Leonardo Meirelles, o laranja do doleiro Alberto Youssef no Labogen, prestou depoimento na Polícia Federal, em Curitiba, nesta terça-feira (21) e reforçou as suspeitas de que o ex-presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), morto em março deste ano, teria recebido propina do esquema corrupção da Petrobras. Meirelles apontou também suposto envolvimento de Youssef com outro político do PSDB de Londrina, na região Norte do Paraná.

O laranja não citou nomes de nenhum político paranaense, mas o jornal Gazeta do Povo afirma ter ouvido fontes ligadas ao processo que apontam que o político em questão seria o senador Alvaro Dias (PSDB). De acordo com o jornal paranaense, o senador admitiu conhecer o doleiro, mas nega qualquer relação mais próxima. “A família dele (de Youssef) é conhecida em Londrina, todos conhecem ele. Eu conheço. Mas isso não tem nenhum significado”, disse Alvaro Dias à Gazeta do Povo.

Ao ser questionado sobre o trecho da delação premiada vazado pela imprensa que cita o envolvimento do ex-presidente do PSDB, em audiência na 13.ª Vara Criminal Federal em Curitiba (PR), Leonardo Meireles apontou o suposto envolvimento do doleiro com outro tucano “padrinho político do passado” e “conterrâneo” de Youssef, que é de Londrina. Alvaro Dias não nasceu na cidade, mas iniciou sua carreira política como vereador lá e mantém seu local de voto em Londrina até hoje.

Ao ser questionado pela defesa sobre o envolvimento de outros partidos com o doleiro, Meirelles apontou o PSDB.”Em uma das ocasiões eu estava na sala (de Youssef), teve um contato telefônico do Alberto Youssef do qual surgiu o nome (de Sérgio Guerra). Faltava um ajuste, alguém estava não reclamando, estava atribuindo alguma coisa que não estava acontecendo, que não estava caminhando em virtude do que tinha uma coisa do passado que estava parada. Aí surgiu o nome (de Guerra)” (sic), afirmou o laranja.

O nome do ex-presidente nacional do PSDB foi citado pela primeira vez pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, em sua delação premiada. Ele afirmou que foi procurado pelo senador tucano em 2009 e foi extorquido em R$ 10 milhões. Em troca, ele atuaria para abafar a CPI da Petrobras, aberta em junho daquele ano.

Guerra ocupava uma das três cadeiras da oposição, na comissão composta por 11. Presidida pelo senador Romero Jucá, a comissão apurava entre outras irregularidades as supostas fraudes na obra da Abreu e Lima.

Segundo o delator, o dinheiro foi efetivamente pago em 2010 pela construtora Queiroz Galvão – contratada da Petrobras – para um emissário do grupo. Tanto a empresa como o PSDB negam o esquema.

‘Muito maior’

Ao ser indagado se Alberto Youssef trabalhava para outros partidos políticos, além do PT, PMDB e PP, Meirelles declarou: “Sim, acredito eu que o PSDB e, eventualmente, algum padrinho político do passado e provável conterrâneo da região do senhor Alberto (Youssef)”, declarou.

Meirelles disse ainda que Youssef é o “malfeitor, o mentor da organização criminosa”. “As pessoas o procuravam para ele criar de alguma maneira os meios e os caminhos”, afirmou. “O que está mensurado nos contratos é o que é crível, o que é perceptível, na verdade o volume de movimentação em espécie de outras moedas sempre foi muito maior que isso”, continuou o laranja.

Ao final, ele revelou ainda o “fluxo de políticos” no escritório de Youssef em São Paulo, localizado à Avenida São Gabriel, no Itaim. Indagado sobre qual era o nível de influência e poder político de Youssef no governo federal, ele declarou. “Tinha um fluxo grande de políticos do PP, ele (Youssef) mesmo dizia que na ocasião o partido tinha uma grande soma, uma grande quantia em aberto com ele, acho que saldo de financiamento de campanha de 2010.”

Defesa

O advogado de Youssef, Antonio Figueiredo Basto, repudiou as afirmações e disse que Meirelles vai ter que provar o que diz em relação ao suposto elo do doleiro com o PSDB. O partido nega as acusações.