falar, ‘cadê a arma?’, ‘cadê a arma?’, ‘cadê o cara?’ e eu fiquei quieta. O outro parceiro que estava com ele parou no quarto ao lado e falando bem assim ‘é a polícia’. Então, o meu irmão abriu a porta achando que era a polícia, com as mãos para o alto”, explicou a jovem.

Assim que Efrain abriu a porta, ele foi dominado por um dos assassinos e sua irmã forçada a ver a consumação do crime. “Nesse momento, o outro cara que estava comigo no quarto estava apontando a arma pra mim, pra mim ficar quieta e não sair dali. Só que eles quiseram que eu visse o assassinato. Eles me levaram até o corredor, onde aparece o quarto dele e falaram ‘olha ali, olha ali’ e se eu olhasse pro lado eles batiam com uma arma na minha cabeça e eu voltava a olhar. Foi completamente horrível, uma cena cruel, uma cena fria. Como que um ser humano pode fazer isso? Foi vários tiros na cabeça, pra matar mesmo, o meu irmão não teve nem reação porque ele nem sabia o que tava acontecendo”, contou a testemunha.
“Ele morreu na hora, estava totalmente baleado na cabeça. Caído pra fora da cama e metade do lado do travesseiro. É uma situação horrível de uma irmã ser ver e ainda ver mais seu irmão morto, e atirarem na sua frente e você não poder fazer nada, nada, nada”, disse aos prantos.
Crimes interligados
Segundo apurado pela RIC Record TV, tudo começou há cerca de 10 anos quando Efrain foi testemunha de um crime e seu depoimento acabou condenando o assassino Cleber de Souza Guimarães. Ele, então, teria jurado Efrain de morte e, há alguns meses, quando deixou a prisão, passou a ir atrás de sua vingança.
De acordo com a polícia, Efrain só sobreviveu porque conseguiu fugir de Cleber durante um atentado. “O Cleber inclusive teria tentado matar o Efrain, o Cleber teria colocado o Efrain dentro do seu veículo, passado a agredi-lo, inclusive com coronhadas de arma de fogo. Mas o Efrain percebendo que a situação estava ficando perigosa, pulou do veículo ainda em movimento, mas ainda assim foi alvejado duas vezes”, disse o delegado Victor Menezes.
Conforme a irmã de Efrain, ele chegou a ficar escondido depois da tentativa de assassinato, mas acabou voltando para casa. “Ele voltou no período do dia 18 [novembro], por aí, só que ele ficou escondido dentro de casa, ninguém via ele, ele ficava dentro de casa, no quarto, trancado”, explicou.

No dia 4 de dezembro, Cleber foi executado com cerca de 10 tiros também no bairro Sítio Cercado. Na ocasião, ele estava em um veículo roubado quando foi surpreendido por um homem que se aproximou de bicicleta e efetuou os disparos contra o motorista. A Polícia Civil investiga se o homem que aparece que matou Cleber, e foi filmado por câmeras de segurança, era Efrain.
“Então, temos uma sequência e tudo leva a crer, que existe uma conexão”, declarou o delegado.
Ainda segundo Menezes, Cleber tinha envolvimento com o tráfico de drogas, já contra Efrain não existe nada comprovado. “O Cleber tinha envolvimento com o tráfico de drogas, tudo leva a crer que prosseguia nesse mesmo destino. O Efrain, ele ainda não tinha passagens policiais, mas isso significa o que, que ele não tinha registro, ele podia simplesmente não ter sido preso ainda. Mas ele tinha muito conhecimento nessa área do crime, andava com pessoas que estavam implicadas no tráfico de drogas”,
Outro crime que também tem ligação com os assassinatos, é um jovem que foi baleado, no Alto Boqueirão, pouco tempo antes de Efrain ser morto, também na madrugada de quinta-feira (5). Conforme a irmã, a vítima era um primo que foi obrigado a contar onde o alvo da execução estava escondido. “Eles sabem que o Efrain e o […] tem uma grande relação de amizade, de primos. Então, dessa maneira, eles ameaçaram o […] pra que contasse onde o Joaquim estava”, confirmou a irmã.