
A Justiça permitiu que a família de Tatiane Spitzner pague um perito para inspecionar o apartamento de onde a advogada caiu
A juíza da Paola Gonçalves Mancini, da 2ª Vara Criminal de Guarapuava, autorizou nesta segunda-feira (13) que a família da advogada morta após cair de prédio, Tatiane Spitzner, tenha acesso ao apartamento onde a tragédia aconteceu para a realização de uma perícia particular e retirada dos pertences pessoais da jovem. Segundo o documento, os procedimentos deverão ser acompanhados por um agente policial.
Em relação a retirada de objetos e itens do apartamento, a Justiça estabeleceu que sejam mantidos todos os móveis e pertences da sala e sacada, onde supostamente ocorreram os fatos.
Marido da advogada morta no Paraná
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) denunciou, no dia seis de agosto, Luis Felipe Manvailer, de 32 anos, pelos crimes de homicídio qualificado com quatro agravantes – motivo fútil, dificultar a defesa da vítima que era mais fraca, crime contra a mulher e por caracterizar violência doméstica e familiar- , fraude processual porque levou Tatiane morta de volta ao apartamento e limpou o sangue no elevador e cárcere privado porque impediu que a jovem se afastasse dele durante a discussão que ocasionou na queda da advogada.
Em nota, a defesa do acusado, informa que o processo apuratório não se encontra efetivamente concluído e qualquer um que emita um posicionamento estará tratando de hipóteses especulativas. Luis Felipe nega que tenha jogado a esposa do quarto andar.
Testemunhos de relação abusiva
Testemunhos colhidos pela Polícia Civil e que embasaram a acusação do MP-PR contra a Felipe, relatam que o casal vivia uma relação abusiva e que por inúmeras vezes Tatiane falou que gostaria de se separar do marido.
Entre as histórias contadas, estão: um episódio em que Manvailer rasgou uma shorts da esposa, depois que mexeram com ela na rua; que Tatiane já havia reclamado que o marido era grosseiro e possessivo e que, inclusive, quando ela falou com ele sobre a separação, sua atitude foi chutar uma garrafa que estava em sua frente; que a vítima também teria relatado que o marido a diminuía, humilhava, inventava apelidos vexatórios e, muitas vezes, dizia ter nojo e ódio dela, entre outros.
No testemunho do pai de Tatiane, Jorge Spitzner, ele lembra que na época em que o casal viveu na Alemanha, uma colega de trabalho de Tatiene percebeu marcas no braço da jovem e que ela usava roupas longas mesmo em dias quentes, possivelmente para escondê-las.
Imagens das câmeras de segurança

Câmeras de segurança do prédio onde o casal morava registraram o momento em que o os dois chegam no edifício. Nas imagens é possível ver que Luis Felipe agride a mulher dentro do carro ainda na rua e que, na sequência, os agressões continuam na garagem e no elevador. Também fica nítido quando a advogada corre do marido no estacionamento e depois tenta fugir dele em direção ao elevador.
Homenagem para Tatiane Spitzner
No sábado (11), centenas de pessoas, incluindo familiares e amigos de Tatiane Spitzner participaram de um ato em sua homenagem em Curitiba. Organizado pela Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná, durante a caminhada, as pessoas usavam camisetas com os dizeres “Violência deixa marcas, não vê-las deixa feminicídio”.
Relembre a morte da advogada no Paraná
O casal estava em uma casa noturna, na madrugada do dia 22 de julho, quando a jovem pediu para ver o celular do marido. Com a negativa de Luis, uma discussão teria iniciado e se agravado após a chegada dos dois no apartamento onde viviam. “Ele disse que estava junto com a esposa comemorando o aniversário em um lounge lá da cidade de Guarapuava quando de repente a esposa dele pediu para dar uma olhada no celular dele. Ele se negou a que ela examinasse o celular e daí começou a discussão que se acalorou quando eles já estavam em casa”, disse o delegado Francisco Sampaio, da Polícia Civil de São Miguel do Iguaçu.
Na sequência, segundo o depoimento do marido, ela foi para a sacada e se jogou do quarto andar. “Lá ela tentou sair correndo, avançou sobre ele, ele foi de acordo com ele, ele somente segurou ela sem fazer força, ela se desvencilhou dele e teria rumado para a sacada, quando sem mais nem menos, de acordo com a versão dele, ela teria se jogado”, contou o delegado.
Uma testemunha contou à equipe da RICTV Curitiba|Record PR que presenciou partes do acontecimento. “De onde eu estava de cima, não dava para ver o corpo dela, porque ela caiu do lado do meu carro. Nisso, eu vi que o Luis Felipe saiu chorando de lá.. não sei o que ele foi fazer. Eu desci correndo e foi aí que eu chamei o bombeiro. O bombeiro não atendeu e, aí, eu falei para ele: ‘deixa aí que eu to chamando o bombeiro’. Ele me olhou e disse: “Não adianta, ela já está morta”, contou uma testemunha à equipe de reportagem da equipe da RICTV Curitiba |Record PR.
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