
O parecer dos peritos é de que a queda de Tatiane Spitzner foi um desequilíbrio involuntário ou abandono de corpo inerte; o documento afirma que não é possível reproduzir com 100% de veracidade a queda da vítima
O Laudo Pericial da Polícia Científica do Paraná sobre a reprodução da morte de Tatiane Spitzner, de 29 anos, anexado ao processo do Ministério Público do estado nesta quinta-feira (30), contesta a versão dada pelo marido da advogada sobre a forma como ela caiu da sacada do apartamento do casal em Guarapuava, no oeste do Paraná.
Em depoimento, Luís Felipe Manvailer, de 32 anos, teria informado à polícia que a esposa correu em direção a sacada chorando muito, que ele tentou alcançá-la, mas não teve tempo, percebeu que ela já estava pendurada e que ela se jogou. No entanto, para a perícia, a altura da mureta da sacada impossibilita a passagem para o lado externo de maneira ágil.

Queda de Tatiane Spitzner
Sobre a queda, o parecer dos peritos é de que tenha sido um desequilíbrio involuntário (queda acidental) ou abandono de corpo inerte, sem qualquer tipo de impulso.

Ainda conforme o documento, “na borda superior da sacada, na região externa, havia a presença de pequenas ranhuras de cor vermelha, semelhantes àquelas de esmalte de unha e compatíveis com a cor de esmalte do cadáver, além de outras marcas de atrito por fricção e/ou arrastamento, na localização informada como sendo o local da queda da vítima (tanto na borda superior, quanto na face externa do vidro). Estas ranhuras são compatíveis com a passagem da parte superior da unha sobre a borda”.
Para finalizar, os peritos destacam que o laudo de necropsia poderá esclarecer qual das duas hipóteses – queda acidental ou abandono de corpo inerte – é verídica, já que este deverá “atestar, com o devido rigor técnico-científico, o estado ou condição da vítima antes da queda”.

O documento ressalta que não é possível reproduzir com 100% de veracidade a queda da vítima real, uma vez que os bonecos usados não eram exatamente iguais a Tatiane, assim como “outras inúmeras variáveis impossíveis de simulação”.
Análise pericial no apartamento em Guarapuava
A análise pericial foi realizada no dia 28 de julho no apartamento de onde Tatiane caiu. À ocasião, a Rua Senador Pinheiro Machado, onde fica o edifício, foi isolada ainda no início da noite e todos os moradores do prédio retirados do local.
O trabalho dos agentes iniciou por volta das 19h e foi finalizado aproximadamente às 21h30. Durante esse tempo, foram realizadas três simulações da queda da vítima.
De acordo com a polícia, a análise não foi propriamente a reconstituição simulada dos fatos ocorridos por não contar com a participação de testemunhas e do principal suspeito pela morte da advogada. Mas tinha o objetivo de comparar as informações recolhidas com o depoimento de Luís Felipe e entender como a vítima caiu da sacada em queda livre de uma altura de 22 metros.
Luis Felipe Manvailer
O principal suspeito do crime é Manvailer preso preventivamente desde o dia 22 de julho. Ele nega à polícia que tenha jogado a esposa da sacada.
No dia 8 de agosto, a Justiça aceitou a denúncia oferecida pelo Ministério Público (MP-PR) contra o marido da jovem. Segundo o documento, Manvailer vai responder por homicídio qualificado com quatro agravantes, fraude processual e cárcere privado.
Relembre o caso
Tatiane Spitzner morreu após cair do quarto andar do prédio na madrugada do dia 22 de julho. O casal teria discutido em uma casa noturna, situação que se agravou com a chegada de ambos no apartamento e culminou na morte de jovem advogada.
Câmeras de segurança do prédio flagraram inúmeras agressões de Luís contra Tatiane, desde a chegada de ambos na frente do edifício, assim como o jovem carregando a esposa morta de volta ao apartamento e limpando o sangue do elevador. Todas foram anexadas ao processo de acusação do MP-PR.
A advogada apresentava um ferimento no osso hioide, segundo laudo do Ministério Público (MP-PR). De acordo com peritos de criminalística, o ferimento é típico quando ocorre asfixia ou estrangulamento. O osso hioide fica na parte anterior ao pescoço, um pouco abaixo da mandíbula e à frente da porção cervical da coluna vertebral e lesões causadas nessa parte são comuns em enforcamento, estrangulamento e esganadura.
