Talita Meireles, a suspeita de ter tentado raptar um bebê na maternidade do Hospital do Trabalhador no dia 12 de julho deste ano, teve a prisão preventiva revogada e ganhou liberdade nesta quinta-feira (29). A Justiça decidiu pela soltura, mas impôs alguns requisitos que a jovem, de 23 anos, terá que cumprir. Entre eles, está a obrigatoriedade de tratamento psicológico imediato. O advogado de Talita, Paulo Jean da Silva, defende que ela cometeu o crime pois estava “em depressão” após, segundo ele, “sofrer um aborto”.

O alvará de soltura foi lavrado nesta quarta-feira (28) e, hoje (29), Talita deve deixar o Complexo Médico Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, onde estava internada. Veja todas as medidas que a jovem deverá cumprir:

  • Proibição de ausentar-se da Comarca de Curitiba e Região Metropolitana sem autorização judicial;
  • Comparecimento bimestral em juízo para justificar suas atividades (suspenso enquanto vigorar o quadro
  • pandêmico e a normativa do TJPR);
  • Proibição de manter qualquer tipo de contato com a vítima ou outro familiar, seja pessoalmente ou por meios eletrônicos, ainda que por interposta pessoa;
  • Proibição de acesso a maternidades, sejam públicas ou privadas e;
  • Adesão a tratamento médico/psicológico tão logo seja colocada em liberdade.

Na decisão pela soltura, a juíza Gabriela Scabello Milazzo, da Vara de Infrações Penais Contra Crianças, Adolescentes e Idosos de Curitiba, justifica que Talita não preenche mais os requisitos da custódia cautelar, ou seja, da prisão preventiva. Ainda, argumenta que existem diligências sobre o caso que ainda deverão ser realizadas e o fato de que a jovem não tinha outras passagens pela polícia.

No texto, a juíza frisa que a suspeita não teria tendência a cometer novamente crimes, visto que teria tentado raptar o bebê em “efeito puerperal” e dá o prazo de 15 dias para que a defesa de Talita apresente um comprovante de que a jovem iniciou tratamento psicológico e está fazendo um acompanhamento médico.

O advogado de Talita, Paulo Jean, afirmou que a Talita “não precisa de prisão e sim de tratamento”, e explicou quais os próximos passos da defesa.

“A defesa vai trabalhar e vai conseguir comprovar no andamento e na instrução processual, que em todos os crimes à ela imputados não existe uma responsabilidade penal. Existiu o delito, existiu uma tentativa de subtração de criança, que não ocorreu, e a responsabilidade penal será afastada. […] a defesa nunca disse que não foi cometido nenhum crime, disse que ela não teria condições para responder, haja visto o seu estado emocional”.

disse o advogado.

Ao ser questionado sobre a afirmação da jovem, em depoimento na delegacia, que tinha sofrido um aborto e feito um procedimento de curetagem na Maternidade Curitiba – fato que foi desmentido pela polícia, que verificou que não há nenhuma entrada de Talita na instituição e que ela nunca esteve internada no local – o advogado disse que ela criou isso. “O estado puerperal que ela passava, a fragilidade emocional dela, que criou essa situação. Então ela imaginando estar grávida, ela pensando estar grávida, ela concluiu que estava abortando, ela criou toda essa situação pelo transtorno psiquiátrico que ela estava passando”, disse Jean.

(Foto: RIC Record TV Curitiba)

Jean ainda disse que Talita estava grávida, mas não foi claro sobre se tratar de uma gravidez biológica ou psicológica.

“Ela estava grávida, quer seja de forma física, quer seja de forma emocional, ela estava grávida, de uma dessas formas ela estava. Lembrando que a pseudociese, ou a falsa gravidez, ela não deixa de ser uma gravidez, o qual traz traumas incalculáveis na mente de uma mulher”.

argumentou o advogado.

Relembre o crime

Talita ​foi barrada na noite do dia 12 de julho, enquanto tentava sair do Hospital do Trabalhador com o bebê recém-nascido. Um segurança estranhou o fato da jovem estar sem a pulseira de internação da unidade e impediu que ela saísse com a criança. 

Talita teria vestido uma roupa de enfermeira, ido até o quarto de uma mulher que estava com o filho recém-nascido e dito que levaria o bebê para fazer exames. Sem suspeitar da real intenção da jovem, a mãe liberou a criança.

Em nota, o Hospital do Trabalhador informou que essa foi a primeira vez, em 27 anos de funcionamento, que a unidade registrou esse tipo de situação. Ainda, a instituição destacou que o crime foi impedido devido aos protocolos de segurança da unidade.

Daniela Borsuk

Editora-chefe

Daniela Borsuk é editora-chefe do portal RIC.com.br. Formada pela PUC-PR, tem pós-graduação em Jornalismo Digital e cursos voltados à gestão e liderança. Trabalha com jornalismo hard news desde 2016. Atualmente se dedica a matérias das editorias de Segurança, Política, Cultura, Serviços e cobertura de casos de repercussão.

Daniela Borsuk é editora-chefe do portal RIC.com.br. Formada pela PUC-PR, tem pós-graduação em Jornalismo Digital e cursos voltados à gestão e liderança. Trabalha com jornalismo hard news desde 2016. Atualmente se dedica a matérias das editorias de Segurança, Política, Cultura, Serviços e cobertura de casos de repercussão.