Londrina - A mãe de Kelvin Willian Vieira dos Santos, de 16 anos, um dos jovens mortos durante um confronto com a Polícia Militar do Paraná (PMPR) em Londrina, no Norte do Paraná, protestou pela quantidade de tiros que os agentes dispararam contra o adolescente. Além dele, Wender Natan da Costa Bento, de 20, também morreu durante o confronto. Manifestantes bloquearam mais de 20 pontos da cidade como protesto pelas mortes da dupla.

Um vídeo com o relato da mãe de Kelvin durante a manifestação tem circulado nas redes sociais. A mulher diz que o filho estava jantando com ela em um aniversário 20 minutos antes de morrer.
“Vocês governadores, o prefeito que entrou em Londrina, faça alguma coisa. Pede uma câmera para esses policiais, para que eles não matem outras pessoas, para que eles não agridam, não judiem desses jovens. Hein, gente, por que fez isso? Simplesmente, não tem uma explicação, não consigo entender. Por que sábado, 22h15 da noite, meu filho jantou em um aniversário comigo, passou 20 minutos e faleceu? Coisas de minutos, estavam esperando eles, mas pegaram as pessoas erradas, enganaram-se com esses meninos”, iniciou.
Além disso, a mãe também protestou pela quantidade de tiros que o filho levou.
“Por que tanto tiro que eles levaram? Tanto, tanto, que a gente não conseguia entrar dentro do IML para ver, pela execução, tiro à queima-roupa. Onde um confronto em que um policial chega perto e dá tanto tiro assim? Tiro de fuzil, que isso? Para que isso? Hein, só um tiro mata, um tiro que você dá na cabeça, mata. Não precisava disso”, complementou.
Veja o momento em que a mãe protesta pelos jovens mortos:
A confusão começou no último sábado (15), quando os jovens foram baleados durante um confronto com agentes do Batalhão de Choque. Segundo a PM, Kelvin e Wender estavam em um carro que era usado em furtos e roubos. Duas armas foram apresentadas que estariam com os jovens que morreram em confronto.
Após as mortes, os moradores da região teriam se revoltado e atacaram agentes, bombeiros e imprensa. Parte das testemunhas foram até a Avenida Brasília e invadiram um ônibus de turismo. Os suspeitos teriam ameaçado o motorista e passageiros, que saíram do veículo. A polícia chegou logo em seguida e conteve o ataque.
Os jovens mortos foram sepultados na manhã desta segunda-feira (17), no cemitério Jardim da Saudade.
Quem eram os jovens?
Kelvin era estudante e segundo familiares, trabalhava em um lava car na cidade. Segundo o portal TN Online, ele estava em uma festa de aniversário junto com Wender antes do confronto acontecer.

De acordo com informações apuradas pela RICtv, Wender era proprietário do lava rápido e os dois eram amigos.
Prisões e ônibus incendiados: entenda a confusão em Londrina após jovens mortos em confronto
Conforme a RICtv Londrina, as secretarias de educação, saúde, segurança do município, e as companhias de trânsito e urbanização estiveram reunidas com o prefeito Tiago Amaral para decidir o que seria feito. Viaturas de unidades especializadas da PM foram deslocadas de Curitiba até Londrina para dar apoio ao policiamento local.
A primeira decisão foi retomar a circulação dos ônibus. Em nota, a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização de Londrina (CMTU) informou que serviço foi retomado às 6h da manhã desta terça-feira (18), conforme acordado com as empresas concessionárias.
Outra orientação é que as aulas também fossem mantidas nesta terça-feira (18).

Prisões e possível participação do crime organizado: o que disse o secretário de segurança do Paraná
Ainda na manhã desta terça (18), o secretário de Segurança Pública do Paraná, Hudson Leôncio Teixeira, embarcou para a cidade para averiguar a situação.

Em entrevista ao RIC Notícias Manhã, realizada no aeroporto do Bacacheri antes da viagem, Hudson afirmou que há a possibilidade de envolvimento do crime organizado nas manifestações que acabaram paralisando o transporte.
Além disso, conforme o secretário, ao menos quatro pessoas com antecedentes criminais foram presas durante as manifestações. No entanto, garantiu que outras já foram identificadas pelas forças de segurança.
“Faremos uma força-tarefa para pacificar a região e garantir o funcionamento dos serviços públicos, como as escolas, transporte e limpeza urbana. Vamos conversar com moradores também para escutar suas demandas e faremos ainda uma reunião com prefeitos de Londrina e região, com o Ministério Público e com a tropa envolvida na operação para que ao longo dos dias a gente tenha uma resposta para essa situação”, afirmou Hudson Leôncio Teixeira.
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